PSCR1129 1596. Carta de Diogo Horta, mercador, para o seu irmão, Fernão da Horta, mercador, tratante e banqueiro. Author(s)
Diogo da Horta
Addressee(s)
Fernão da Horta
Summary
O autor dá instruções relativamente à confissão que o destinatário deve apresentar na mesa do Santo Ofício e aos códigos que deve seguir para comunicar com ele.
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snor Irmão meu da minha alma e do meu Coracom
ho portador deste foi meu Conpanheiro neste carse
re o qual por me fazer m pela muita amizade q toma
mos neste trabalho me pormeteo com fe de ju
ramto do q pasamos e vos avizar e Recebendo este
vos venhais acuzar de como me eu descubri a
vos aConselhandovos q foses judeu como eu era
e que vos me Respondestes que não fose parvo
e não crese em busõis e não vos falase mais niso e
direis mais q vos dixe q o dro q me daveis pa ir dizer
mizas ao Carmo por meu pai o não dava porque
me parecia que não aporveitavão misas pela sua
alma e tendo detremi nado de dizerdes isto o tire
direis ao portador porque ese tem hũ serto
serto sinal de darme pa q eu conheça qua como
vos tem dado este escrito posto que vai em
panos e o sinal ele volo dira e tãobem
direis como Isto pasamos entre mĩ e vos no
tereyro do paso como na verdade
he e pergumtandovos os Inquizidores
em q tenpo pasamos isto Direis
quinze ou vinte dias antes que me
prendesem e se vos perguntarẽ em que
dia direis q em terca feira e se perguntarẽ
se pasastes mais algũa couza comigo dire
is que não aInda q vos digão q eles o sabem
p minhas Conficõis sempre estareis firme
dizendo q não sabeis mais pq dizendo mais
e eu não me confirmar Comvosquo padece
rei queimado por onde vos seja por
avizo e se vos perguntarem porq vos viestes
acuzar ou porq não no fizestes mais
sedo direis que esperaveis q suas Ms vos mandasem chamar pa ver se mas
vendo que não vos mandavão chamar vos vinheis acuzar guardando
sempre de dizer que eu vos mandei Recado nem escrito por via
de nimguem pq Isto e milagre oferecerse portador e buscar modo
pa vos escrever e tãobem direis que voso cõfecor volo aconselhou q
Me vieses acuzar do que vos avia dito dando pro Conta ao cõfesor p
q se lho perguntarem mandandoo chamar diga que sim vos mãodou
e querendo vos q venha Comvosquo vinde perguntarme eis q se eu vos
não quero acuzar q nẽ vos de mĩ a Isto vos digo q e nesesario pa eu ter
vida pq quem me a mi acuzou q foi hũ mansebo que veo Comigo de Italia
q foi quem me emprestou o dro a quem eu dei nesta cidade os calcões de
pano q eu trouxe de Caminho pq eu lhe descubri Isto q digo nestes panos
e Como dixe hũa Couza deria de vos e per não ser prova bastante
vos não prendẽ esperando q eu vos acuze da culpa q eu tenho ẽ me
descubri a vos ẽ não me virdes acuzar e antes eu quero padecer mil mortes
que vervos preso hũa ora nesta prizam e ja não sinto tanto a minha
prizam Como algũs de Italia e de aunstradama pq quem a mi fes mal tãobẽ ela fara
agora estai mto atento no q vos quero dizer e he q se vos me viestes ja acuzar e dito Isto q
vos digo atras pa sinal aveis de me mandar hũa camiza de festo sẽ biquos e sem
sinal nenhũ q querera dizer como aveis vindo a meza ja acuzarme e dito somtes como
me eu descubri a vos e se dixestes o das mizas poreis sinal na Camiza q me mandardes
e o sinal seja o q se poem ẽ caza tirando hũ pontinho q tẽ no meio do sinal e se
dixestes dixestes da conparacão q vos dei de abram poreis no sinal da Camiza
o pontinho de modo q se dixestes das misas poreis o q vos digo e senão não e se
dixestes a conparacão de abrão poreis pontinho e senão não e p aqui vos
podeis governar de modo q não fareis ao mandar da camiza o q aveis de por
e se dixestes anbas as couzas ponde anbos os sinaes e se dixestes hũa couza
poreis o sinal do q dixestes e se no tenpo q vos derem esta não tiverdes
vindo acuzarme o fazei em Recebendo esta da maneira q no principio digo
e ẽtão pa sinal me mandai hũa das vosas camizas de biquos q não traga
sinal e desta maneira cõ hũa destas camisas qual me mandardes
saberey o q la pasa e se vos não vos estreveis a trazela a dareis a simão
luis o alfaiate ou ao barbeiro q sangra ẽ caza que cuido são familiares pa que
dem a antonio Luis alcaide desta caza pa que ma dem dizendo que
averei mister mandaime cõ elles du Algũa Couza q coma q paso mta fome
folgara se vos paresese p vosa via ou de emrique Alveres barandão e de Algũ
amigo mais falasem com Lopo soares d alvergaria que he ho tudo desta caza
pa que falẽ a bertolameu da fonsaqua q e o emquizidor q corre comigo e e o que
me a de sentenciar e tanbẽ alguem q fale ao seu Irmão diogo da fonsequa
pa q lhe fale sobre mi não vos emcarece ysto cõ palavras pois sei q como bõ
Irmão fareis o posible ao portador dai Credito q cõ juramto lhe descu
bri Isto ao qual direis q emtencão q tendes do q me aveis de dizer na
camiza porq eu e elle temos tratado outro sinal q me a de dar la de fora
e em hũ pente e do dia q elle Isto vos der a 15 ds quinze dias vos dou
de tenpo e dentro neles me mandai a camiza cõ os sinais do q se ha
feito e nũca vos saia da boqua nẽ a viva alma q taes avizos vos
mandei aInda q vos a vida custe e o mesmo a mĩ e ao portador
e se ca morer p algũa via fiquai Com todos de Caza ẽ
q da morte he certeza q a de vir mas não ver alguẽ de
de caza Isto me da pena não tenho q vos ẽcomendar minha mai
e Irmãos ao portador dareis mil rs que me dexou qua e
e hũa pesa de chamalote de agoas pardo ads minha alma
alenbrovos q se morer as esmolas q aveis de fazer aInda q seja tarde
as marquei q vão no 2o pano fazei isto q he selo .
voso irmão d alma
diogo d orta
se antes Receberdes este tiverdes ja
vindo me acuzar e dito mais algũa couza do
que digo aqui na camiza q mandardes ẽ hũa das pontas
ma Cortareis hũ pouco cõ a tezoura q eu me entẽderei qua
sem vos fazer Mal quãodo se fizer auto da fe os outo
dias antes q se apergoa nas Igrejas me mandareis
hũas siroulas q sera sinal q se fas auto pa eu estar
adevertido e alerta pa quando me chamarem
cõ a camiza me mandei algũs escarpis e meias de Linho
e hũs capatos principalmte se ser puder couzas de comer
q ja digo morer de fome e folgara que se for tenpo hũ par
de alqueires de castanhas piladas adeos
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