PSCR1220
1567. Carta de Francisco Dias Mendes para Diogo Mendes Peixoto, seu sobrinho.
Autor(es)
Francisco Dias Mendes
Destinatario(s)
Diogo Mendes Peixoto
Resumen
O autor queixa-se do comportamento de Heitor Mendes, seu filho.
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Ao muyto magco snor o snor
dioguo mendez peyxoto
em lxa
o snor meu sobrynho
sor sobrinho
mynha molher me deu cõta das merces he boas obras q de
pois q sahi desa cidade Recebeu de vm e da sora brytiz
lopez noso sor prymyta lhe dar muyta paz e saude e
filhos de bemcão pa fazerẽ seu sãto servico e aos q lhe
bem querẽ e me chege a tempo pa servir estas cõ as mais
q devo a vm e a sora brytiz llopez
quanto a deferenca do sor voso pay cõ vm ao tpo q chegey a esta
villa me diserã a sra vosa avoo e tios se maravylha
vão muito de mÿ p o não comcertar e eu lhe dise q nã
sabia deso não o quyserão crer de modo q so estava
nesta villa tão pubryco e notorio como ẽ esta cidade
e eu sẽ cullpa pq bem sabe vm quanto trabalhos po
is como citar ds sabe por quem ficou e pdoa quẽ tever
a cullpa pq eu não pode mais espero ẽ ds se fora
tudo bem pa se fazer seu santo servico
o sor seu pay meu Irmão me espeveu dizendo q mynha molher
tomara o moço a eytor mẽdiz tẽdo lho asoldadado desd o mes de
Janro e outras cousas queyxando se dello dizendo q a sua par
tida bradara cõ elle e o Imjuryara eu lhe respondi o q
me pareceu e pasava na vdade e como tenho a vm na
vomtade como filho e he Rezão p lho devermos eu e minha
molher lhe darey conta do q passa pa saber como tudo he
pelo comtrario do q diz meu filho pq seu fundamto foy
v se podia herdar toda minha fazda ẽ vida he fimgir q
se qria ir p ese mũdo e fez cartas pa vm e outras pas
ẽ q dizia ãtre outras cousas q no vall de Josafa
se acharião he q não avia de ir a lxa pois o casaram
elle esta pesemte e q lhe avia de dar o q perdia e isto a
fim q eu ficaria menos cabado de minha homra e pa
llavra do q tinha asẽtado cõ o sor meu irmã nã olhãdo elle
a merce q lhe ds niso fez tudo a fim de me llevar minha fazda
pa sy p qlqr modo q podese p o tirar daqelle preposito he
cõtumacia asẽtamos lhe ẽprestase o moco pa mãdar a bizcaia
como mãdou Recadar a ẽprega q la tinha fco he não pa
o tirar de mÿ pois ds seja louvado tenho neçesidade delle he
doutro e agora pos ẽ pee de vdade q eu lho asoldadara e
me pagara a soldada delle nas cõtas q fizemos ds
jurado fallso testemunho e de maa gẽte pq se eu tal
pmetera eu o cumpryra e minha molher o mesmo ainda q
Relevara toda minha fazda e a vdade he q elle não a
via tãto polo moco como tinha aReçeo q me daria cõta
do q Recado ẽ bizcaia de minha fazda e se ficou devẽdo pq
elle o tinha avysado q nã viese p esta villa nẽ me mostrase
is Roles e papeis q trouxes segũdo o moco declarou p
juramto q lhe foi dado e p eu estar imcerto do q lhe elle tinha
dito dise a minha molher ao tempo q de lla vim q tãto q
o moco viese de bizcaia se nã viese p esta villa mo mãdase
logo p ter delle necesidade e sua may quãdo me aquy viu
dise q lhe dese cõta de seu filho e fazia gritos e cousas q
não levavã mo e eu me queyxey qua mto cõ minha molher p nã
fazer o q lhe eu dise e mãdar o moco logo como chegou a esa
cidade e nã qallarse ate o tpo de sua vinda e meu filho
ẽ vez de a omRar e animar e fazer mimos como os filhos
de bemcã são obrigados fazer a afrontou dizendo lhe maas
pallavras de modo que sayu de sua casa como ds sabe
chorãdo pelo caminho e gemẽdo delle e prouvera ds q lhe
disera ella o q elle merecia e a lleixou vir sẽ a querer
acompanhar e não fora mto vir cõ ela hũa ou duas jorna
das e asi o cuidavã nesta villa dizẽdo ẽ cõtrairo da vda
de q eu lhe asoldadara o moco e q elle q o vistira e qalca
ra e q bem paga vinha a soldada e ella vẽdose asi a
gastada delle e q tudo era mïtyra lhe mãdou o pelote he
botas q elle tinha dado ao moco do chafaris d aRoios p
eitor mẽdiz meu sobrinho q lho tornou a casa q tudo vallia
qaisy nada e eu pagey a soldada p elle de quatro meses
q o provio e aimda q lho ella lla deixara o q ela nã podia
fazer elle se ouvera nesa ira de vir pq nã quere morar ẽ
lxa p nhũ presoo nẽ sua may tal ouvera de cõsimtir de modo
q todo seu negocio hera pq o moco nã viese dar cõta como
deu do q pasava ẽ bizcaia como diguo de modo q ele cõ
tra minha vontade husurpou de minha fazemda
dous mill he cẽto he qorẽta he hũ cruzados como vm vera
pello Rol da cõta he apõtamtos do q tẽ ẽ sy e mao Recado q fez
q com esta vay q pasa na vdade e outro destes heu
mãdo ao sr meu irmão pq dizia elle eitor mẽdez a todos he
a giomar diaz sua molher q eu q lhe dera hũas dividas per
didas e vm p quẽ he ma fara dar copia desta e do
mesmo Rol de cõta he apõtamtos a ella giomar dias
minha sobrinha e aos sores carllos fco e mel mẽdez
e as soras suas molheres pa q saibão o q passa
pq terão pa sy q nã llevou nada de minha fazda
pois pãte todos no meu Rosto e de minha molher dise
ao sor meu irmão q lhe dese cem cruzados pa ir pagar as
joias vdadeamte aqela ora fiqey atonito e Rogey
a ds me dese paciẽcia pa lhe nã Rogar asi pragas
e fallar mal e ds sabe o trabalho q Receby quãdo
lho ouvy e ẽ acabar cõmygo me callar e se vm
me denegar esta mce de fazer sabedores a isto os
sores he snoras do Rol q digo q cõ esta vay pesarmea
diso pq me dara trabalho ais p v a cada hũ o mes
mo e lhe dyrey a vdade do q determinava faz cõ meu
filho hera lhe dotar mill cruzados p casar onde
casou e ẽtregallos pamte o sor meu irmão he vosas
merces ẽ bõa moeda e elle cõtra minha võtade
de poder osoluto p dollo e ẽgano cuidãdo q ho nã
avia eu de saber nẽ ẽtender tomou dous mill he cẽto
e quorẽta e hũ cruzados como diguo segdo consta
da cõta de q lhe trouxerã ẽ ficãdo devẽdo ẽ bizcaia he
outras partes ẽ q se interesão mais de seiscẽtos
cruzados no ẽpego q se fez pa mÿ estãdo ẽ minha
casa e espevyame de lla p mtas vezes q me nã
ficava lla somte quarẽta ou RiiM mil rs e asi o afir
mava no depoimto e juramto q fazia e vm ma
ndara lhe dizer q me ẽtrege o meu e page e nã
queria q eu e minha molher e fos sẽpre gema
mos delle pq eu nã lhe promety nhũa cousa
ẽ dote pq se lha pometera ou dera de minha lli
vre võtade ainda q Rellevara quãto podia s
eu podia sofrer nũqa niso fallara nẽ dera Ra
mas tomallo elle cõtra minha võtade
parese q he obrigado a Restituirme
o meu e pagarmo como digo e nã dar azo pa
e mãdar e av meu p justa e tirar estromtos
e carta d escumunhã pa se sabr a vdade de tudo
pq tenho pa mÿ q he mto mais alem do q sey e fara
bem e o q ds mãda e ds ẽcaRegua sua comsiẽcia
ds seja cõ todos e nos de Remedio pa fazemos seu sãto s
vico ẽviolhe a minha bemcã e a de ds pimamte ẽco
mẽdo me ẽ merce da sora brytiz llopiz e minha molher o mes
mo mill cõtos de vezes e nos farã merce beijar as
mãos p nos aos sores seu pay e mai e irmãos de trãcoso
a 27 de mayo de 1567
tio e svidor de vm
frco diaz
mẽdez
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