Aires Gabriel Aflalo, preso, escreve ao pai demonstrando arrependimento e pedindo nova oportunidade.
Meu Pai e Snr
Hoge, que depois do infelis dia da minha recluzão
nesta
triste habitação, he a vês segunda, que gozei o
prazer de
beijar a mão de minha Cara Mai; julgo deve ser
este, o
que Ponha termo a meos males: Vmce magoado
de minhas
leviandades me pertende Corregir, eu reçebo toda
a coreção co
mo menor ao merito de meos erros; estes
cometudos por
minha porbidade me conduzirão a este
triste istado
Vmce tenha comizaração
do mesmo, eu lho supe
lico, e o effeito da minha devida
obbediencia, (que
inqueluza remeto) o haja de comover a
este fim; pois
em nada desmintirei no fecturo as firmes
portestaçois
de reforma de vida, que ha poucas oras
affirmei a
minha Mai, e posto que ella, cansada de
inco
brir minhas faltas não queira por mim orár seja
Vmce quem mesmo lhe Conseda esta graça
que
eu alcançe o bem que he proprio para mim da sua
mão
o que espera quem he seu filho.
Aires Gabriel Afflalo