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1711. Carta de Manuel Mendes Cunha, homem de negócios, para o seu tio, Manuel Mendes Monforte, médico.
Author(s)
Manuel Mendes Cunha
Addressee(s)
Manuel Mendes Monforte
Summary
O autor notifica o seu tio sobre o decorrer dos seus negócios, queixa-se da carestia de trigo e de azeite, que está a afectar todo o reino, e das revoltas que têm ocorrido no Brasil, dificultando o comércio. Dá ainda notícias de que decidiu, juntamente com a sua mãe, apresentar-se à Inquisição para evitar ser preso, dadas as recentes prisões de que falra noutra carta, e avisa-o, ainda, da morte na miséria de um seu tio, Pedro da Cunha de Oliveira, que estava preso. Também o notifica do atraso da frota em que enviava a carta que, devendo partir em março, ainda não partira em maio, devido às revoltas no Brasil.
lhe pedir conta do mal que neste mundo obrou, e com o seu Falesi
mento acabarão todas as minhaz demandas e esperansas que
podia ter de poder cobrar do defuntto parte do que me era
devedor pois não deixou de que se saiba, mais que papeis
e estez embrulhadoz, cujos the qui não paresem pelloz su
mirem oz prezoz da cadeia aonde estava, entendendo que da
li lhe poderia vir alguma coiza thenho feito bastantes dilig
ensias e continuas por que paresão os ditoz papeis que o defun
tto so, declarou a ora de sua morte que erão d enportansia q
pertensião as contaz que thinha comigo, e mandando ja o car
sereiro deitar todoz oz prezoz a caza fortte e estando nella tres
dias não ha nenhum que diga sabe de tais papeis mas so dizem
que quando adoeseo o do defunto ali oz thinha mas que delles -
não sabem emtento mandar ler aoz prezoz huma cartta
de excumunhão por ver se algum declara alguma coiza
que como virem que os tais papeis lhe não tem serventia, e du
vido eu que a mim ma posão ter maz quizera que ao menos
pereserão pa me dezenguanar e sem embargo que ja o estou
que dali não hei de ver coiza alguma e não ha outro remedio
mais que confortar com a vontade de Ds de que asim o premite
Nesta mesma Frotta que o mesmo sro leve a sal
vamto carreguei mais por conta de Vmce em os Navio J M J e a
llagoaz do mtre Antonio doz Reis hum pacotte com seis pesas
de panoz de Alcais azuis verdes e cores novas que forão oz que
me mandou Cna Mendez que enportarão como consta
de sua carregam postoz a bordo 133 U 323 r.
Em pro do prezente mes de Mayo chegou a esta corte o Pataixo
que desa veio de Lisensa, e nelle Resebi a d Vmce de 4 de fevro
com aquele gosto que me premitem novas de quem
tanto amo e muito mais quande por meio destas thenho
a serteza de que Vmce e toda a caza de noso Thio e Sro logrão
a saude que lhe sei dezejar e pesso a Dz lha conserve por lar
goz e felises annos ainda que me acompanha o sintimto
de dizerme Vmce o muito que esta acabado o do noso Thio, Ds por
qem he se lenbre de qem pouco lhe merese e lhe aumete a elle e a Vmce
a vida pa nosso amparo, eu meu Tio e sro e ma May e Irmans