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Maarten Janssen, 2014-

CARDS3530

1680. Carta de Pinheiro de Pazo para Manuel da Silva Pereira.

Autor(es) Pinheiro de Pazo
Destinatario(s) Manuel da Silva Pereira            
Desde España, Madrid
Para Portugal, Lisboa
Contexto

Manuel da Silva Pereira, que viria a ser sogro de Francisco de Melo e Castro, nasceu no Cadaval, freguesia de Nossa Senhora da Conceição, onde foi batizado. Era filho de João Gomes da Silva, mercador de panos que andava pelas feiras, e neto de jornaleiros. O pai tinha nascido em S. Miguel de Genezes, termo de Barcelos, fruto da união de Francisco Alvares, criado, e Maria Gomes, caseira do abade da freguesia, que era oriundo do Cadaval e a tinha daí trazido para que ela continuasse ao seu serviço. Ainda moço, João decidiu tentar a sorte na terra da mãe, onde veio a distinguir-se pela sua participação na administração municipal e na irmandade do Santíssimo Sacramento. A sua vida de feirante permitiu-lhe conhecer a mulher, Isabel, nascida no Bombarral, termo da vila de Óbidos. Dos dois filhos do casal, um, também de nome João, permaneceu na terra, mas o outro, Manuel da Silva Pereira, foi para Lisboa ainda adolescente. Terá sido aí que se tornou protegido do magistrado Duarte Ribeiro de Macedo. Sabia ler e escrever e mostrava-se “capaz de poder ser encarregado de negócios de importância e engenho”, embora não tivesse qualquer grau académico. Seria assim o seu fiel secretário, acompanhando-o nas suas missões diplomáticas em Paris (1668-76), Madrid (1677-79) e Turim (1680). Após a morte do diplomata, de quem foi herdeiro, seria nomeado Guarda-mor do Consulado da Casa da Índia. Cerca de 1685, quando residia na casa da Rua Formosa, freguesia das Mercês, casou com uma vizinha, Michaella Antónia da Silva, muito mais jovem e descendente de funcionários públicos em Portugal e em Espanha. Em 1693, requereu ao Tribunal do Santo Ofício que se fizessem diligências sobre a sua “limpeza de sangue e geração”, bom como da de sua mulher, pois queria candidatar-se ao cargo de Familiar do Santo Oficio. Neste processo de habilitações diz-se que o casal não tinha filhos. Assim, só depois disso terão tido uma menina, D. Maria Joaquina Xavier da Silva. Seria esta filha a estabelecer a ligação de Manuel da Silva Pereira à família Melo e Castro: Maria Joaquina viria a casar com Francisco de Melo e Castro, filho ilegítimo de André de Melo e Castro, 4º Conde das Galveias. Da sua união nasceram depois Manuel Bernardo de Melo e Castro, 1º Visconde da Lourinhã, e Martinho de Melo e Castro, diplomata, ministro e reformador da armada portuguesa no reinado de D. Maria I.

Fontes:

Faria, Ana Maria Homem Leal de. 2005. Duarte Ribeiro de Macedo, um Diplomata Moderno (1618 – 1680). Dissertação de Doutoramento. Universidade de Lisboa.

Faria, Ana Maria Homem Leal de. 2008. Arquitectos da Paz: A Diplomacia Portuguesa de 1640 a 1815, Lisboa, Tribuna da História.

Schedel, Madalena Serrão Franco. 2010. Guerra na Europa e interesses de Portugal: as colónias e o comércio ultramarino. A acção política e diplomática de D. João de Melo e Castro, V Conde das Galveias (1792 -1814). Tese de Mestrado, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Soporte uma folha de papel dobrada.2 páginas.
Archivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Arquivos de Família
Fondo Casa dos Condes de Galveias
Referencia archivística Maço 11, Correspondência Geral, 5.2, Pinheiro de Pazo
Transcripción Alessandra Cascella
Revisión principal Rita Marquilhas
Normalización Fernanda Pratas
Anotación POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Fecha de transcipción2010

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Sr Mel da Silva Pereira

Amigo e Sr meu com grande cuidado me tem haverme falta de cartas de Vm nestes Dous Correos proximos passados estimarei me de Vm muy boas novas de Sua Saude e do sr Duarte Ribro cuyas maos beijo mtas vezes; Eu padeçi grande tormenta e não cuidei levantarme da cama mas ja noso sr foi Servido darme algua melhoria se bem a fraqueza he suma sem poderme ter em pe e o peito muito çerrado, procedido da grande sequia e ventos frigidissimos; e sobre tudo os effeitos da baixa da moeda q a todos deixou por portar e sem haver comerçio nem se cobra nem paga ninguem çerrandosse a banda com dizer q não tem mais Como o alimento he preçizo, so, se trata disto e para isto não ay cabedal bastante respeito da carestia, mas falar nisto he proçeder infinito sem haver donde recurrir senão a Deos Ja Vm sabera como ao sr Conde de Oropeza fizerão do Conçelho de Estado com outros seis q são o Inquisidor Geral; o Viçe cançilhor de Aragão q estava reformado e o Duque de Albuquerque, Marques de Mançera; o Marques de los Veles, e o Duque de Vilha hermoza estes dous ultimos hu he Vizorrey de Napoles e outro Governador de Flandes; tirouse a prezidencia a Don Juan de la Puente; e deuse ao Bispo de Avila Religiozo merçenario de quem se tem boas esperanças e dizem ser sugeito de grandes prendas isto he o q posso avizar assim de novo, e q me avize se reçebeu o poder daquelle fidalgo q Vm me mandou e tornei a remeter para q viese feito ante escrivão e procure Vm q nos vejamos nesta jornada e se reçebeo o papel do remedio da gota q lhe mandei, e me perdoe não ser mais largo q a cabeça não da lugar a mais q Rogar a Deus q gde a Vm mtos annos e o meu dezejo Md a 25 de Abril de 1680

fiel amigo e Captivo de Vm Pinheiro de Pazo

Leyenda:

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