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Maarten Janssen, 2014-

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1755. Carta de Pedro Barboza Pereira, mestre entalhador, para António Correia de Araújo Portugal, entalhador.

SummaryO autor conta ao amigo que tentou, mas não conseguiu, confirmar a notícia de que a primeira mulher deste estava morta.
Author(s) Pedro Barboza Pereira
Addressee(s) António Correia de Araújo Portugal            
From América, Brasil, Bahia
To S.l.
Context

Este processo diz respeito a António de Araújo Correia Portugal, de 52 anos, filho de Miguel de Araújo e de Ana Correia, acusado de bigamia. O réu era natural de São Miguel de Sande (Braga), onde ganhava a vida como entalhador, tendo ido depois viver em Icô, no Ceará (Brasil). A sua primeira mulher, Felipa Maria da Silva, filha de Manuel Jorge da Silva e Sebastiana da Silva, viveu com ele por cerca de seis anos e tiveram três filhos (dois filhos e uma filha). No seu depoimento, disse que o marido usou uma certidão de óbito falsa para se poder casar uma segunda vez, e que o irmão dela, Pedro Ribeiro da Silva, tentou impedir esse casamento. A 4 de outubro de 1759 o réu confessou as suas culpas. Contou que embarcara para o Brasil em 1732, instalando-se na Bahia, onde passou a comprar e vender fazendas. Durante dezassete anos recebia cartas da mulher, escritas pela mão do seu cunhado, António da Silva Portilho, às quais respondia enviando também algum dinheiro. O seu filho mais velho fora entretanto ao Brasil pedir-lhe em nome da mãe que voltasse, mas como o réu estava na altura responsável por uma obra numa igreja, não podia regressar a Portugal. Enviou então o filho de volta à terra, na companhia de um escravo, e deu-lhe instruções e procuração para a compra de uma propriedade. Depois disso, não voltou a saber dos filhos ou da mulher. Na sequência de algumas informações de que Felipa Maria estava morta, ele vestiu-se de luto e mandou dar missas pela sua alma. Decidiu então casar de novo, desta vez com Joana Rodrigues do Ó. Estas segunda mulher faleceu a 31 de Agosto de 1759, quinze dias depois de ele se ter separado dela, decisão que ele tomou por ter recebido umas cartas dizendo que a primeira mulher estar viva. Nessas cartas, é explicado de onde veio o equívoco: quem afinal tinha morrido era a mulher de um irmão dele. O réu foi preso a 14 de maio de 1761 e foram-lhe apreendidos vários papéis (entre os quais, as cartas transcritas) juntamente com outros objetos. Foi condenado a abjuração de leve, degredo para Castro Marim por 5 anos, penitências espirituais e pagamento de custas.

Support meia folha de papel não dobrada escrita no rosto e no verso.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa
Archival Reference Processo 6269
Folios 48r-v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2306316
Transcription Leonor Tavares
Main Revision Fernanda Pratas
Contextualization Leonor Tavares
Standardization Fernanda Pratas
Transcription date2015

Page 43r > 48v

[1]

Meu Sr Estimei as suas nottas que na verde

[2]
as suspirava com aquelle affecto com que sempre o venerei.

[3]

Em 21 de 9bro proxo passado me fez vme mce escrever, dan

[4]
do me novas suas, e pedindo-me a certeza do falescimto da sra
[5]
Felippa sua companhra que Ds haja, e não menos excesso
[6]
de tal dilliga o Sr Theodozio Machado, pelo mto que lhe deza,
[7]
não ha duvida que antes da partida do do Sr pa esse certão
[8]
lhe disse que havia falescido a da Sra assima, e que agora
[9]
poderia vme cazar com essa Sra por ambos ficarem bem, e
[10]
no verdadro caminho do serviço de Ds que o ulto fim pa
[11]
que Ds nos creou: e sobre esta materia digo a vme o que com
[12]
acerto pode ser.

[13]

Emqto a Justificação que vme pede nao pode ser

[14]
razão porque não nesta Bahia qm possa jurar que a
[15]
vio morta, ou morrer, por ser o cazo melindrozo, e so sim
[16]
o avizo que tive de minha caza foi que havia falescido na
[17]
quella Cide aquella mulher de horensi que tinha o mari
[18]
do neste brazil e mais outra Irman: esta a notta que so ,
[19]
e dela avizei a varios ao Itapicurû; e avizando-me Pedro
[20]
Ribro da morte da cunhada mulher do Dr me parece
[21]
que me falava na morte da Irman, e pa o poder affirmar
[22]
nao foi possivel dar com tal carta, que depois de tanto
[23]
trabalho me lembra havia mandado a hum Sr de enge
[24]
nho pa ver as novides de huma cauza sua de que trata
[25]
Pedro Ribro.

[26]

E pa o seu dezo ou serviço de Ds se nao dezani

[27]
me que hoje está a entrar a Nau da India, e pelo avizo pe
[28]
ço certidão em termos do falescimto com a brevide possi
[29]
vel, ou justificacão, e com o que vier supplicarei ao Sr
[30]
Arcebispo pa dispensar como delegado do Pontifice: isto
[31]
quando vme tenha a rezolução do meu intento; isto

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