O autor pede à sua amada para não dar confiança a uma vizinha, dando-lhe instruções de como deve agir para evitar o contacto estreito.
[1] | Não lhe ha de aceitar nada e se ella se queixar mto embora he milhor
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[2] | tella por inimiga do q por amiga e se vmce quando ella levou as meias
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[3] | e os sapatos me deixara darlhe o recado ella andara mais direita
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[4] | mas vmce quer servir a todos e ao depois em paga q fação escarne
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[5] | de nos isso não me esta bem andar em boucas do mundo sem naçe
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[6] | çidade isso não pode ser nem a palmilhadeira não va la
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[7] | mtas vezes q o q me pareçe q ella mais quer comversar do q
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[8] | emendarse olhe emquanto vmce se não acustumar a estar
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[9] | em sua caza não fas nada milhor he padeçer na sua caza
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[10] | q servir as alheias e ter por paga emgratidoens va a sua
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[11] | Missa a comfição a algua Igreja adonde haja festa venha
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[12] | ate ca e eu vou la estamos sos escuzão os vezinhos saber
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[13] | o q lhe digo nem o q lhe dou falem de fora quanto quizerem
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[14] | mas não vejão nem oução va ver as suas vezinhas quando
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[15] | estiverem doentes sirvas se lhe poder fazer algua couza
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[16] | e logo pa caza comversas nada porq mais valle ser deze-
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[17] | jada q aborrecida e fazendo vmce isto deixe o mais por ma conta
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[18] | e se for fora ha de ser com Joze ou com sua May e se vmce não poder
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[19] | fazer isto nem for do agrado de Ds então não quero q o fassa
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[20] | e pode dizer a sua vezinha q digo eu q se for a caza de sua
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[21] | madrinha e lhe asuçeder algum trabalho q ha de ter paçien
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[22] | çia q eu não lhe hei de valer e pa isso ja a avizo pa q não
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[23] | diga q não sabia q veja la o q fas digalho asim emquanto
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[24] | eu la não vou e tenha vmce a certeza q eu não hei de perdoar
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[25] | a nimguem em materia de credito não posso de Ds lhe venha
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[26] | remedio pa isso avizea da ma parte o negoçio esta na nossa
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[27] | mão pello favor de Ds quem quizer ser vilhaco ha de pagalo
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[28] | eu não fasso mal a nimguem se mo quizerem fazer hei de me
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[29] | livrar q asim o manda Ds e mto mais q Ds temme aqui pa
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[30] | defender a sua pessoa ate donde poder e o snor mo permitir
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[31] | snora agora depois q disse Missa e vmce me vio no coro me chamou o meu
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[32] | guardião todo asustado e me disse q hua mulher parda q os comfessores a não
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[33] | querião absolver por me não ter hido denunçiar por eu dizerlhe q vmce
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[34] | hera hua santa e q falava com o Menino Jezus q lhe punha e tirava
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[35] | o anel no dedo eu conteilhe a historia toda ficou mais socegado e ainda
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[36] | tenho mais q lhe contar para elle não ter susto porq ella o q quer
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[37] | he q elle me não de licença pa não hir falar com vmce como se emgana
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[38] | Disgraçada como q ella pode mais do q Ds quando o Guardião soube
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[39] | q eu ja tinha hido a emquezição e lhe mostrey o papel mas não o leo
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[40] | ficou mais socegado vmce pessa a Ds q elle me de licença q eu por isso mesmo
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[41] | quero la hir veja vmce como sabe dis q ainda não fora a emquizição e q
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[42] | os comfessores he q a obrigão diga a Thareza q se meta com ella e vmce
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[43] | comversse com a Thareza não lhe fale mais nem se me falou nem adon
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[44] | de vay nem nada senão bons dias como esta e mais nada
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