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Maarten Janssen, 2014-
Resumo | Frei António Pimentel escreve a Dona Joana de Noronha informando-a sobre uma "peça" e sobre um "homem de Cascais". Referia-se a instrumentos de feitiçaria e ao Marquês de Cascais, alvo de feitiços. |
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Autor(es) | António Pimentel |
Destinatário(s) | Joana de Noronha |
De | Portugal, Lisboa |
Para | S.l. |
Contexto | Processo relativo a Frei António Pimentel, da Ordem de Avis, natural de Évora e morador na vila de Serpa. Foi acusado por feitiçaria. Quem apresentou a denúncia contra o réu foi Dona Joana de Noronha, comendadeira do Mosteiro da Encarnação e irmã de D. Álvaro Pires de Castro, 1.º Marquês de Cascais. Segundo o relato de Dona Joana, Frei António Pimentel foi falar com ela contando-lhe que D. Bárbara Estefânia Lara, Marquesa de Cascais, o contactara por ter sabido dos seus remédios. Queria que o réu "lhe desse Remédio", que ela o usaria em seu marido, que viera de França "enfeitiçado". A marquesa queria que o marido lhe quissesse bem. De acordo com o relato de Dona Joana, transmitido pelo próprio frade, o feitiço consistia em escrever num papel certas palavras, rasgar o papel em pedaços muito pequenos e depois misturá-los na comida do Marquês. O portador deste papel foi um criado do Marquês, Fernão Furtado. O frade teria pedido outras coisas para além do papel, tais como: algo que o Marquês tivesse tocado com as mãos e um lenço de que se tivesse servido. Depois de terem sido tocados pelo Marquês, a Marquesa enviou ao frade "uns bugalhos, e uma fita amarela e negra, e uma peça de fita encarnada partida em dois pedaços" (transcrição normalizada). Com estas peças o frade havia de fazer um remédio em que o Marquês "havia de andar sempre sobressaltado e o sono que dormisse seria muito desasosegado e inquieto, e lhe pareceria que tinha sempre a marquesa ao seu lado". Além disto, a Marquesa mostrou-lhe uma trança com os cabelos do Marquês, tendo dito o réu que com os cabelos se lhe poderia fazer muito mal. A carta escrita a Dona Joana (CARDS1035) é sobre a relação entre o réu e o Marquês (o homem de Cascais). Este escrito foi entregue de imediato pela denunciante à Inquisição. A delatora também entregou ao Tribunal do Santo Oficío a carta que o réu escreveu ao Marquês sob nome falso, bem como a respetiva resposta. O réu foi ter com Dona Joana para lhe contar tudo isto porque o Marquês não deu importância aos escritos do religioso, nem quis marcar encontro com ele, assim que foi ter com a sua irmã para lhe dar conta do que se estava a passar e lhe propor um "Remédio" para que nenhum mal fosse feito contra ao seu irmão. Frei António Pimentel foi suspenso por um ano da sua ordem e teve de realizar penitências espirituais. |
Suporte | quarto de folha de papel não dobrado, escrito no rosto. |
Arquivo | Arquivo Nacional da Torre do Tombo |
Repository | Tribunal do Santo Ofício |
Fundo | Inquisição de Lisboa |
Cota arquivística | Processo 3810 |
Fólios | 8r |
Transcrição | Ana Rita Guilherme |
Revisão principal | Rita Marquilhas |
Contextualização | Ana Rita Guilherme |
Modernização | Liliana Romão Teles |
Anotação POS | Clara Pinto, Catarina Carvalheiro |
Data da transcrição | 2008 |
[1641]. Carta de Frei António Pimentel, capelão, para Dona Joana de Noronha, comendadeira do Mosteiro da Encarnação.
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