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1783. Carta de Cipriano Ribeiro Freire, encarregado de negócios, para Dom João de Almeida de Melo e Castro, diplomata

SummaryO autor fala de como vai a situação política em Londres.
Author(s) Cipriano Ribeiro Freire
Addressee(s) João de Almeida de Melo e Castro            
From Inglaterra, Londres
To S.l.
Context

João de Almeida de Melo e Castro (1756-1814), o 5º Conde das Galveias, foi um dos diplomatas portugueses que, dada a natureza pluricontinental da monarquia, tinham de usar de toda a habilidade para gerir, junto dos governos das potências que se relacionavam com o gabinete português, a “ambiguidade” resultante. Este membro da Casa Galveias (fundada no século XVII por Dinis de Melo e Castro) foi ministro de Portugal em Londres, no que sucedeu a Cipriano Ribeiro Freire, e também em Haia e Roma. Foi embaixador em Viena de Áustria e, em 1801, ministro dos Negócios Estrangeiros, cargo do qual foi demitido em 1803. Em 1812 foi para o Rio de Janeiro, tendo sido ministro da Guerra e dos Negócios Estrangeiros, e, interinamente, da Marinha e Ultramar. Foi oficial-mor da Casa Real, couteiro-mor da Casa de Bragança, conselheiro de Estado, membro do Conselho da Fazenda, presidente da Junta da Fazenda dos Arsenais do Exército, comendador de São Pedro de Alhadas, da Ordem de Cristo. Casou com D. Isabel José de Meneses, mas deste casamento "não houve geração". Em consequência disso, o 6º Conde das Galveias seria o seu irmão, Francisco (1758-1819).

Fontes:

Schedel, Madalena Serrão Franco. 2010. Guerra na Europa e interesses de Portugal: as colónias e o comércio ultramarino. A acção política e diplomática de D. João de Melo e Castro, V Conde das Galveias (1792 -1814). Tese de Mestrado, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo (http://digitarq.arquivos.pt/details?id=3910101)

Support meia folha de papel dobrada escrita no rosto e no verso dos dois fólios.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Arquivos de Família
Collection Casa dos Condes das Galveias
Archival Reference Maço 9, 3, Correspondência Geral, R-S, Ribeiro Freire
Folios [1]r-[2]v
Transcription Leonor Tavares
Main Revision Rita Marquilhas
Standardization Sandra Antunes
POS annotation Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Transcription date2010

Sentence s-2 Receando importunar a V Exa, não tenho a honra de ir mais vezes á Sua presença;
Sentence s-3 porèm temendo de faltar á attenção devida, e não corresponder á bene-volencia com que V Exa se digna favorecer-me: vou apresentar-lhe os meus respeitos, e protestar-lhe a mais fiel, e rendida obediencia.
Sentence s-4 O meu prestimo he tão inutil a V Exa, que não tem jámais occasião de servir-se delle; e por isso, sei do que devo queixar-me, e não da amizade com que V Exa me honra.
Sentence s-5 Eu dezejára escrever huma carta compridissima a V Exa, ainda que esta que esta fosse exposta a reduzir-se a menor extensão, á medida que se fizesse fastidiosa.
Sentence s-6 Mas as novidades politicas tem aclalmado depois das tormentosas tempestades que tem agitado esta Nação; e em Londres não se falla presentemente em outra cousa, senão no Ministerio novo que se espera mo-mentaneamente.
Sentence s-7 O interregno tem sido extraordinario, e ha mais de hum mez que nos achâmos sem Ministros.
Sentence s-8 O Partido de Tor triumpha, e o Duque de Portland será o Primeiro Ministro da nova Administração.
Sentence s-9 O Parlamento, dividido em facções, não se occupa prezentemente senão de projectos de Commercio universal, e de estabelecer e de estabelecer com vantagem mutua, e vin-culo amigavel, a sua Correspondencia, e tráfico com os Estados Unidos da America:
Sentence s-10 mas até a presente tudo se acha em embrião, e o tempo poderá aprefeiçoar, e dár á luz huma obra, que requer tanta ponderação.
Sentence s-11 Não pósso dár a V Exa in-formação dos Espectaculos pûblicos, porque ha tempos que os não tenho frequentado.
Sentence s-12 Sei porèm muito bem, que os divertimentos se multiplicam, e que a dissipação geral não diminue.
Sentence s-13 Não sou Censor, nem Cynico; mas dezejo ser sempre homem honrado, e calculo, todas as vezes que as paixões mo permittem, o estado das minhas minhas finanças, antes de entrar em Torneios.
Sentence s-14 O Paiz he admiravel para qm tem posses sufficientes; mas os Tantalos a Londres sam mais que os da mesma fábula.

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