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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0491

1627. Carta Gabriel Melendez de Gumiel para António Falcão da Silva, carcereiro.

ResumoO autor pede ao destinatário para o mudar de ala dentro do cárcere, porque tem sido seu amigo e lhe tem feito muitos favores, justificando o pedido com o facto de terem jurado falso na sua acusação de judaísmo, afirmando ele ser cristão.
Autor(es) Gabriel Melendez de Gumiel
Destinatário(s) António Falcão da Silva            
De Portugal, Lisboa
Para Portugal, Lisboa
Contexto

Dentro do fundo do Tribunal do Santo Ofício existem as coleções de Cadernos do Promotor das inquisições de Lisboa, Évora e Coimbra. O seu âmbito é principalmente o da recolha de acusações de heresia. A partir de tais acusações, o promotor do Santo Ofício decidia proceder ou não a mais diligências, no sentido de mover processos a alguns dos acusados. Denúncias, confissões, cartas de comissários e familiares e instrução de processos são algumas das tipologias documentais que se podem encontrar nestes Cadernos. Quanto ao crime nefando e à solicitação, são culpas que não estão normalmente referidas nestes livros.

Encabeça a carta uma anotação processual (transcrição normalizada): "Este escrito pertence a esta diligência porque o escreveu um preso ao carcereiro sobre esta matéria".

Suporte meia folha de papel não dobrada escrita no rosto.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Cadernos do Promotor, Livro 213
Fólios 324r-v, 325v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=2318038
Socio-Historical Keywords Mariana Gomes
Transcrição Mariana Gomes
Contextualização Tiago Machado de Castro
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Raïssa Gillier
Data da transcrição2017

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Ao snor anto falcão da sillva que ds gde

sou tão desgraciado que sobre meus graves trabalhos e mizerias de que cada ora pesso a ds, me livre me sobrevem outros mto, maiores e tanto que se diser a vm q nao estou em mi lhe falarei a verdade, porq pode hum testemunho falso, como he o que me levantou Joao dias d abrao, com vite nunez querendo fazerme Judeo ou mouro, sendo pella Miza divina Cristão e velho, mto conhesido nesta cidade, e dizem q quando Rezo Ave maria digo sertas palavras q eu Jamais ouvi dizer a ningem quanto mais dizellas e que quando dia de sao felipe e sao tiago comungei, no oratorio da emfermaria as dixe dipois da comunhão ë q elle as ouvio mto bem, sendo inposivel, dado caso que as disera por elle estar sempre mto longe de mi e detras como vm mto bem vera, ysto me disse este mto honrrado mançebo, mas a sua cara e obras defendem sua pouzada, não lhe pude levar os narizes nos dentes naquelle conflito q foi mto perto deste fidalgo, com quem se tem comfederado, e posto q espero despacho de soltura de dia em dia comtudo não quero q digao amenha sou somitigo. ou qualquer outro falso testo e pode ser ja os tenhão levantado, pello que pesso a vm pois me tem a sua conta por me honrrar e fazer ms q toda a vida comfesarei, queira mudarme pa os corredores, donde vm a forsa me emcheo de favores, q se ds me der vida os sirvirei e quando não, confio na virgem lhe nao falte com os seus dadolhe mta vida com perfeita saude salla fechada oje fra 10 de maio de 1627

de vm cativo Gabriel melendez de gumiel

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