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[1602-1603]. Cópia da carta de Isabel Mendes para João Nunes Baião, seu filho.
Author(s)
Isabel Mendes
Addressee(s)
João Nunes Baião
Summary
A autora tenta aconselha o filho a defender-se bem na prisão e a ter esperança numa libertação próxima.
Text: -
[1]
Oje domingo quatorze do mes me derão o vosso , vinha bem amarrado
em que dizeis q estais areçeozo perq vos fazem medos
[2]
tudo he perq
sabem q vos sabeis
[3]
querem ver se vos podem tomar em algũa
Couza
[4]
, mais vos não tendes culpas grandes q eu saiba, mais q
falardes como me tendes ditto
[5]
o q sobre isso passou não no sei mais se con-
fessardes culpas aveis de dizer com quem, e quẽ estava alli,
[7]
não vos emburilheis, e assĩ he custume.
[8]
A Mãi da chiqua tinha outras couzas q vos não tendes mais
q esta sospeita q nunca somos Cridos,
[9]
ja q comessastes dizei
o mais q eu muito desejo saber,
[10]
mas per outra parte não tenho
Coração, perq não sei o que me esCrevereis.
[11]
qua não há novi-
dade nenhũa, mas dizem q estais despachado,
[13]
per amor de Ds q vos não sinta fraco,
[14]
fazei hũ Coração
mto grande;
[15]
o Livro q vos mandei dezẽquadadernados paresseo
me q era o q me pedistes q eu não Conheço per a letra,
[16]
agora
me mandou o padre Livro
[17]
dentro nelle vai hũ esCrito seu
[18]
mandoume dizer, q a outra somana cuidou q vos soltassem.
perq fizerão meza grande de dous dias a reo, a que foi chamado
o Arcebispo pera isso,
[19]
mandaime dizer quem estava alli
quando vos chamarão, e que vos dizem
[20]
o padre po tavares
não está aqui.
[21]
mandei a dama o bulle de vinho quinta fra
[22]
tornoumo a mandar sesta fra q não podia passar
[23]
pode passar
o que ella quer
[24]
tambem tornou o dosse provida vossa q lhe mandei
dous larins,
[25]
e todos os esCritos lhe pago mto bem afora quẽ os tras
q sempre leva seu quinhão,
[26]
mas terei tudo per bem empre-
gado, porq isto não se paga com quanto ha,
[27]
mas espero em ds
q lhe avemos de pagar muito bem,
[28]
o mesmo bulle do vinho vos
mandei
vos mandei per via da snora sesta fra
[29]
mandeilhe rogar q per
ser dia de peixe c o mandasse,
[30]
roguei a mossa q viese tomar os
fartes q tinha feitos
[33]
mandeivos
hũ cento menos vinta simquo
[34]
ontem q foi sabdo mandei trinta
per outra via, e mandoume o bulle,
[35]
não sei se vollo mandou cẽ
os fartes, se ella me enganou
[36]
não vera mais couza minha.
[37]
tambem vos mandei tres mangas no mesmo dia, e sempre lhe
vão sestinhos dellas,
[39]
Os aneis diz o sapa-
teiro q os deu a hũ ourives, e que foi pa outra banda q nunca
mais veo,
[40]
o d alfandiga diz q não acha no livro tal anel,
nẽ o vosso nome, nẽ quanto deveis sobre elle, mas q vera;
[41]
tambem
vos mandei o fuzil
[42]
, e a pedra q estava no saco da monisão e mto
pequena.
[44]
não na acho nẽ a comprar,
[45]
quizera
Vos Mandar mechas
[46]
não asertou na tempera do enxofre e não sei
com que o derretem
[47]
mandaimo dizer, e falasei,
[48]
tornovos
encomendar q tenhais paçiençia mas q vos falem em Adão
E Eva.
[49]
hum menino de tres annos q sabe, mas entendei q essa
he a tosse,
[50]
não vos desconsoleis q Ds vos ha de Livrar muito
bem com a verdade,
[51]
diz o pe q não continueis com isto per q
não aja mais trabalhos, mas prazera a Ds q sera per pouco.
[52]
o esCrito vai dentro neste
[53]
a Virgem Nossa Snora vos tenha
de sua mão
[54]
a benção de Ds, e a minha vos cubra.
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