Sentence view 1722. Carta de frei António das Chagas para um Inquisidor, provavelmente António Ribeiro de Abreu. Author(s)
António das Chagas
Addressee(s)
António Ribeiro de Abreu
Summary
O autor conta ao destinatário o que tem encontrado e o que espera encontrar, de casos de pacto com o demónio, pelos sítios onde tem pregado e confessado.
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[2]
Hontem me veyo de Amarante
a de Vmce escripta em 18 deste mes ,
[3]
e hoje recebe-
ria outra q o correyo passado lhe escrevi ,
[4]
e tambem
meu
compo enviou outra ambas com mtas de
nunciaçõis destas benzedeiras , q ainda vão continu-
ando , e hiremos remetendo ,
[6]
o certo he q algũas parecem graves ,
[7]
e sempre es-
ta gente ( q por aqui he mta ) havia mister hũa
be-
nção ;
[8]
algũa gente ja disconfia de perguntarmos
demaziadamte por isto na confisão ,
[9]
e he em tal
forma q o cura desta frga perguntou
a meu
compo se traziamos nós ordem do sto offo pa
inquirir destas couzas ;
[10]
mtas pessoas não querem
dar Licença pa se denunciar porq receão algum
mal aos denunciados a quem são affectos , e ainda
asi por mais q lhes seguramos
não terem nenhum
perigo os denunciantes .
[11]
Hoje partimos deste convto por hũa via
sacra em Macieira q fica aqui vizinha , e ámanhã
poremos
outro em Pinhro q he sua annexa
[12]
e na da
fra himos principiar a missa em Margaride ,
e dahi a Pedra Maria , em hũa das
quais ptes espero
aquelle sogeito em q ja lhe falei a Vmce se o demo o deixar vir ,
[13]
mas ve-
nha ,
ou não venha , eu sempre lhe hey de fallar , porq ja deixei isso armado , ain
da q o diabo cuidou enganarme nisso ;
[14]
poderá agora dizer q estava
zombando
no q me disse , e no q comigo assentou , se he q á confissão se vem fazer semilhtes
zombarias , porq
eu lhe não sinto outra desculpa q me possa dar ; porq a de falta de
juizo q he outra q se podia conjecturar não ha pa
se adimitir porq o tal sogeito
mostra ter bastante ;
[15]
quererá Ds q o demo não faça a sua e q o q
tem tão
bom principio chegue ao dezejado fim q pertendemos .
[16]
Tambem fallei com a Ma-
rianna , mas foi mto de passagem ,
[17]
e ella algũa couza
porq nunca
quis chegasse á confissão aonde eu a queria ,
[18]
e bem lhe armei a isso , e por bom
modo ; suposto sei q ella se havia de mostrar hũa
sta ainda q eu me de-
clarasse , o q não havia de fazer ,
[19]
mas sempre por algũas palavras remotas
havia de experimentar se Ds
a movia a algũa couza ;
[20]
esta gente
destes dias pr Trás os montes , aonde assistem athe a primavera ,
[21]
por cá não falta
q fazer , mto
mais q no Crasto ,
[22]
encomendenos a Ds q nos ajude ,
[23]
elle gde
a Vmce
como pode
[24]
Cramos
24 de Novro . de 722
mto amo e S de Vmce
Fr Antonio das chagas
[25]
Meu compo se recomenda a Vmce
e eu ao sor Mel de Vascos
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