O autor conta à Inquisição que prestou testemunhos falsos aquando da sua prisão e pede clemência para aqueles que acusou. O autor critica a Inquisição portuguesa por não revelar o mesmo tipo de idoneidade que se pode encontrar em França, na justiça de Luís XIV.
Ilustrissimo snor
Como a minha conçiençia não aquieta com
a carga, que sente dos encargos em que
se vé supostos que estes não foçem
naçidos
da Vontade nem do odio, sim proçedidos
do temor da morte e falta de juizo pois Ven
doçe o meu tão atribulado,
e confuzo, ino-
çentemte condenado a morte pello crime
de judaismo, coiza que tal nunca ao
pen-
ssamto
me veio, pois a doutrina que meus
pais me ensinarão foi sempre a Lei de
Christo jhs, em cuja Vivia e meus
irmãos
como o mesmo senhor he testa da Verdade
e como a inoçençia de não ter cometido o crime
foi a cauza de
Variar tanto, por asertar
em quem me tinha feito o mal fui
dando em qtos parentes e Amos
tinha
estando os tais tão inoçentes do que lhe acu-
mulei como o mais inoçente catholico
pelo que Vendo o Risco em
que se vé minha
alma recorri logo por carta ao snor Pe-
dro de taide de Castro prezidente da
menza da
sta inquicição desdizendome
de tudo o que tinha dito na Rial verdade
pa que não fosse crime o meu
dito contra
aqueles de quem denunçiei Vejo tãobem
padeçem mtas inoçençias e como Vossa