Illustrisimo
Joze Xavier me pede que lhe escreva e lhe diga
que tudo aqui esta soçigado, mas, meu Amigo, para
isto chegar òs estado em queue está, que sustos, que
lagrimas e que disgostos nós tivemos! o Infante fogio,
como sabe, e apos delle foi hindo toda a tropa.
outro tanto fes o Rei e nós ficamos sem tropa
sem, Rei, e sem Governo: estiverão os prezos do
Castello proximos a sahir e os do Limueiro e os da
Cova da Moira com Armas para nos asaçinar
e robar. porem, o Comerçio e os goardas Naçionais
he que defenderão Lisboa ate que chegou a
tropa que, chegando aos postos que tenhão
dezamparado, deitarão fora o Comerçio e os Soldados
Naçionais com muito desprezo. emfim, meu Amigo,
ja não estamos em tempo de dar novidades
sem que corra risço e por iso não digo quanto sei e
mesmo porque ahinda não tenho cabeça apesar
de ter ja dormido duas noites huma hora
cada noite, coiza que a mto me não soçede. não sei
como não tenho morrido. tenho chorado tanto
que tenho os olhos inflamados. Diga a seu
mano Joaqm Pedro que eu reçebi a sua carta e
que lhe não respondo por falta de tempo porque
não pode fazer ideia do que vai nesta caza.
digalhe que mto lhe agradeço as notiçias que me
da do meu filho e que eu lhe tenho escripto
duas cartas e a nenhuma tenho tido
resposta. não sei a razão desta falta. eu escrevo a
todos e todos se quixão. todos dizem que me escrevem
e eu raras vezes recebo cartas dahi. tambem
escrevi a VSa em resposta a huma que Jose Xavier reçebeo
na qual dezia que a recebeçe eu tambem como minha.
não sei se a reçebeo. o serto he que eu cansome em
escrever para ahi. se falar a comadre fossa, digalhe
que ella he huma engrata em me não escrever. o
o mesmo quero que diga òs Moratas e que lhe dei
recado e a seu mano e muitos de Jose Xavier que esta muito zangado
com o emprego pello trabalho a Deos que não pode
mais. a sua
Muito e muito amiga e obrigada,
T. G. T. M.
Lxa
8 de Junho
PS mandem pila meia noite.
sempre noticias do meu filho.