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Maarten Janssen, 2014-

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1620. Carta de Rui Fernandes de Castanheda para a sua mulher, D. Catarina Faria de Alpoim

Author(s)

Rui Fernandes de Castanheda      

Addressee(s)

Catarina Faria de Alpoim                        

Summary

O autor dá instruções à sua mulher para que ela o ajude a melhorar as suas condições de vida na prisão, pois está muito doente.
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Minha molher e senhora de minha alma foi deos

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servido tocarme o seu dedo como dise david. e por
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me no mais mizeravel estado q a fortuna podia
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achegarme com ficar a esta ora metido no car
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se da enquisisão com nome de judeu sendo eu tão
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e tão zeloso da ffe como des e vos me sois boa testa
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troixeme o portador deste q he o sõr amto glz familiar
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pesoa conhesida e amigo antigo e bem o mostrou em
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fazer ofisio de pai q serto em toda a vida lhe pode
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rey pagar ainda que lhe dera des mil cruzados
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o amor e cortezia que me tratou sem me ver
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gem nẽ trazer gente de guarda cõsigo mais que
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virmos ambos dormindo em hũa cama e comẽdo
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a hũa meza tanto amor como se fora meu pai
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e se asim não fora e tivera tão pouca ventura q
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me fora buscar outra pesoa ja fora morto por o
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estado em q estou de doenca e fraqueza de dor
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mir na prizão da vila de caminha tres somanas
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caregado de feros tantos trabalhos e fraquezas,
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eu não tenho aqui mais que por os olhos no seo e
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pedir a jesu xpo e a sua bemdita mai me queirão
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dar muita pasiensia e livrar de tão grãode falco
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testemunho e restaurarme minha onra e que
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me mostre vervos antes que eu acabe esta triste vi
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da e despois faca de mỹ o que for mais seu santo ser
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vico pois foi servido q eu nasese pa pasar tão grão
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des e ynmencos trabalhos e afrõtas em q ao prezen
[28]
te me vejo q ja de mỹ não sinto tanto porque com a
[29]
cabar esta triste vida descansaria somte o que sinto

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