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Maarten Janssen, 2014-
Resumo | O autor conta ao destinatário, um superior seu, as novidades do local. |
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Autor(es) | Baltasar de Seixas Pinto |
Destinatário(s) | Gaspar Barata de Mendonça |
De | Portugal, Miranda, Rebordelo |
Para | S.l. |
Contexto | Este é o processo de Isabel Gonçalves, casada com Matias Gonçalves, natural do lugar de Nuzedo, termo da Vila de Vinhais, e aí moradora. A ré foi acusada de bigamia, presa por Manuel Cardoso de Matos a 21 de maio de 1676 e entregue ao alcaide Pedro Rodrigues, na cadeia da cidade de Miranda. Tinha casado uma primeira vez com Francisco Pires (Pinheiro de alcunha) a 24 de março de 1649, fazendo vida marital com ele. Depois ausentou-se da terra e usou justificações falsas para se casar de novo, desta vez com Matias Gonçalves, a 10 de setembro de 1668, sendo vivo o primeiro marido. Matias Gonçalves foi também preso pelo mesmo motivo. Segundo a ré, ela e Francisco Pires foram casados e ausentaram-se ambos para o Reino da Galiza, onde esse seu primeiro marido faleceu. Apresentou como prova a certidão do pároco de Espinosa, que ela encomendara a Ana Garrida, uma sua parente e amiga, moradora em Castromil, e que esta lhe mandara pelo seu filho António. A verdade, no entanto, é que a dita certidão foi feita ainda em Portugal e dada a um pároco da Galiza, que a assinou a troco de uma pataca. A ré já mantinha uma relação ilícita com o seu segundo marido e, para se livrar da infâmia deste relacionamento, orquestrou esta forma de se poder casar pela segunda vez. Contou-se entretanto que o primeiro marido apareceu pela cidade transformado em peregrino e que, pedindo agasalho, se tornou a ir embora, com medo que o segundo marido de sua mulher o matasse. De facto, como confessou a ré, o segundo marido saiu de casa nesse dia com uma espingarda na mão. Tendo Isabel Gonçalves ficado sem saber do primeiro marido durante vinte anos, os inquisidores inclinaram-se para acreditar na sua inocência. Contudo, tendo em conta a falsidade da certidão por ela encomendada, a ré foi condenada a ir ao auto da fé na forma costumada, a fazer abjuração de leve como suspeita na fé, a ser açoitada pelas ruas públicas da cidade de Coimbra e a degredo por tempo de cinco anos para o Couto de Castro Marim, sentença dada a 2 de dezembro de 1682. A ré só não foi degredada para Angola ou para o Brasil por ter dois filhos com o segundo marido e por ter alegado como razão para o segundo casamento o facto de querer sair da relação ilícita que já mantinha com Matias Gonçalves. Baltasar de Seixas Pinto (o autor da carta, arcipreste do distrito de Monforte e comissário do Santo Ofício) foi incumbido pelo provisor de Miranda Gaspar Barata de Mendonça para fazer a diligência sobre este caso de bigamia. A presente carta encontra-se solta no processo, o qual contém também alguns documentos escritos em espanhol. |
Suporte | meia folha de papel não dobrada, escrita em ambos os lados. |
Arquivo | Arquivo Nacional da Torre do Tombo |
Repository | Tribunal do Santo Ofício |
Fundo | Inquisição de Coimbra |
Cota arquivística | Processo 5245 |
Fólios | 23r-v |
Transcrição | Leonor Tavares |
Revisão principal | Catarina Carvalheiro |
Modernização | Raïssa Gillier |
Anotação POS | Clara Pinto, Catarina Carvalheiro |
Data da transcrição | 2008 |
1673. Carta de Baltasar de Seixas Pinto, arcipreste do distrito de Monforte e comissário do Santo Ofício, para [Gaspar Barata de Mendonça, provisor de Miranda].
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