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Maarten Janssen, 2014-

Sentence view

1630. Carta de Filipe Leitão para o licenciado Damião da Veiga.

SummaryO autor critica o destinatário e assume uma dívida.
Author(s) Filipe Leitão
Addressee(s) Damião da Veiga            
From São Tomé
To Portugal, Lisboa
Context

Carta que foi entregue na mesa do santo Ofício por um Gaspar Pinheiro, da autoria de Filipe Leitão, que à época cumpria degredo em São Tomé na sequência de uma sentença da Inquisição.

Esta carta carta foi guardada solta dentro dos Cadernos do Promotor, mas Filipe Leitão tinha um processo próprio, que levou à sua sentença de degredo. Pelo seu conteúdo, sabe-se que o réu era natural de Lisboa e rendeiro das terças em Beja, preso pela Inquisição de Évora entre 1618 e 1625 e pela Inquisição de Lisboa entre 1627 e 1629. Foi acusado de judaísmo e blasfémias heréticas, tendo sido denunciado pela sua mulher sobrinhas e tio. Em 1629, foi condenado a pena de excomunhão e degredo por seis anos para a Ilha do Príncipe.

Support uma folha de papel dobrada, escrita na primeira face.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa
Archival Reference Livro 214, 13º Caderno do Promotor
Folios 3r-4v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=2318039
Transcription Tiago Machado de Castro
Main Revision Raïssa Gillier
Contextualization Tiago Machado de Castro
Standardization Raïssa Gillier
POS annotation Raïssa Gillier
Transcription date2017

Text: -


[1]
Jhus ma
[2]
de thome a 4 dezbro 630 @ Sor damião da Veiga
[3]
Não quis Responder a hũa Reposta q Vm me mandou ao pe de escrito meu, nessa çidade de lxa por duas reazois, hũa perq estava nella, outra per não sser paixão,
[4]
gardei o escrito
[5]
rrespondo a elle, ssẽ paixão ccomo q estivesse nessa ssidade, assi não he comforme ao q a Vm convẽ ssenão conforme o tpo quer e as couzas do mundo dão llugar.
[6]
Comfesso pro q tudo devo nove tostõis a Vm a saber, por hũa ves tres tostois por meu fo antonio, outro por gas pinhro, dous por homẽ pardo, q he por quẽ me mandou dezer q logo direi por escrito, porq tambẽ por tall tive o Recado,
[7]
estes nove tostois faço conta o favor de nosso Sor Jhus xpo, de meu fo anto pesoallmte pagar a Vm e asi per sseu caixeiro ou, escrevente pode mandar fazer Resseita pa q essa ocazião os tenha llembranssa
[8]
Disme como cuidandosse q não tinha mais q os dous tostõis q mandava, e tratasse da minha alma,
[9]
quoanto ao dizer não tinha mais veja não sse veja estado q ainda aesses lhe faltẽ,
[10]
e sso direi q não digo Vm senão q nẽ todo mundo he, nẽ foi, nẽ a de sser, milhor cristão q eu
[11]
e mais faltarãome, e na verdade q me faltarão por ver os rõis termos de Vm q bẽ pudera escuzar de lhos pedir e asi faço cõta delles prestados e não de outro modo
[12]
Disme q trata da salvassão da minha alma
[13]
a pallavra he boa, mas sso o pẽssamẽto he cudar, q a fe de nosso sor Jhus xpo, me falta faltou e a de faltar.
[14]
/ quero sser cortezão,
[15]
digo q sse engana, e a de querer a virgẽ nossa snra e sseu sacratissimo fo, Vm tenha dezẽgano pa salvasão da ssua, e pa não sser letrado ẽganado,
[16]
Se he por cudar he milhor q eu ssera assi,
[17]
mas eu por ser seu primo cõ irmão á doze anos q padesso e fui, sou e sserei subjeito, a falsos malles, e não per sser fo de maria lleitoa, assi q não o he, q em primor cristão e bons custumes nẽ Vm nẽ todo mũdo he milhor q eu,
[18]
mas veja q não basta isto, sse ssó q ousso ainda os ssinos de portugall
[19]
tenha Vm o q dezeja amẽ amẽ,
[20]
e llẽbrolhe q as boas obras e as q são asseitas diante de ds he acudir as onrras dos proximos e enparar orfãas
[21]
e qoando estas não aja/ q ainda mal q tantas ssẽ perdẽ e sobejão, etão se podẽ faser capellas mas Vm e outros q as fazẽ são per van glorias,
[22]
oulhe q lhe avizo bons cõcelhos e o q lhe relleva, a paga ds a dara
[23]
Phillippe lleitão

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