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1745. Carta de Francisca Josefa do Evangelista, freira, para João dos Querubins, padre confessor.
Autor(es)
Francisca Josefa do Evangelista
Destinatário(s)
João dos Querubins
Resumo
A autora pede ao padre confessor que a ajude a livrar-se do demónio e a salvar o seu corpo e a sua alma.
Texto: -
[2]
Como a minha nesidade seje a maior q he de corpo e alma vendo
eu q esta esta cahindo por hum fio no imferno e q Vmce
pela rezão de parrico e de catolico deve acudir mto a
tempo antes q de todo se persepite e com ifeito o não fas, com
aquela vegilancia e brevidade de q o disgrasado cazo care
se como ja o não achei indo buscalo heme persizo rogar
a Vmce pelas devinas chagas de christo ponha por comsiençia
os olhos na minha alma e corpo, ponderando as desventuras em
q istou perdendome pa sempre por instantes,
[3]
asim acudo
Vmce pelo amor de Ds como deve q sendo asim sera a minha alma
salva e pela mizericordia devina dara Vmce gloria a Ds,
[4]
eu tenho q
falarlhe e Vmce quando me fizer a caridade de ouvirme seje no co
mfesionario q couzas semilhantes não são pa outra parte q he p
ublisima, e não he justo,
[5]
e sempre a oras q o coro de bacho esteje livre de gen
te q he de sesta e das matinas athe a misa do dia fazendome a honrra
de avizerme com aquele segredo de q da nese o cazo
[6]
e valhame
pelo persiozisimo sangue de christo pois istou morrendo por insta
ntes, e não sei como ja não estalo no comflito de tantas pe
nas e perdisão da minha pobre alma sem aver quem
lhe acuda
[7]
ora Snr tenha ja ifeito a piadade de Ds e de Vmce q pa
sa de tempo
[8]
e fallese pouco, e obrese mto q não emgnora Vmce so a
sim ser comveniente
[9]
e quando não se ande emganar a minha
alma e so comsentir q se perca eu farei o q tenho detremi
nado e iscuzaria de dar parte à Vmces
[10]
pois discobrindolhe huma
chaga tão pirigoza e vergonhoza me não dão remedio
[11]
qm ta
l crera q os menistros de Ds os negão ou demorão;
[13]
se vise nunca mais (q na minha mezaravel al
ma parese ou por o demonio asim o andar urdindo ou por em
flucho da minha disgraça
[14]
pelo q peso a Vmce me dezemgane
ou obre rezolutamte com brevidade q eu tambem asim
quero fazer
[15]
pois não podendo negosios da salvação terão
Vmces a ssolesitação,
[16]
asim q la se avenhão e de tudo q jorar
e perigar minha alma e corpo ficão Vmces emcarregados, pois
isto não he brinco de criansas cazo tão dezestrado, e os
persepisios em q istou emtregue ao demonio meu corpo e al
ma,
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emtão não quer Vmce q eu diga he couza sua o q em Vmces
anda demorando
[18]
não he outra couza q pois se bem atendesem
as sircunstancias ja o remedio estava dado
[19]
pois o saberem Vmces
a minha disgrasada sorte não he d ouje nem d onte e Vmce m
o comfesou ontes pela sua boca q tudo o pe lhe tinha comoni
cado,
[20]
e disme Vmce isto sendo parrico deste musteiro,
[21]
e não ter cudado a es
ta ovelha perdida triste e mizaravel alma,
[22]
ora Snr se a quer salv
ar aballa de ti ja lhe dise e pasa de tempo
[23]
acudalha pelo amor de
deos
[24]
e se não quer quero sabelo e não o molesto mais,
[26]
nem eu istou pa tanto escrever q me custa
[27]
Ds gde a sua
pesoa como lhe dezo etss
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de Vmce
Capta a mais disgrasada
soror Franca Jozepha
[29]
queime Vmce logo isto depois de darlhe atemsão se quizer q com
o Ds e maria santisima me dezemparão Vmces tambem o que
rem fazer
[30]
o maldita foi a ora em q nasi istou pa o rene
gar Snr
[31]
e por iso não quero nada com Ds q sendo mizericor
dia pelo q dizem me falta com ela
[33]
a
o mesmo tempo q o chamo e emtento servilo ora quero
calarme para Vmce não escandelizar os ouvidos
[35]
ja isto são prensipios da minha iterna com
denacão a q Vmces dão favor
[36]
la se avinhão q eu não
istou pa tanto quanto mais pa mais
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