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Maarten Janssen, 2014-

PSCR1389

1656. Carta de Dom Álvaro Manuel de Noronha, Senhor de Tancos, Asseiceira e Águias, para destinatário não identificado.

SummaryO autor pede vários favores ao destinatário, para si e para terceiros, e queixa-se da sua vida no exílio.
Author(s) D. Álvaro Manuel de Noronha
Addressee(s) Anónimo378            
From Italia, Ancona
To S.l.
Context

O réu deste processo, Dom Álvaro Manuel de Noronha, era o filho secundogénito do segundo conde de Atalaia. Apesar de não ter herdado o título de conde após a morte de seu pai e do seu irmão mais velho em 1643, recebeu a "comenda do dízimo do pescado miúdo da vila de Setúbal da ordem de S. Tiago" (ANTT, Registo Geral de Mercês, Ordens Militares, liv. 12, fls. 35v-36v) e foi sucessor da casa e do morgado (ANTT, Chancelaria de D. Filipe III, liv. 21, fls. 278r-279r). Apresentou-se, juntamente com o seu cunhado Francisco Luís de Oliveira e Miranda (Morgado de Oliveira), diante da Inquisição de Lisboa para confessar as suas culpas. Conseguiu exilar-se em Itália depois de, em 1651, confessar a relapsia no crime de sodomia. As cartas extraídas do processo inquisitorial datam do período do seu regresso a Portugal, em 1664, conseguido graças a um Breve do papa Alexandre VII e à carta de recomendação que trazia de D. Francisco Manuel de Melo, dirigida ao prepósito de S. Roque. Uma outra evidência do alto nível das suas relações e rede de influência é a proximidade ao embaixador Francisco de Sousa Coutinho ‒ do conselho de estado, alcaide-mor de Santarém, Golegã e Almeirim, antigo embaixador na Suécia, Holanda e França ‒ a quem alude na carta que escreveu.

Bibliografia:

Prestage, Edgar (1914), D. Francisco Manuel de Mello: esboço biographico, Coimbra, Imprensa da Universidade.

Dutra, Francis (2009), "Noble Brothers-in-Law in Love during the Reign of João IV (1640-1656)", in Mediterranean Studies Vol. 18, pp. 131-142.

Freire, Anselmo Bramcamp (1930), Livro terceiro dos Brasões da Sala de Sintra, Coimbra, Imprensa da Universidade.

Support uma folha de papel dobrada, escrita nas três primeiras faces.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa
Archival Reference Processo 806
Folios 54r-55r
Socio-Historical Keywords Ana Leitão
Transcription Ana Leitão
Main Revision Raissa Gillier
Contextualization Ana Leitão
Standardization Raïssa Gillier
Transcription date2015

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Duas resebi de vm huma por via de fransico velho e otra nesta posta q não sei donde esteve metida tanto tenpo a q veo pela via do padre da conpanhia porq anbans me mandou o porta letra. esta desta posta me dexa ben mortificado pois não poso falar con vm q por carta não se fia tudo logo resgei a q vm me mandou pelo risco de a perder, eu fico escrevendo devagar a meu cunhado e enviarei as cartas a vm pera lhas enviar. estimara eu mto q camillo capeli se for q fale com aquela gente do rosio quando estiveren todos juntos com huma pitisam q alixandre pascali a mto tenpo q anda por estas partes e esta doente e con toses lhe pede lisensa pera se poder ir, este he o prinsipal negosio q se pode la fazer ho q lhe limitem tenpo porq seu cunhado não lhe manda con q se posa sustentar, ho obrigem o dito cunhado lhe mande sen escudos de ouro pera cada mes mas sera melhor aver orden pera se ir isto he tocante ao negosio. do q padeso agora darei conta a vm como maior amigo q tenho e senpre dezejei servir lo pela carta q lhe mandei tradozise entedera o como esta este omen rexeluto e nesta posta tive huma pior e a minha gente me aviza de veneza o mal q lhe acode e q padese e creo q de desgosto me moreo a minha negra q com tanto gosto a mandei buscar do q estou ben sentido a pa q o disgosto me não mate a mi e me não saia de ancona como me sai, ja de rroma se bem este mercante ainda este mes me pagou não sei o q podera fazer se vm achar pesoa nesa parte que me enpreste seissentos escudos farei procurasam a camillo capeli pera me vender sen mil reis de juro en portugal e não se canse vm en traduzir a carta q en man propia se pode dar dizendo o q ei pasado e o q me a sosedido esa carta me fasa vm m de a dar ao snor enbaxador e se me responder vm me mande a resposta a ancona sen nome suposto D baltezar se fora nesta enbarcacam q esta a carga en liorne se tivera orden de o poder mandar mas não ten dinheiro pera q posa fazer corentia, e enbarcarse vm me de algumas novas porq se dis q he levantado o reino de aregam e desa caria tanben como esta da peste q serto q não podia vir en pior tenpo Des a queira livrar e dar a vm mta saude eu fico com ela pera o serviso de vm e lhe peso me não falte com novas suas q so elas me aliviam e as creio e creame vm q dispois q estou neste lugar não paso hun dia alegre cudando o q me pudia fazer este ome en rroma o faltarme con as mezadas como oje me ameasa serto tinha o morer de paxam e asi vm me disculpe com o snor enbaxador e lhe so me fique meu dezejo e deste lugar me partirei como en veneza deren pratica porq me não meto a fazer viazem porq não me bastea o animo estar corenta dias en lazareto porq de malenconia morerei vm escreva ao framengo como quen lhe da por nova e lhe diga q o noso enbaxador enformado q cazava eu en veneza me mandara notificar q não cazase fora do reino sen orden d el rei e dentro en dois anos me fose a portugal se isto não prejodicar a vm peso o fasa porq me serve de grande otilidade gde Des a vm ancona 20 de agosto de 656 a carta vai aberta lea vm e serea

Clo. de vm D Alvaro Mel de nra

Legenda:

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