O autor pede ao destinatário que aceite que ele deixe de conviver enquanto espião com os opositores ao regime constitucional.
Illmo e Exmo Snr Tenho a honra de participar a V Excia que hoje
fui a casa do Neves ás 11 da manhãa, e ali
achei o padre Rebello, que me olhou com de
masiada attenção, e fez ao primeiro acenos cu
ja significação eu não pude entender. Não
me foi portanto possivel entrar no conheci
mento do projecto em que o dito Neves e Alpoim
estão de mandarem imprimir huma procla
mação; digo da hora que escolhem para isso;
pois ja resolverão não imprimir, por muito lon
go, o Dialogo das Estatuas. He verdade que hon
tem me assegurarão que se imprimiria de hoje
para amanhãa; mas podia haver qualquer
motivo que obstasse a isso.
Tencionei pois voltar ao anoitecer; e assim o
fiz. Achei só Neves, que me disse não ser pos
sivel fazer-se esta noute mais do que a com
posição, por não haver tempo bastante para o
resto; e que disto mesmo ja tinha dado par
te a Alpoim, o qual conviera em differir a
impressão para amanhãa á noute.
Eis aqui o estado deste negocio, que na verda
de entendo não se dever deixar progredir; e sobre
isto peço a V Excia licença para fazer algumas
observações.
Não creio, por muitas razões, que estes ho
mens tenhão segurança de que eu coopero ef
ficazmente para o fim que elles se propõem.
Tem-me pedido que alicie gente, o que eu não
só não farei de maneira alguma, mas até
me opporei sempre a que elles proprios o fação
como até hoje tem soccedido; pois ainda Alpoim
e Neves me não fallarão em homem, que
chamar (e muitos hão sido) de que eu lhes