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Maarten Janssen, 2014-

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1822. Carta de José Luís Correia para Joaquim de Vairão, padre.

SummaryO autor escreve ao padre guardião do Colégio de Santo António de Penafiel para se acautelar quanto ao frade José de Fornelos.
Author(s) José Luís Correia
Addressee(s) Joaquim de Vairão            
From Portugal, Porto, Luzim
To Portugal, Porto, Penafiel
Context

No libelo acusatório diz como autor o Promotor da Justiça (transcrição normalizada): "[…] devendo os réus ser exemplares e zelosos observantes não só dos deveres cristãos, morais e políticos, mas também dos que são prescritos pelo nosso Santo Instituto que abraçaram […] no dia 1 de junho do presente ano, que era a Dominga infra oitava do Corpo de Deus, pelas 9 horas da manhã, pouco mais ou menos, saíram impestuosamente de suas celas os réus Fr. José de Canelas e Fr. José de Fornelos, fazendo-se cabeça de motim, e começaram a chamar os outros réus colegiais, com grandez vozeiros, e batendo estrondosamente nos dormitórios, dizendo palavras sediciosas e ameaçadoras, de forma que aterraram a Comunidade […], ao estrondo daquelas vozes saíram logo de suas celas os outros réus colegiais, e, juntando-se aos primeiros, continuaram cada vez mais as ameaças […] que reputavam afrontados à Comunidade, escandalizando não só a esta, mas até os seculares que ali se achavam. […]. No mesmo dia, em auto de Comunidade do refeitório, sendo os mesmos réus repreendidos pelo prelado por causa daquele punível e escandaloso atentado, logo se levantou o réu Leitor Fr. António de Poiares e, sem respeito às leis da religião e sem pedir licença alguma, interrompeu o mesmo prelado, dizendo em altas vozes: que seus estudantes tinham feito muito bem no barulho que fizeram, que estavam entre Corcundas; e que daria as providências, e outras palavras não menos despropositadas, temerárias e sediciosas, tornando-se deste modo cúmplice, e mesmo autor principal, do referido motim dos réus seus discípulos que se presumem insinuados e induzidos por ele. […] O mesmo réu, Fr. António, costuma sempre andar com hábito de pano diverso do que as nossas leis permitem, aparecendo assim aos seus discípulos [e] faltava a outros deveres de mestre, desprezando a educação cristã e religiosa de seus discípulos, porque todas as tardes saía para fora, deixando-os andar de cela em cela a tocar instrumentos, e até a jogar cartas, com grave escândalo da Comunidade, não fazia as reparações do costume, e que são mandadas no seu plano de estudos, dava as suas lições da aula em segredo e nelas gastava muito pouco tempo [e] tem o custume de reservar para si esmolas de sermões que prega […]. Este mesmo réu, Fr. José de Ervedal, está encostumado a usar de armas defesas, o que mesmo nos seculares e pelas leis civis é crime atrocíssimo, pois que em sua cela se chegou a achar um estoque metido em uma bengala e uma faca de ponta aguda em uma bainha."

Support meia folha de papel dobrada escrita na primeira face, e com sobrescrito na última.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Collection Feitos Findos, Processos-Crime
Archival Reference Letra A, Maço 2, Número 22, Caixa 6, Caderno [1]
Folios 178r-179v
Transcription Cristina Albino
Main Revision Cristina Albino
Contextualization Rita Marquilhas
Standardization Raïssa Gillier
POS annotation Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Transcription date2007

Page 178r

[1]
tanto o afligirão.
[2]
Snr recebi o seu recado
[3]
a fim de lhe hir compor o relogio desse
[4]
convento breve ahi apareço. Snr como
[5]
eu fosse criado neça Religião e ahin
[6]
da lhe concervo o afecto. Aqui paçou
[7]
e dormiu e ce demorou algũ tempo
[8]
Pe Colegial chamado Fr Jozé de For
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nellos o qual não me agradou por dois
[10]
motivos por não pedir verbiario
[11]
pa rezar porem hiço não me emporta,
[12]
e o outro motivo foi por me dizer mal
[13]
do seu Guardião e dizendo q assim q
[14]
viessem os mais Companheiros e o seu
[15]
Mestre, lhe havia de fazer hua desfei
[16]
ta; portanto hajasse com cautela; Pordoe
[17]
a Confiança porem vem ce ve q lhe sou
[18]
obrigado

Sou de Va Rma mto obrigado
[19]
Luzim 27 de 7bro de 1822
[20]
Jozé Luis Corra

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