Pocesso de Francisco Rodrigues, cristão-velho, cardador, de idade de trinta anos, natural da vila da Moimenta da Beira e morador na vila de Melo.
O réu disse em depoimento, em 15 de Abril de 1610, que havia quinze anos (1595) se tinha casado com Maria Rodrigues, cristã velha, na vila de Melo. Disse também que sabia que ela ainda estava viva. Tinham vivido maritalmente por dois anos e tinham tido um filho que morrera. Depois disso, como a mulher ficou desgostosa, ele ausentou-se para o Reino de Castela.
Morou em Villacastín sob outro nome durante sete anos e aí se casou com Ana Paladina, cristã velha, de quem teve dois filhos e esperava um terceiro à época do depoimento. Separou-se desta segunda mulher por ter tido notícia de que a primeira ainda estava viva e voltou para junto dela.
A penitência aplicada foi a de sair em auto-da-fé com uma vela acesa na mão e a cabeça descoberta, fazer abjuração de leve, cumprir três anos de degredo nas galés a servir ao remo sem soldo, bem como penitências espirituais e o pagamento das custas. O réu foi poupado a mais anos de degredo e aos açoites por se ter apresentado na Mesa do Santo Ofício de livre e espontânea vontade e por ter voltado para a sua primeira mulher logo que a soube viva.