Events | Maria da Cruz - que mais tarde mudou o seu nome para Maria de Jesus - foi presa uma primeira vez em 1667, quando tinha cerca de vinte e seis anos, e era moradora na Guarda, acusada de fingir visões e revelações; foi condenada a açoites e degredo para o Brasil por três anos (auto de fé de 11 de Março de 1668); permaneceu quatro anos no Recife - o primeiro ano em casa de uma viúva e os seguintes em casa de Maria Álvares de Ressurreição - e um ano e meio na Baía; no Brasil, a notícia da santidade da "beata" Maria de Jesus difundiu-se rapidamente; contudo, o facto de não ter morrido no dia de Santiago, facto que, segundo ela, Deus lhe revelara que iria acontecer, abalou profundamente a sua credibilidade e muitos tomaram-na por impostora; regressada ao Reino, residiu durante um curto espaço em casa de uma Maria Clara e em seguida, passou a viver nos "baixos" da casa de Manuel Teixeira de Carvalho, secretário da Mesa de Consciência e familiar do santo ofício; frei Pantaleão de Carvalho, seu confessor em São Roque, rendeu-se aos seus dons e encarregou Mariana do Espírito Santo de escrever a sua vida; após a morte de Frei Pantaleão de Carvalho, em 1685, Frei Mazeu de São Francisco, também ele crente na santidade de "Maria de Jesus" encarregou-se do assunto; ao mesmo tempo que os "sucessos" de Maria de Jesus se difundiam por Lisboa, havia vozes que se levantavam contra ela; desde 1683 que o santo ofício recebeu algumas denúncias sobre Maria da Cruz, alias Maria de Jesus, e, em 1697, a "beata" é novamente presa, acusada de reincidir nos crimes a que tinha sido condenada em 1668; não chegou a ser sentenciada porque morreu no cárcere, em 1699, com cerca de cinquenta e oito anos; frei Mazeu de São Francisco, acusado pela inquisição, em 1700, de venerar a sua filha espiritual Maria da Cruz, reuniu e entregou na inquisição um conjunto de cartas e de escritos sobre a "beata" Maria de Jesus; em 1701, o santo ofício emitiu comunicados alertando para o perigo do conteúdo nos papéis sobre as visões e revelações de Maria de Jesus que se divulgavam por Lisboa e pelo Reino e ordenou a todos os eclesiásticos e seculares que estivessem na posse dos referidos papéis que os entregassem no santo ofício |
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