Summary | Manuel Martins escreve ao capelão a contar o que descobriu lendo as cartas de Lourenço António e de sua mulher Brásia Maria, suspeita de pacto com o demónio. |
Author(s) |
Manuel Martins
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Addressee(s) |
Anónimo91
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From |
S.l. |
To |
S.l. |
Context | Dentro do fundo do Tribunal do Santo Ofício existem as coleções de Cadernos do Promotor das inquisições de Lisboa, Évora e Coimbra. O seu âmbito é principalmente o da recolha de acusações de heresia. A partir de tais acusações, o promotor do Santo Ofício decidia proceder ou não a mais diligências, no sentido de mover processos a alguns dos acusados. Denúncias, confissões, cartas de comissários e familiares e instrução de processos são algumas das tipologias documentais que se podem encontrar nestes Cadernos. Quanto ao crime nefando e à solicitação, são culpas que não estão normalmente referidas nestes livros. |
Support
| meia folha não dobrada, escrita apenas no rosto. |
Archival Institution
| Arquivo Nacional da Torre do Tombo |
Repository
| Tribunal do Santo Ofício |
Collection
| Inquisição de Lisboa, Cadernos do Promotor |
Archival Reference
| Livro 305 (Caderno 113) |
Folios
| 175r |
Transcription
| Leonor Tavares |
Contextualization
| Leonor Tavares |
Standardization
| Catarina Carvalheiro |
POS annotation
| Clara Pinto, Catarina Carvalheiro |
Transcription date | 2008 |
[1] |
Snr Pe Capelam
o Soldado que eu dise a vm debaixo de Comficão he do regimto de Manoel
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[2] | de besa dantas primeiramte que antes que o prenderão que trazia Comsigo huma Couza
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[3] | que o seu sargento tinha ordem pa o prender que pasava por elle que o não prendia
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[4] | nem ovia em segundo lugar que hum dia que se lhe sumio aquilo do bolso que
na
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[5] | quele mesmo dia o prenderao que fugindo elle do barco ou escondendose que a
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[6] | ndava Com as maons por sima e que não vião e a todos dis que aqui não mas que
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em estando no Corsario que elle sahira pa a libardade e que Cuando elle
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[8] | não saia do Cursario que em elle gegando a india que logo no outro
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[9] | dia a de la fazer hir duas pesoas
em proCura dele que pa iso leva hum
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[10] | a prenda que sãm humas fivelas de prata e huns Curais que lhe deu
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[11] | a mulher e dis que se a mulher quizer que ningem o pode livrar
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Como ella eu lhe vi escrever a mulher huma Carta eu a li que dizia
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[13] | que ella Com o seu puder o pudia livrar e na Carta dizia que de ha mto
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[14] | emtregava a sua alma o demonio tres
vezes e falava em isto na Carta
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[15] | huma Carta de huma folha de papel em tres laudas escritas
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[16] | outra Carta lhe tinha ella mandado em que dizia que tinha pidido
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[17] | digo tinha ido a Caza do
marques de abrantes que nunCa lhe pudera
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[18] | falar mas que não emportava que ella esperava do seu travalho
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[19] | ter fruto que se não desconsolase isto he o que poso dizer a vm
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i dizendo lhe eu huma ves por sonbaria que se elle saise que vise
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[21] | se me pudia levar Comsigo me respondeu que em Ca vindo sua
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[22] | mulher que elle veria e dizendo eu tua mulher parese me
inda ser
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[23] | mto rapariga pa ter pato Com o diabo dice me que não era tam
rapariga
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[24] | que não tivese trinta e tantos anos elle chamase Lourenso an
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[25] | tonio ella brazia maria nisto ditriminara vm o que quizer
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[26] | pois sabe o que deve ser
Ds gde a vm ms annos
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[27] |
De vm Criado mto obrigado
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[28] |
Manoel Martins
a molher mora pa os anjos
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[29] | algures e vende pelas ruas
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[30] | fruta e mais queijos
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