PT | EN | ES

Main Menu


Powered by <TEI:TOK>
Maarten Janssen, 2014-

PSCR0658

[1754]. Carta de Francisco de São Joaquim, frade, para Maria do Espírito Santo.

Author(s) Francisco de São Joaquim      
Addressee(s) Maria do Espírito Santo      
In English

Love letter from Francisco de São Joaquim, friar, to Maria do Espírito Santo.

The author tells his lover about his desire that they live together, giving her some advice on how to avoid that others uncover their relationship.

Maria do Espírito Santo claimed to be haunted by the demon and was submitted to an exorcism more than once. During one of these supernatural episodes she was assisted by the friar Francisco de São Joaquim Bom Sucesso, who spend the nights with her, at her request. Maria do Espírito Santo was arrested and, while in prison, gave birth to a boy. She was condemned to being publicly whipped and sent to exile for four years, among other penances.

If there is no translation for the letter itself, you may copy the text (while using the view 'Standardization') and paste it to an automatic translator of your choice.

Javascript seems to be turned off, or there was a communication error. Turn on Javascript for more display options.

Snora

Vmce me dis na sua carta q não pessa licença e q ja lhe diçerão q hera milhor vir a ca agora do q eu hir la pois snora eu estou por tudo o q vmce quizer mandar fazer eu estou e a minha vida corre por conta de vmce eu ja hoje antes de jantar como o Guardiao estava fora pedi licença ao prezidente e elle me disse q o Guardiao logo vinha veremos se me emganou vmce me mandara agora dizer quando hei de pedir licença porq sem sua ordem não quero fazer nada eu fiquo mto contente por hontem lhe dar a comunhao e pa isto asim aconteçer fesme Ds hum favor grande porq me deu hua rouquidao pa eu não puder cantar a Missa do e por isso he q a fui dizer rezada e lhe pude dar a comunhão e logo me a vos q ja hoje cantey a Missa e amenhaa se Ds quizer tãobem a hei de cantar os mais dias vmce dis q ja ca tem comfessor certo não sey isso como sera me pareçe milhor comfessarçe com quem axar porq pa ser sempre seu confesor havemos de fallar mais devagar nisso e escolhermos o q milhor for e Ds havemos consultar isso primeiro com Ds vmce me dis q a ultima petição q está despaxada mandeme declarar qual he se he a de eu viver na sua companhia q he o q pesso e mais dezejo isto com clareza e se for esta pessa a brevidade possivel pa Gloria do mesmo Ds e de toda a corte celestial e alivio seu e comsolação minha e comfuzão do inferno e dos nossos inimigos e para bem dos nossos proximos e tomara ter essa certeza pa emxer a minha alma e o coração de alegria vmce saberá q o meu Provinçial chegou hontem de tarde asim q vmce se foi ha hum frade gordo q vmce imcontrou com hum frade leigo ainda rapas vmce havia de o ver mto estimey q viesse paçiar hontem porq a tarde estava boa olhe de gente q vinha de são Roque olhe vmce q de somana por vezes temos a porta da Igreja aberta saiba vmce isso primeiro então mas aos Domingos e dias santos sempre esta aberta eu soponho q Domingo vi a sua afilhada na Igreja quando fomos com a procissão e se a Thareza perguntar o Pe não vem agora ca diga vmce q não sabe disso e se lhe disser mais algua couza diga vmce vindosse foi degradado e mais nada e se lhe diçer q eu q lhe escrevo digalhe q não q he o seu comfessor vmce me dis q lhe paresse q Ds não quer senão q nos nos fallemos e q não tenha outra amizade isso ja julgava q lhe não comvinha tratar com essa gente porq com ellas não se pode fallar porq não emtendem da nossa vida nem Ds lho ha de declarar porq não são capazes disso nem Ds quer q saiba mta gente dos favores q faz aos seos servos por isso lhe digo q não lhe comvem hir estar em caza de nimguem nem dos seos parentes quando mto hum bocado de tarde ou de menhaa a comversar ou contar da sua vida nem fallar em mim nada deixeos dizer o q quizerem tirar da porta ler no seu livro cantar mas dentro de caza não dizer nada da vida de outrem nem querer ouvir fallar nisso então quando nos estivermos juntos hiremos paçiar a varias partes va a alguãs Igrejas donde haja festa ou com a May ou com Joze e Ds nos ajudara eu ja passey mais pella ditta cavalheira e mais tudo vençi quanto mais sendo isto vontade de Ds hontem tive de tarde duas vizitas hua foi hum rapas q desde a idade de ceis pa sete annos q o conheço e sempre lhe quis mto e mais a tres irmaos seos filhos de hum pimtor e seu Pay e May são meos amigos e comtou q ja lhe tinhão morrido tres Irmãos hum tãobem hera mto meu amigo morreo em amgolla sexta feira de Paixão e os dois ca em Lisboa pessa a Ds por elles a outra vizita foi hum mosso meu conheçido q a mtos annos q o não vejo pedio q quizesse hir benzer hum seu parente Doutor eu lhe disse q não podia disse q elle hera mto amigo do Provinçial e lhe havia de pedir isso veremos o q permite mandeme dizer se ja tem a fita e o snor se lhe pareçer mandarmo fassa o q lhe pareçer milhor deme saudades a sua May e q não se esqueça da reza aos nove coros dos anjos agradecolhe mto o livrinho as oraçoens sao bem boas Snora agora sey q o prezidente me mentio porq o Guardião ainda não veio pa caza isto soponho q sera ordem q lhe desse o Guardião ocultamte mas eu por isso mesmo agora depois de vesporas não quis mostrarlhe q tinha empenho em hir fora e não q lhe quis tornar a fallar pa o dezemganar q não tenho empenho e asim nem a hum nem a outro hei de pedir licença senão quando vmce me mandar q a pessa pa elles se ademirarem e verem q não tenho contratos Ds lhe pague as comsolaçoens q me deu com a sua carta q fiquey mto contente e tenhoa Lido mtas Vezes eu estou mto sentido porque me cahio do peito do habito o alfinete q trazia e o estimava mto era aquelle q vmce tinha tido na garganta e não me alembra mais nada pa lhe contar senão q pessa a Ds por mim e q nos socorra q de algua couza neçessitamos e não esteja triste e coma e durma se não fizer isto morrerey de Paixão vmce anda mto debilitada e branca como quem anda desfalleçida deste seu coração q todo he seu como verdadeiro filho no amor e como quem so por vmce suspira e so por vmce perderey a vida e saiba q nunca se me tira da imaginação e se não alcanço viver na sua companhia comfessolhe q não sey o q ha de ser de mim eu não posso estar sem vmce e vmce sem mim sey q ha de estar sempre aflicta e se Ds snor nosso a todos da hua companhia pa comsolação não me pareçe q lhe ha de faltar com isto se lhe pedir e aDs ma Rica May ma adora-cao ma vida e alma da mesma vida unico objecto dos meos cuidados emprego singular dos meos afectos aDs querida Fillis e aDs meu feitico aDs bella verdade aDs emcanto dos meos sentidos e aDs amor sem segundo e a Ds e so a Ds se pode amar e depois a ti a Ds o extremo sem comparação e quem te não ama não ama a Ds De ti eu so unico e mais nimguem e asim espero do teu amor q so a mim me queira sem igual e sem segundo no excessivo do amor e pede a Ds q desfassa estas embralhadas com brevidade pa q a auzençia nos não acabe as vidas e aDs Hua alma em dois corpos e o Ceo nos Gde ca na terra pa amar-mos a Ds e pa o louvarmos nessa Bemaventurança


Legenda:

ExpandedUnclearDeletedAddedSupplied


Download XMLDownload textWordcloudFacsimile viewManuscript line viewPageflow viewSentence view