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Maarten Janssen, 2014-

CARDS1507

1679. Carta de Manuel Lopes de Oliveira para Manuel da Silva Pereira.

ResumoO autor queixa-se da desonestidade de D. João de Castro.
Autor(es) Manuel Lopes de Oliveira
Destinatário(s) Manuel da Silva Pereira            
De Portugal, Lisboa
Para S.l.
Contexto

Manuel da Silva Pereira, que viria a ser sogro de Francisco de Melo e Castro, nasceu no Cadaval, freguesia de Nossa Senhora da Conceição, onde foi batizado. Era filho de João Gomes da Silva, mercador de panos que andava pelas feiras, e neto de jornaleiros. O pai tinha nascido em S. Miguel de Genezes, termo de Barcelos, fruto da união de Francisco Alvares, criado, e Maria Gomes, caseira do abade da freguesia, que era oriundo do Cadaval e a tinha daí trazido para que ela continuasse ao seu serviço. Ainda moço, João decidiu tentar a sorte na terra da mãe, onde veio a distinguir-se pela sua participação na administração municipal e na irmandade do Santíssimo Sacramento. A sua vida de feirante permitiu-lhe conhecer a mulher, Isabel, nascida no Bombarral, termo da vila de Óbidos. Dos dois filhos do casal, um, também de nome João, permaneceu na terra, mas o outro, Manuel da Silva Pereira, foi para Lisboa ainda adolescente. Terá sido aí que se tornou protegido do magistrado Duarte Ribeiro de Macedo. Sabia ler e escrever e mostrava-se “capaz de poder ser encarregado de negócios de importância e engenho”, embora não tivesse qualquer grau académico. Seria assim o seu fiel secretário, acompanhando-o nas suas missões diplomáticas em Paris (1668-76), Madrid (1677-79) e Turim (1680). Após a morte do diplomata, de quem foi herdeiro, seria nomeado Guarda-mor do Consulado da Casa da Índia. Cerca de 1685, quando residia na casa da Rua Formosa, freguesia das Mercês, casou com uma vizinha, Michaella Antónia da Silva, muito mais jovem e descendente de funcionários públicos em Portugal e em Espanha. Em 1693, requereu ao Tribunal do Santo Ofício que se fizessem diligências sobre a sua “limpeza de sangue e geração”, bom como da de sua mulher, pois queria candidatar-se ao cargo de Familiar do Santo Oficio. Neste processo de habilitações diz-se que o casal não tinha filhos. Assim, só depois disso terão tido uma menina, D. Maria Joaquina Xavier da Silva. Seria esta filha a estabelecer a ligação de Manuel da Silva Pereira à família Melo e Castro: Maria Joaquina viria a casar com Francisco de Melo e Castro, filho ilegítimo de André de Melo e Castro, 4º Conde das Galveias. Da sua união nasceram depois Manuel Bernardo de Melo e Castro, 1º Visconde da Lourinhã, e Martinho de Melo e Castro, diplomata, ministro e reformador da armada portuguesa no reinado de D. Maria I.

Fontes:

Faria, Ana Maria Homem Leal de. 2005. Duarte Ribeiro de Macedo, um Diplomata Moderno (1618 – 1680). Dissertação de Doutoramento. Universidade de Lisboa.

Faria, Ana Maria Homem Leal de. 2008. Arquitectos da Paz: A Diplomacia Portuguesa de 1640 a 1815, Lisboa, Tribuna da História.

Schedel, Madalena Serrão Franco. 2010. Guerra na Europa e interesses de Portugal: as colónias e o comércio ultramarino. A acção política e diplomática de D. João de Melo e Castro, V Conde das Galveias (1792 -1814). Tese de Mestrado, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Suporte meia folha de papel não dobrada escrita no rosto e no verso, suporte um pouco deteriorado numa das margens e com algumas manchas de humidade.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Arquivos de Família
Fundo Casa dos Condes de Galveias
Cota arquivística Maço 11, 5,2, Manuel Lopes de Oliveira
Transcrição Carlos Costa
Modernização Fernanda Pratas
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2010

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S Mel da Silva

Sr meu o Sr inviado Duarte Ribro de Macedo me fes mce de querer tomar a seu cargo a cobrança de hum juro q ahi me pertence e a minha mãy e cunhados e aceitou pucração minha por me faser mce, de q Vm creo q deve ter noticia, como tambem de q está em poder de hum Dom João Mel de Castro de q faço mto pouca confiança. o dto Dom João Mel me escreveo ha poucos dias hũa em q me dava noticia, de q se tratava da cobrança, e me pareceo q agora a queria dilatar e embaraçar com hũas exostivas despezas, de q athe então me não tinha feito aviso. De tudo dei miuda conta ao sr inviado, mas como as suas occupações sam tantas não hei tido resposta de algũas q lhe escrevi. Se eu soubera q se tinha feito ou podia faser a cobrança com a brevide q se pudera conseguir a não ser com hum tam grande trapaceiro como me parece q he o Dom João não escrevera mais sobre a materia, porq em poder do sr inviado onde Vm estivera com toda a segurança; mas como não será assi, e eu estribo todo o bom successo deste nego em se poder fundar pelo respeito do do sr enqto elle assistir nessa corte me pareceo aplicar esta materia. pa q não tenha despois de tantos annos a desgraça de ficar como d antes. Se o sr inviado encarregou a Vm este nego. Peço mto a Vm ponha nelle o cudado q ha mister, e me avise do estado delle; e quando não sei o Vm o q o tem a seu cargo, lhe peço tambem q queira lembrarlho; e crea Vm q sempre lho saberei merecer; Deos gde a Vm etc etc 9 de Maio de 1679

Servidor de Vm Mel Lopes de Oliveira

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