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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0271

1689. Carta de Pascoal Rodrigues, criado e pescador, para Cristóvão Burgos, padre.

SummaryO autor pede a um padre o favor de este interceder em benefício da sua mulher, presa por bigamia.
Author(s) Pascoal Rodrigues
Addressee(s) Cristóvão Burgos            
From América, Brasil, Rio Grande
To América, Brasil, Bahia
Context

Este processo diz respeito a Maria da Rosa de Morais, de 30 anos, conhecida também como Domingas Camela. Estando casada com Paulo de Freitas, homem pardo, oleiro, casou com Pascoal Rodrigues, pelo que foi acusada de bigamia, sendo presa a 20 de outubro de 1691. Fora-lhe dada sentença em auto-da-fé privado, de 23/02/1692: abjuração de leve, cárcere a arbítrio, ser açoitada publicamente, degredo por cinco anos para o Brasil, não voltar à cidade de Olinda, penitências espirituais, pagamento de custas.

Quando foi presa, Domingas da Rosa de Morais fazia vida marital com o segundo marido havia dois anos e estava casada há oito com o primeiro marido, de quem teve uma filha, Cosma de Freitas, e de quem tinha fugido há muitos anos, por causa dos maus tratos que lhe dera (curando-se das feridas que lhe foram feitas pelo mesmo em Pernambuco). No seu depoimento, a ré confessou que só se casou a segunda vez porque o cónego João Barreto lhe havia dito que procuraria saber do paradeiro do seu primeiro marido e que, após dois meses de procura, lhe confirmara que ele estava morto.

Support meia folha de papel não dobrada, escrita no rosto e no verso.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa
Archival Reference Processo 1462
Folios 26r-v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2301357
Socio-Historical Keywords Maria Teresa Oliveira
Transcription Leonor Tavares
Main Revision Catarina Carvalheiro
Contextualization Leonor Tavares
Standardization Catarina Carvalheiro
Transcription date2015

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Sr Rdo pe D aBade fr Christovão Burgos

Meu Sor Rdo pe D Abade he serto que os Beneficios q no mundo çe fazem a quem tem sangue Nunca se podem duvidar por insertos ainda, a quem não sabe comResponder igualmente Com a satisfação e agardecido; qto Mais a peçoa de V pater que em tudo vemos exçede a S pedro o sto na convirião das almas V pater na Remição dos pobres q Bem sei eu çe asistira neça cidade como dantes ja forão RemiDas Minhas aveçhaçôis e aliviadas Minhas peNas; Renaçidas a Respeito tudo de V pater desde aquela ocazião de suas adeverçidades q me oCupou pa o hir Botar na jangada junto o outro Companheiro ao Barço q hia pa a Bahia de viagem

Recolhendome pa terra a minha caza chegou Recado do Senhor conego joão Barreto q des aja dizendome q mereçia eu ser Degolado e q lho ouvera de pagar pello atrivimento que tive de hir levar a V pater na jangada ao do Barço; Reciandome fis algum disvio; logo no outro dia se foi ter com o vigro geral seu aleado pa q mandaçe prender a minha mulher dizendo ser cazada com outro marido q como não tinha outra vingança pa se vingar de Min tomou este pe.

Veja V pater çe está conheçida a cauza do odio pois elles me cazarão pregonis corridos saBendoçe q o pro marido de minha mulher he morto e pa q eu lhe não soleçitaçe sua soltura fes o do conego seu pai me troicheçe sigo pa o Rio grande adonde asisto hoje hoje, sem poder ser Bom a minha Mulher que a dois annos e tantos mezes que esta preza padeçendo o q deos sabe neça cadeia do Recife que asim me escreve não tem quẽ lhe soleçite sua soltura que não sei como he viva pois çe ella he cazada não ha lei que nos divida e se tem outro Marido q ce lhe emtregue; e não que se tenha preza con tanta molestia;

peço a V pater como piadoso por ser serviço de Deus e pello que deve a si mesmo queira tomar a soltura da da Minha Mulher Domingas da Rosa a sua Conta e fallar ao senhor Bispo neste particular informando o disto que Bem sei q o Respeito de V pater tudo pode açabar o Dito Sr ou qdo o cazo por algũ meio seja de degredo que se lhe de pa este Rio Grande q não he pouco ascarozo,

e pa que não feneção de todo Minhas esperancas e saiba o mundo não ha em V pater nada de ingrato e sabe pagar a aqueles q em tais afliconis o servirão fiço socegado; e publicarei toda a minha vida tais favores

estimando eu mto logre V pater vida e saude largas fellecidades como este seu menor cativo lhe dezeja,, eu sou daquelles mosos pardos o mais velho a peçoa de V pater Gde deos Gde deus Muitos annos cidade do Rio Grande 28 de fevereiro de 689 Do minimo cativo de V pater

Paschoal Roiz

Legenda:

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