PT | EN | ES

Main Menu


Powered by <TEI:TOK>
Maarten Janssen, 2014-

PSCR0517

1749. Carta de Francisco de Santa Rosa Viterbo, bispo de Nanquim, para o deputado do conselho geral.

Author(s) Francisco de Santa Rosa Viterbo      
Addressee(s) Anónimo477      
In English

Private letter from Francisco Santa Rosa Viterbo, bishop of Nanjing, to the general counsel deputy.

The author defends a priest who was accused of heresy, and says the sermons that he witnessed were adequate.

The defendant in this process is the friar José de Beringel, 50 years old, apostolic missionary and a theology teacher, with some functions at the Holy Office. He was born in Beringel (Évora), resident at a convent in Vila Viçosa and accused of heresy in the counties of Beja, Vila Nova de Portimão and Viana do Alentejo. As is reported in the process, the defendant had stated that, if his Holy Majesty had not done his penance, he would be burning in hell; that children should not obey their parents when they prevented them from the mental prayer; and that he doubted that those who unworthily wanted to could receive the body of Christ; among other things. Frei José do Redo, provincial, wrote to the defendant (PSCR0515) to ask him to go preach in Beja. This letter is mentioned by the defendant in the trial, as evidence that he was preaching in Beja at the request of José do Redo and, thus, that this was the reason he was absent from the convent. The defendant was also warned that he could only use doctrines that did not cause scruples to the faithful. The friar Manuel da Epifania, on his turn, wrote to the preacher Filipe dos Remédios (PSCR0516), replying to a letter the later had sent to him, which reported the words of the defendant regarding the nuns of the Monastery of Santa Clara. The letter written by the Bishop of Nanjing (PSCR0517), Francisco de Santa Rosa Viterbo, who lived in Viana, where the defendant had served him for some time, is used as proof of the defendant's disobedience and pride, and was delivered by the commissioner of the Holy Office António José da Silva. The defendant went to Rome to argue about his case to the Supreme Inquisition and got an acquittal, but also an admonishment. He should neither preach nor leave the convent without a license. He did so for three years, but left the convent again to seek absolution in the curia and contest that punishment. He was then acquitted again from the heretical propositions and regained his license to preach as before, without being molested by the inquisitors.

If there is no translation for the letter itself, you may copy the text (while using the view 'Standardization') and paste it to an automatic translator of your choice.

Javascript seems to be turned off, or there was a communication error. Turn on Javascript for more display options.

Meu Pe Pregor Fr Felippe dos Re-medios

Verdadramte incapaz estou de escrever por hum grande tremor, q padeço no braço dirto mas necessito ter com pulsos o faço de mão pria por guardar segredo. Com todo o devido respeito peço a VSa tenha paciencia hum pouco pa Ler o q aqui direi como eu puder; e se lhe parecer conveniente ou necessro se digne de o fazer priste a Mensa do Sto Tribunal.

O Pe||PadreFr Joze de Bringel me veio vezitar em Setembro do anno pro-ximo passado de 1748 como me tinha prometido havia mais de 4 annos, depois da grave doença q em Beja padeceo hũo anno intro Começando a convalecer sem tenção alguma de pregar, lhe roguei quizesse pregar a este povo. Aceitou com repugnancia dizendo: q a gente estava indisposta pa receber a doutrina da mis-são, por cauza das diturnas festas de touros e comedias, com q grande pte do po-vo padecia, andar fora de si mesmo como louco, illuzo do Demonio, e fora de si mesmo. O q bem se verificou depois.

Foi com effeito o Pe pregar com frequencia mtas tardes, como costumou sempre, e com pouco comcurso de ouvintes assistio com seu companhro todas as menhans nos confessionarios, tudo erão horas as pessoas q vinhão confessar-se, exceptas as de alguns montes e de fora. Alguns q se prezavão de Nobus entravão na Igreja; mas logo mudavão de lugar, indo pa o Coro, e ahi se despojavão das cabeleiras, deitandose a dormir no tempo do sermão, como elles mes-mos depois confessavão por galanterias, ou zombaria.

Outros, q sendo sacerdotes, e alguns delles q em razão do seu officio herão obrigados a assistir na Capella mor em tempo de sermão, mudavão de lu-gar pa huma caza o lado debaxo da tribuna da dita Capella. Não sei se alguns destes sacerdotes herão os q muitas pessoas me afirma-rão, q fazendo-se encontradicos com os vião ir ao sermão lhes dizião: A q vão vossas Sas q vão ouvir ao frade o mesmo q elle la diz sabe-rão nos Ca. Eu, e passoas da minha familia temos constante certeza do odio, q hũo daquelles sacerdotes tem ao missionario, qta serpentina lin-gua, com q o fora. E não sei com q rezão pode perseguir, e contradizer con este religiozo qm não ouvio suas doutrinas, nem quiz ver suas obras

Eu ouvi a maior pte dos sermões e ouvira todos se me não sobreviera legitimo impedimto. Nunca ouvi doutrinas tão solidas todas fundadas no sag texto e elucidadas com exemplos, e sentenças dos SSPP E não so na matriz, mas na Igra das freiras onde a maior pte dos sermões aonde sempre pregou a portas fechadas, e so eu , e o Pe Thomas Paes meu sobrinho e a minha familia o ouvimos, saindo sempre edificados, e nunca qm de fora escutasse á porta podia ouvir com distinção o q se pregava.

Nesta terra se levantou q o Pe no sermão dava o q Ma Santissa fizera penitencia e q se a não fizesse iria pa o inferno. Tenho por certo, q qm tal afirmação dis não ouvio todo ou não ouvio bem Eu ouvi mto bem da boca do missionario o seguinte Depois q propôs a gravez horrivel do peccado mortal, disse: q se por impossivel a Virgem incorresse nelle, no mesmo ponto deste fin.... cazo, ficaria perdendo a graça, e ficaria Escrava do Demonio, e necessitaria de penita pa recuperar graça perdida: mas nunca ouvi q absolutamte decesse, q a sra necessitara de penitencia pa salvarse.

Tambem foi mal entendida outra proposição, e hera esta: q se de huma pte se puzesse o inferno, e de outra pte a alma em peccado pa receber o santissimo Sacramto, por evitar o sacrilegio, antes entregaria o senhor ao inferno, do q a alma em peccado pois q pa se evitar o peccado dizé os DD se deve antes aniquilar [...] Anjos, etc. Este he o sentido da proposição mas aqui se lhe tem dado outro sentido foi supos ouvido aos meus ouvidos.

Tambem aqui correo fama pla vinda de dous clerigos q tirarão testas no convto e fora delle, q o do Pe fora denũciado ao Sto Offo; e tendo elle esta noticia se me queixou sentindo os enredos do Demonio, não so plo q respeita á sua passoa e Religião, mas plo porjuizo q podia vir ás almas q ha mtos annos fiam delle suas conciencias. Eu lhe respondi q daria conta Conta do q soubesse a Vsa ainda q sei a madureza e rectidão, com q o Tribunal do Sto Officio em toda a materia procede.

No convto das freiras sei, q algumas não abraçarão como devião as doutrinas Evangcas, E por serem Reprehendidas dos seus tratos, não em par-ticular, mas em comum, prometerão de se vingar do Pregador. E passados poucos dias se soou, q tinha sido denũcidado.

Isto he, Senhor, o q por agora me occorre: o q não duvido affirmar sub juramento: e do mesmo modo responder a quaisqr artigos, q me forem pregunta-dos, se necessro for. Deos ge a Vsa Vianna 8 de Janro de 1749

Ad vestros suppliciter provolutos pedes caput inclinat Humilimus servus Apus Nankinen


Legenda:

ExpandedUnclearDeletedAddedSupplied


Download XMLDownload textWordcloudFacsimile viewManuscript line viewPageflow viewSentence view