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Maarten Janssen, 2014-

Sentence view

[1824]. Carta de Cândido de Almeida Sandoval, publicista, dirigida a um juiz não identificado.

Author(s)

Cândido de Almeida Sandoval      

Addressee(s)

Anónimo12                        

Summary

O autor protesta em relação às injustiças de que é vítima e pede que o destinatário, provavelmente o juiz do seu caso, decida aplicar-lhe um indulto de Sua Majestade de que outros já beneficiaram.

Text: -


[1]
Illmo Sr
[2]
Se as prisões são destinadas pa corregir os vicios e castigar os crimes, eu decerto não deveria permanecer em ferros, por mais tempo do que o percizo necessario pa a instrucção judicial da cauza que se me formou.
[3]
Porem Illmo Sr não succedeo assim sendo eu preso em consequencia de uma perfida denuncia dada contra mim pelo mais infame de todos os delatores falsarios, q projectarão fundar sua felicidade sóbre minha ruina e tratou de perder-me.
[4]
Fui interrogado, e respondendo com a verdade q sempre me caracterisou em todas as accões de minha vida politica, a mesma verdade triumfando do mau e implacavel inimigo, obrigar conduzio o Ministro que me interrogou a mudar de opinião
[5]
qto as enórmes accusações que sobre mim passao se resumem e declaram no processo , as seguintes expressões que textualmte transcrevo de novo: «O proguntado (Sandoval), dis dis Menistro: não se prova q haja conspirado contra o Estado etc
[6]
veja-se a conclusão das porguntas, e minhas respostas nos autos.
[7]
Formou-se-me cauzas; produzio deffeza; e não obstante serem tão cláras como os raios do sol, as próvas, que appresentei, inda hoje me acho preso;
[8]
meu filho igualmte em ferros, e minha infelis Mulher, participando de nossa miseria comum.
[9]
Recordareis aqui os serviços que n'outro tempo era de a Patria a á cauza da Realeza, pelos escritos que então publiquei;
[10]
reunir o mayor numero de provas; o poder com estas, anular e destruir todas as calumniosas imputações, que meu implacavel detractor a mim fas, em sua monstruosa denuncia.
[11]
acusou-me aquelle malvado de tramar contra o Estado;
[12]
exigi provas, exigi testemunhas, de umas e de outras
[13]
nem uma produzio.
[14]
Acusame o vil dennunciante de ser eu o author do manuscrito que elle appreséntou;
[15]
exigi próvas ou testemunhas
[16]
nem uma d'estas elle produzio.
[17]
Reppresenta-me o dennunciante em juizo, como homem que buscava reunir conçocios pa meus fins particulares:
[18]
dennuncia algumas outras pessoas q forão igualmte prezas; mas resulta da mais instrucção o intimo convencimto da falsidade do accusador,
[19]
os accuzados forão declarados innucentes e porttanto imediatamte postos em liberdade.
[20]
Illmo Sr não seria injusto q depois de um castigo, que insulta a Lei, por isso que faltão todas as circunstancias por elle presentes; nenhuns indicios, testemunha, nem uma eu soffresse uma prisão mais prolongada, havendo dado antereormte tantas e tão reppetidas próvas de Patriotismo, e adhesão ao Soberano q nos Rége?
[21]
Assim Illmo Senhor, minha sorte achando-se pendente das rectas decisões de VaSa espero que VaSa se servirá tomando em consideração, não qto deixo esposto, como tãobem as Regias e benignas intenções do Monarca, q por sua incomparavel clemencia se dignou perdoar a alguns Réos cujos crimes politicos erão tanto mais aggravantes, por isso que se achavão provados:
[22]
pois dis o Aviso junto: " Foi S M servido resolver, que, os Réos que além de suas opiniões politicas pronomciarão comicios contra a Familia Real lhes possa appresentar o Indulto concedido pelo Decreto 77.º
[23]
Meu atroz denunciante, verdade é, não me acusou, de haver pronunciado esses comicios; mas sim de havellos escrito, o que é o mesmo no espirito da Lei:
[24]
mas ao contrario provada q seja a falcidade da denuncia e por consequencia reconhecido o dólo e malicia do denunciante; não deverião gozar , do mesmo Indulto de que gozaria se culpado .
[25]
Entrego a Judiciosa decisão de VaSa estas naturezas consequencias que , a razão demonstra e equidade ( qualidade das Almas rectas) indica em favor dos desgraçados;
[26]
bem persuadido q VaSa se dignará indagar escrupolosamte minha cauza pa me permittir gozar dos Regios beneficios que nosso Augusto Monarca concede a esta Nação de Portugueses, que S M ordena sejão postos em liberdade rendidos a si mesmos, e a seus deveres.
[27]
Portanto, se esses crimes politicos de q sou accusado se me houvessem provado, ja estaria perdoado pelo Indulto de S M e seria posso em liberdade;
[28]
mas

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