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Maarten Janssen, 2014-

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1603. Carta de Afonso Gonçalves, lavrador, para a mulher, Maria Jácome.

SummaryO autor conta à mulher detalhes da sua vida na prisão, nos Açores, e pede que o apoiem e que ela o ajude a conseguir a liberdade.
Author(s) Afonso Gonçalves
Addressee(s) Maria Jácome            
From Açores, São Miguel
To Açores, Ilha Terceira
Support uma folha de papel dobrada escrita no rosto e verso do primeiro fólio e no verso do segundo.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa
Archival Reference Processo 3983
Folios 19r-v e 20v
Transcription Ana Rita Guilherme
Main Revision Mariana Gomes
Contextualization Ana Rita Guilherme
Standardization Liliana Romão Teles
POS annotation Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Transcription date2008

Text: -


[1]
hesta não he pa mais que pa lhe dar novas de myn que he fiquar de saude mas con mto trabalho na prizão ha coal me fizerão a seu querimto
[2]
he nela estou aguoardãodo por sua pesoa pa me pedir ao sor bispo que tome conxsimto deste cauzo he me sentensee com miziricordia
[3]
he taoto que esta lhe for dada logo com mta brevidade se avie com seu fo he me Venha Ver he negosear minha soltura pois me fes prender
[4]
he la escrevo a meu pai que me mãode saguoro pa me livrar porque estou tão despezo que de duas camizas que tinha chegei a vender hũa
[5]
tãoben pode dizer a minha mai que me mãode o que lhe dei coão me Vyn que tenho estrema nesecidade
[6]
he asin diga tãoben a minhas yrmas me favoresão de camizas porque estou não prizão he paso mal
[7]
coãto a ela não tenho que lhe encareser senão que olhe que estou nesta prizão a quoal e mto estreita he paso mal como asima digo
[8]
he sendo cazo que se não queira Vir ter commigo a resgatarme domde estou na primeira pasage me mãode o meu fo com cosa com que meu pai he mai he ela me mãodar porque não tendo logo quem me pesa ao sor bispo estou en risquo de me mãodar prezo a sidade de lisboa haremetido aos snors do Sãoto oficio pelo que lhe peso que não venha pasage que se não venha hou me mãode meu fo como asima digo
[9]
tenho por enformasão que tenho hũo fo he nha que pariu ventre a aõbos
[10]
envio a benção de ds he a minha
[11]
he sendo cazo que se venha deiche a mosa en caza de meu pai
[12]
a minhas yrmas. lhe mãodo mtas encomendas he a meus yrmãos o mesmo que esta tomem por sua he que tãoben lhe peso me favoresão como irmãos
[13]
não tenho tpo pa mais largo escrever
[14]
ho portador destas que he hũo moso por nome mel natural da grasioza dara meudamte novas minhas
[15]
he diga a meu pai que ho favoresa he recolha pa caza
[16]
querendo ele estar he servir que lhe fasa bon partido pelo amor de min porque heu so fiz abalar pa essa ylha por amor de me levar estas cartas he dar novas meudas minhas
[17]
he ela tãoben o favoresa encoãto ca estiver
[18]
não ha mais
[19]
agora lhe peso me perdoe ho ero en que ate gora ãdei que foi segeira que me deu
[20]
não se oferese mais
[21]
noso sor ma traga diente de meus olhos como ela dezeja sesta nesta cadea da ylha de São migel aos 9 de julho de 603 a
[22]
De seu marido afonso gez

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