António da Cruz e Silva escreve ao padre José da Silveira para lhe dizer que o padre Manuel Tomás Machado o tem tentado convencer a retirar as blasfémias que afirmou mas que, apesar disso, mantém a sua posição.
O Pde Mel Thomas Machado me tem buscado duas vezes
pa
q eu aos seus Rogos Ceda de minha pertinacia, porem
Como Com esta paxão, e a datra
he inutil a disputa: teve pouco
efeyto a Sua persistencia: porq Notificandome esta a Recluzar
a
minha pessoa, tenho detriminado izentarme de dar Ouvidos
a Comtumacias imfructuosas: aSim pa livrarme de Censúras
Comũns esCrevo a V pte pa q aSim
esta lhe for emtregue
vá logo dar pte ao Santo Oficio, q eu faço esta deliga,
por em
tender q a demora deste negcio hera deregida a meu bem, mas
Como
estou estou Rezoluto a desprezar este Beneficio, o avizo
q qdo amenhã me não venhão
buscar do supremo Tribunal
sesta fra detremino eu Ser o q lhe noticie q
as injustiças
Comigo uzadas me derão o verdadeyro Conhecimto do q ignora
va, e
q agora, (e emqto Viver) tributarey adorações a Lucifer
e a Seus Sequazes, em
gratificação das mces q delle espero, e Re-
cebo; Cauza por q a
Renego de Ds e de Seus Santos, pois me de-
zempararão de tudo o q possuhia,
obrando Comigo
Como Uzão
os demonios Com os Condenados: isto he o q digo e Repito
todos
os instantes pedindo juntamte o Castigo a qm pode pa
os oCazio-
nadores do meu padecimto e tudo qto digo he em meu juizo
porq aSim o Creyo de fé e portesto Morrer na Comtumazia
disto q tenho
dito e direy aos inquizidores sesta fra, qdo a-
menhã por via de V
Pte me não Conduzão aos Casares.
Cadeya
da Cide
16 de Julho de 1720
Antonio da Cruz e Silva