O padre Manuel José Ribeiro Pontes escreve ao abade visitador António José Pereira, seu familiar, para lhe dar detalhes de um religioso que proferiu proposições heréticas e para lhe dar indicações sobre como responder à sua carta. A carta é devolvida com a resposta no espaço em branco deixado pelo autor. Lê-se na resposta: «He do Minho».
Mto Rdo Snr Abbade Vizitador Antonio Joze Pereyra
Vmce se não morre esfalfado não presta pa nada.
Era necessario q Vmce tivesse gota, não q o privasse
de
tudo, mas de algumas couzas, pa assim ter algũ
descanço; e eu ainda q não quizera accrescentar-
lhe os trabalhos sempre o vou fazendo: O tal fra-
de
q proferio as propoziçoens chama-se Fr Ma-
noel de Valença, e he pregador; Lembra-me,
se será necessario
averiguar de qual Valença,
porq ouço falar em Valença do Minho; pelo que
entendo haverá outra Valença; se for necessa-
rio assim me avize pa eu o averiguar.
Tambem;
se á Vmce lhe parecer, não esteja a mortificar-
se em escrever; mas no cazo q não seja necessaria
a averiguação de qual Valença, o outra qualquer
couza pa a dita Denunciação, bastará q Vmce es-
creva no sobre-escripto desta carta estas pala-
vras- Não he necessario mais nada-; mas no
cazo
q seja necessaria a tal averiguação, ou outra qual
quer então tenha paciencia, e escreva.
Sou
De Vmce amigo
O Pe Manoel Joze Ribeiro Pontes
Barcellos
15 de Ju-
lho de 1797