O autor conta a um membro do Santo Ofício, seu amigo, que está injustamente preso. Pede-lhe que verifique como as suas razões são verdadeiras.
Meu amigo e meu sr da minha alma e do meu coracão que
he o luguar onde
Vm verdadeiramte sempre asiste e Vivera eter
namente prezo, solto, Vivo, e morto, ausente, e prezente, e sofra
me dilatarme q
a causa o pede e obriga a tudo.
Valhame Jezu Christo q não sei o
q digo nẽ conheco o estado em
q estou q he tal que
ja não permite este istilo perdoeme Vm
qa ex abundantia cordis os loqtr
E posto q me vise no myrador
e a Vm na cadeira de S Po
me não atrevera a mudar de lingoagẽ
porq conheço
a Vm immovel aos desiguais
ballanços de furtuna
e como Ja disse a Vm furtuna nõ mutat genus. Desgracado
mofino sou e fis
provou em mi a sorte todo o Rigor assy no Reino
Como neste Clima aonde posto q me quis de hum golpe
consumir
e desfaser se enganou no tempo pois cometeo a exausão a Vm
com quem elle
nem ella tem nenhũ poder como hu
Vi e Vivi
Não faso como o juis q sei q na justisa verdade emteresa
nẽ sange nẽ amisade nẽ
o poder do mundo todo tem nenhu lugar
pa com Vm e so o tem o zelo e a integridade como em tantos
annos
se tem bem alcansado e se publica em toda a India e Portugal e não
tenha Vm isto por licenca q
mtas vezes o repeti antes deste suceso
Tambem conheco q assi como a amisade me não podera
ajuntar
da justisa sei q no primor e entendimento de Vm me não podera
fazer com q
em minha vida, e em minha honra se queira Vm mostrar
rigurozamte justificado e exemplar antes
sei mto deserto pello q sei só
Vm q com grande gosto e larga
vontade ha de precurar minha in
ocencia minha justisa minha verdade e tão sertificado e firme estou
nisto q
se vir q Vm me manda queimar ainda q verdadeiramente
eu seja inocente e não tenha culpa
tal conseito tenho de Vm de sua
justisa e de seu bom animo q me persuadirei q
justamte me condena
va
Vm e q não pode faser menos q he tudo o q posso diser
neste
particular. Não digo isto porque Vm me deve mais q este amor
e afericão nẽ porque Vm
me tenha outras obrigacois q a criacão da
Vde
Eu sou o que nella na india tenho recebido grandes
inim
A Vm devo a vida e honra e credito pois não tive outrem q me
honrasse
e favorecesse senão o sor Anto
de faria machado sou feitura de
Vm e
tanto me prezo de o ser q tenho meus males por ver q se podera
desfaser
cousa q Vm fes com tanta vontade e bemposto e lhe dey
a licão de 206.3. Manus tuae Domine fecerunt me: et die repent