O autor dirige-se à Inquisição de Lisboa, dando conta das injustiças que dizia ter sofrido perante a própria Inquisição e, pedindo, por isso, intervenção na restituição da sua honra e bom nome.
Snres
Deus seja servido de vos mandar por ob por obra, ẽ en exsequucão a obri-
gação que tendes de restituirdes a honra de Ds, e meu estado, e os
males que occasionastes cõ os pecados de testimunhos falsos de que vos fostes
a causa Snres Inquisidores, que vos certifico que se não cõtenta o demonio
cõ vinte testimunhos falsos cada dia, mas usa de vos como de ins-
trumentos pa enlassar as almas ẽ tantos testimunhos falsos como Eu
sei de certa sciencia per permissão de juisos de Ds scondidos, no
qual vos cuidais q faseis obsequio, a Xpõ mas Ds sera o juis de nossas obras.
quatro vezes vos escrevi per mandado de meus cõfessores retratandome, e dis
disendome dos testimunhos falsos q me fisestes faser, e tanto o ei de faser ainda
a adiante quero diser cõtinuar esta retratação, ate saber onde quer
que eu estiver ser plenissimamete feita a restituição pblica a q sois
obrigados pa o qual vos requeiro da parte de Ds obrigando vos sub
poena de maldicão de Ds se ho não fiserdes, perq tudo falsamẽte me
fisestes diser e fasei cõ hũ medo q podia cair ẽ hum varão mui cõstante
pa ho qual bastão ameassos de hũa desestrada morte e daqui fica claro q
a sentença foi falsa, e de nhũ vigor ou força. e q injustamẽte me tomastes
o patrimonio de meu sacerdosio, e vos obrigo q não somẽte ẽ Portugal ẽ todos
os bispados mandeis publicar esta restauração a q Ds vos obriga, mas
en todas as partes, terras e regioens aonde chegou a fama das tais falsida
des per vos causadas. ẽ prova do qual dou a Ds e a todo o mundo a cõ
versão de almas q precuro, e troco todos os trabalhos pola redução de duas
pesoas as quais Eu mediante a graça de Jesũ Xpõ negocei, instrui, e trabalhei