1593. Carta de Francisco Fernandes para destinatário anónimo.

pois me disestes q me cõfesase a vos isto minha omRa ja esta perdida pois me fiz cornudo meu corpo pois a Justa me quer emforquar nã esta mto guanhado pois ha allma levem na todos os diabos a comfisãa q tenho pa fazer he a seguimte e he de todo coRacam

aReneguo da augoa do bautismo e do olio e crisma que Recebi he quer me queymen quer me apedrejem vivo protesto de nã moRer na fe de cristo amtes me pesa mto de certas misas q aqui mãdey dizer he de allgũas oRacois e esmolas que aqui tenho fto he a causa disto he porq me premderam na igra he porq eu sey q me valia e nã me tornarã ha ella faco isto porq eu sey como acomteceo ho meu caso e por iso diguo q e na vdade q duas tas q me comdenaram dizemdo q de bertolameu treycam mẽtiram e juraram fallso outra causa tenho a querer moRer fora da ley de xpo he e que hũ Judeu amiguo meu me dise hũ dia q nã crese em cristo porque os Judeus ho mataram por se fazer fo de ds mas q elle nã no eRa e eu asi ho creo outro Judeu me q as oRacõis q se Rezavam na tera q nã eRam ouvidas no ceo he eu asi ho creo he bem as vejo porq se elas se ouviram tamtas como eu tenho Rezado não podeRa deixar ds de ser servido q a casa omde me a min prẽderam me valera pois se chama casa de ds mas como diguo emtemdo nã ter cristo ese poder nẽ se sallvarem os q na sua ley creram eu follguara de cheguar q vira esta tera chea de luteranos he as igreyjas deRibadas e q serviram d estrebarias pois nã ham de valer haos homẽs e isto digo de coRacam e de ve he esta a comfisam q tenho de fazer e outra nã e mais me lembra que ouvi dizer a dois cleriguos q viram hũ livro q dezia q nãa avia paraiso nẽ inferno e eu asi o creo e asino aqui de meu sinall de xxij de novẽbro de 1593 anos