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1561. Carta do padre Matias Bicudo Furtado para Lourenço Pires de Távora, embaixador em Roma.
Author(s)
Matias Bicudo Furtado
Addressee(s)
Lourenço Pires de Távora
Summary
O autor, residente no Cairo, dá cabais informações ao embaixador português em Roma: refere-se longamente a assuntos de política, viagens, comércio e relações pessoais.
e açerqua das cousas de suez não há q de novo lhe
(como digo) tudo ali está em calma/ aqui no cairo faz e te
nho entendido avera pera se poderem armar xxb galés/
A madra de q avisado tenho ser vindo em quatro naos hé já toda
vinda d Alexandria aqui e os nossos portuguezes passarão os dias
passados o tempo em trazer as costas da borda do nillo a hũa terra
çena q perto está onde se poem em pilha, he antre elle remos mais
de mill//
Tanto q Anrrique da gama aqui chegou compeçou logo a mostrarse a toda
sorte d homẽ crendo q po esta via lhe viria a salvação/ e foi isto tão desor
denadamte q vendo eu os dãnos q daqui lhe poderião vir lhe fiz por hũ
portuguez desses cativos amigo meu entender quã errado caminho
levava pa poder alcãsar o q tanto mostrava desejar e q soubesse
çerto q nesta terã avia hũ homẽ mto particular servidor de vs e que
por sua liberdade faria tudo o q fosse possivel/ a qual cousa seria
mto façil se elle de sua parte puzesse hũa pouca de paçiençia somte
e q çedo por carta de vs veria a çerteza do q lhe dezia/ ficou elle
algũ tanto acquietado com esta esperança e ao seu servidor es
creveo hũa carta e nella me dava conta de suas cousas e me roga
va quisesse verme cõ elle/ não quis eu nesta parte fazerlhe serviço
vendo quã rota a fama de sua fugida entre judeus andava mas não
deixei de o fazer cõçolar o milhor q pude dandolhe a causa por q
ao tempo se não podia por em obra o q eu po elle desejava fazer/
passou algũs dias cõ esta esperança e vendo q o q eu lhe dezia se dillatava
mais do q elle qria tornou de novo a matarme com recados vão e
recados vẽ, e poderão tanto os descõçertos q nesta partida fez q temẽ
do eu hũ mais grave quis cair em hũ não peqeno erro e deter
minei verme cõ elle e antre as mais cousas q cõ elle passei
lhe pedi se lembrasse de quẽ era e q pois nosso señor o avia tra
zido a tal estado soubesse elle averse como homẽ prudente e maduro
e não como mãcebo na qual cõta o tinhão os q de seus descõcertos sa
bião prometendolhe por sua liberdade fazer o q por minha propia
pessoa deveria cõ outras pallavras cõ q elle devera ficar satisfeito, mas
não quis minha vẽtura e triste sorte q isto lhe podesse persuadir
mas queria (sem ponderar o perigo em q todos encorriamos) se puze
sem logo em execução çertos conçeptos (ou por milhor dizer) sonhos
seus/ mas como nosso señor nos maiores trabalhos se ache
quis por sua bondade infinita socorrernos cõ a carta de vs