PSCR0061
[1554]. Carta de Dona Isabel Moniz para Cristina, sua sobrinha.
Autor(es)
Isabel Moniz
Destinatário(s)
Cristina
Resumo
A autora queixa-se das muitas necessidades que passa e do seu desejo de receber mercês do rei.
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Jhus
snra filha minha
( do meu coracão he verdade q os meus olhos vos ande ver
tão cedo como dezeis praza ao snor des
q me de esforco pera acheguar a hese
tenpo porq fuy senpre tão mofina q
nuqua aquabei de ver cousa d algua
minha cosolacão quanto mais esta de
mi tão desejada como sera ver a mi
nha dona xpina nos meus bracos don
de antão muora porq não quero mais
vida q ate cõvosquo desquasar e
deixarvos desquasada filha da
minha alma seja o despacho como
ds quiser e ouver mais por seu sirvico
q ẽquanto eu tiver o q ds quererar
q sua a me não tire aida q o faca a todo
o reino sepre sera voso porq ja não quero
nada senão pera vos e se for necesa
rio a vosa honra ir me meter na
madre de ds sobre minha vilhice
o farei porq ja são certa q os q mais
forão a minha chagua menos de
merceis tiverão e não me fiquar
de ser sua mai senão lagremas
e sõgeicois cõ q não poso morer senão
padecer asi q vos não agaste
sairdeis cõ o q me madais dezer o qual
eu dobrei por minha hõra cõ dezer q
suas altezas vos fizerão m de du
zentos curzados ẽ quada hu ano
ate vos asetarẽ algua m cõ o mais
q vos escrevestes asi q o asi dei e por
q eu não fique ẽ falta nesta ter
ra espera por aquele
snor se nela criar e ver alquacãr
car eu muitas merceis de suas
altezas e mais verẽ a minha sogẽ
cão e vida por ode nada desme
reco : noso snor seja louvado cu
tudo e so nele cõfio q me cõsolara
donde pera senpre espero viver por
q tudo o mais he vento e vaidade
mais q ter hua sostentacão nes
ta ẽpresa da vida pois se não
pode iscusar : nesta deradei
ra carta q me escresvesteis
me disesteis de como quiriais pi
dir a sua a q me fizese m dos
moios q me ja dava a que
ds como sabe a minha nicisidade
e asi quiriais pidir as especias
e acuquer q vos eu tanto ẽcome
dei porq des q estou como sabeis
nesta quasa nuqua dela ricibi
por muitas q a quasa viesẽ q comi
guo husasẽ dua curtisia de
me darẽ hu pão de mea honca
de quanela nẽ doutra cousa
ninhua e sua a cudara o contraro
do qual deize a verdade pois eu
por minha cudicão lho nuqua quis
escrever e as misquidades q
a abadesa dona lucrecia comiguo
tei husadas fazendolhe eu como
sabeis antes q hela fose abadesa
muitas quaridades de q he bem
esquecida como se vio abadesa mas
he tão mofina q tudo se lhe sume
antre as mãos como todas ve
asi q trabalhai por sua a me fazer
m d algua cousa destas porq ẽ
minhas douencas gasto muito e es
ta faco haida bem fraqua do muito
sague q me tirarão e por me aida
não alevantar não falei a dona fi
lipa abadesa de lorvão a qual me vi
nha ver muito secretamente
e esteve aqui hu dia escõdida e por
eu não poder ir a grade se foi e ã
na pinta lhe falou pola qual me ma
dou dezer q não vinha senão a a
visar e mi toda a parte q ẽ lorvão
tinha e ẽtreguarme as suas le
tras o qual eu não quis aceitar cõpare
ceo de sua a me não querer fazer
esta m porq me parece q a mais
por seu sirvico q eu ande as sol
dadas q não q se ẽxergue e
mio pera q são asi q se foi cõmo mão
dar aguasalhar como a hua dona
da guarda q me vinha ver como
quis q se disese e q cõtudo me a
via de tornar a fretar nada de
sejo e nada quero senão vervos meu
coracão ẽ algua honra antes da minha
morte a qual sepre tivi ẽ vida ha
trita e dos anos q me não são hu
so dia ẽtero sẽ doenca ou desgosto
como a vinte anos q me vedes pade
cer e aguora estar tal q me não
conhecereis ho minha filha vidi
nos antes q de todo aquabe
de morer sẽ vos e trazeime mui
tas bonas novas de suas alte
zas pera minha cõsolacão e asi
beijai por mi as mãos ao snor secre
tario a q afiquadamente pi
di a ds a sua vida e asi a sra
sua molher cuija mui certa sua
horador são // a bencão de ds
e a minha vos mando e ao snor
meu filho feita a vinte d
abril desta hera de quatro
da vosa verdadeira mãi
dona isabel moniz
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