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[1827]. Carta de Maria José de Miranda para seu filho José Caldeira Vieira de Andrade, cadete.

SummaryA autora avisa novamente o filho para não voltar para casa.
Author(s) Maria José de Miranda
Addressee(s) José Caldeira Vieira de Andrade            
From Portugal, Elvas
To Portugal, Lisboa
Context

Cartas da mãe do jovem José Caldeira Vieira d’Andrade, cadete do Regimento de Cavalaria nº 3 de Elvas, acusado de desertar do exército.

Este processo judicial e as cartas dele retiradas podem ser situados no momento das primeiras tentativas de revolta militar contra o recém-instalado governo absolutista de D. Miguel. Ao longo da primavera de 1828, ocorreram levantamentos liberais em diversas cidades do país, entre as quais o Porto, onde se chegou a formar uma Junta Governativa. Esse foi também o ano em que um grupo de estudantes de Coimbra, pertencentes à sociedade secreta “Divodignos”, assassinou a delegação de representantes da Universidade que se dirigia a Lisboa para felicitar D. Miguel.

Além da resposta militar a estas ações, desencadeou-se por todo o país um movimento, muitas vezes referido como “Terror Miguelista”, de perseguição e repressão dos simpatizantes liberais. Bandos de "caceteiros” atuavam pelas ruas com impunidade e os oficiais do regime prendiam à mínima denúncia, sem necessidade de averiguação.

Bibliografia

Luís Reis Torgal e João Lourenço Roque (coords.), José Mattoso (org.)

História de Portugal, vol. V: O liberalismo (1807-1890)

Lisboa

Círculo de Leitores

1993.

Support meia folha de papel dobrada escrita em todas as faces.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Collection Feitos Findos, Processos-Crime
Archival Reference Letra M, Maço 9, Número 16, Caixa 19, Caderno [1]
Folios 11r-12v
Transcription Cristina Albino
Main Revision Cristina Albino
Contextualization Cristina Albino
Standardization Clara Pinto
POS annotation Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Transcription date2007

Sentence s-3 eu a todas tenho dado resposta e sempre te tenho dicto q deves fazer e quaes são as tuas tristes sirconstancias
Sentence s-4 a respeito da lisença no dia 18 deste mes foi outra ves pa Lisboa porq tinha hido no principo do mes e tronou outra ves a vir pa ca porq tu não estavas em caza das primas
Sentence s-5 temes feito tudo quanto temes querido e athe nunca temes pencado nos theus trabalhos
Sentence s-6 eu por mtas vezes te tenho dicto q fostes pronesiado na davasa e q não deves vir pa e nem mesmo ahi deves aparaser porq deserto te han de prender
Sentence s-7 e aqui se tem feito todos os males q posilve
Sentence s-8 cada ves maiores dezordens cada ves se trata mais degrasar jente
Sentence s-9 todos os que se prende são apredejados e athe agora lhe dão estocadas
Sentence s-10 asim fizerão ainda onte a hum homem xhamado Manoel Joaquim o qual desde sua caza athe a cadeia lhe derão sinco estocadas de q esta a morer
Sentence s-11 isto o povo
Sentence s-12 e os crimes deste desgrasado foram calunhas e mentiras
Sentence s-13 e por esa rezão foi pronesiado e asim foi theu Pai e tu
Sentence s-14 tudo forão armados aqui e athe se comprarão Mtas estemulhas a dinheiro
Sentence s-15 emfim proezas q não tem conto
Sentence s-16 eu tenho estado mto duente por tantos desgostos e aflisoens e mtos cuidados q tenho comtigo porq vejo q não temes joizo e q hei de pasar pelo o desgosto de q te prendão
Sentence s-17 quanto tenho estimado q não tenhas estado nesta malvada terra e nem theu Pai
Sentence s-18 não sabes qual foi a fertuna q todos tivemos
Sentence s-19 emfim o mais fica pa a vista porq agora não logar
Sentence s-20 Ds nos cuda e se lembre desgrasados e no deie ja susego
Sentence s-21 não mandes ca atestado o Comandante porq hum capitão q veio da espanha xhamado o damas e asim tem joizo
Sentence s-22 não queiras q saibaso de ti pois o Ro nada tem ja nada comtigo porq alem de teres lisença mas ainda q a não tiveses héra o mesmo porq a vires serias o mais desgrasado q posilve porq alem de seres prezo havias de sofrer todos os sultos q aqui se sofre pois morer
Sentence s-23 e asim não fasas senão o q te digo
Sentence s-24 estimo q tenhas axhado pesoas q te tanho feito tanto bem e Ds seja servido recopensarlhe com mta saude e flesidades
Sentence s-25 e eu da ma parte lhe dou mtos agradesimentos por tantos favores
Sentence s-26 e tu deves q o theu comportamento seja como de pesoa de bem e ter pasiensa pois os trabalhos forão pa os homens e nesta Epoca os tromentados são todos os q são pesoas de bem
Sentence s-27 emfim Ds sobretudo elle nos cuda a todos
Sentence s-31 Os sobrecrisco das cartas venhão pa Izabel Maria Viuva e pa ti ha de ir de ca pa o Snr Antonio Luis de Guiar
Sentence s-32 e não mandes dizer nada porq aqui sertas cartas são abertas pa se ver o q dizem e se são algumas notisias tudo prigozo
Sentence s-33 logo q resebas esta resgaa e todas
Sentence s-34 não tenhas comtigo papeis

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