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Maarten Janssen, 2014-

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[1617-1620]. Carta não autógrafa de Antónia Leal, mulher de um sapateiro, para um membro da Inquisição de Coimbra.

SummaryA autora enumera os argumentos que a levam a considerar que o seu cunhado é judeu.
Author(s) Antónia Leal
Addressee(s) Anónimo115            
From Portugal, Coimbra, Semide
To S.l.
Context

Carta de denúncia não datada, arquivada entre documentos de 1617 e 1620. O autor material da carta, apesar de não assumido, parece ser um padre a quem Antónia Leal denunciou o cunhado.

Dentro do fundo do Tribunal do Santo Ofício existem as coleções de Cadernos do Promotor das inquisições de Lisboa, Évora e Coimbra. O seu âmbito é principalmente o da recolha de acusações de heresia. A partir de tais acusações, o promotor do Santo Ofício decidia proceder ou não a mais diligências, no sentido de mover processos a alguns dos acusados. Denúncias, confissões, cartas de comissários e familiares e instrução de processos são algumas das tipologias documentais que se podem encontrar nestes Cadernos. Quanto ao crime nefando e à solicitação, são culpas que não estão normalmente referidas nestes livros.

Support três primeiras faces de uma folha inteira de papel dobrada.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Coimbra, Cadernos do Promotor
Archival Reference Livro 285
Folios 250r -251v
Transcription Rita Marquilhas
Main Revision Cristina Albino
Contextualization Rita Marquilhas
Standardization Rita Marquilhas
POS annotation Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Transcription date2000

Sentence s-2 eu sou hũa molher cazada neste lugar de semide com homem capateiro q se chama andre marques he ha dous ou tre mezes que temos em caza hua minha irmão com seu marido ho qual não sabemos d onde he nem se he gudeu nem se he truquo porq diz q os trusquos q dizem q a snra q não pari sem varão
Sentence s-3 e he ho arenegado q tal diz deve de saber muito dela
Sentence s-4 este homem chamamlhe ho arenegado no fundam onde esteve cazado com outra molhe cristam nova e gavace q fez la feitos q ho não queimarem lhe roubaran a gustixa e anda por escumugado
Sentence s-5 disto mesmo se gava ele
Sentence s-6 he homem q arenega de deus e de seus sanctos e arenega dos osos dos sanctos dos aterez gura polas tripas de deus gura polas chagas do diabo e emcomedase a elas q lhe valham os seus trabalhos
Sentence s-7 diz q se deus o matar de fome q ma bocado a deus de comer dele e q ha d acabar d arenegar
Sentence s-8 dix q a augua q he maldita e q os malditos vam pidila a deus do seu
Sentence s-9 dis quando ha de dizer esperaime em pratiqua diz q lhe esperem ate vinda de cristo
Sentence s-10 nisto mostra ser gudeu q não crcer cre q he vindo ho mundo
Sentence s-11 diz q deuos q não pode perdoar pecados
Sentence s-12 diz q deus q não pode remediar trabalhos
Sentence s-13 diz q hũa pecadora q se não pode salvar nem deus a pode salvar
Sentence s-14 diz q os p pecados garandes q se não am de comfecar senão porse os peis do comfecor e por os olhos n no seu e q logo fiquam perdoados
Sentence s-15 diz q não tem q ir fazer a igreia nem tem q ir la ver
Sentence s-16 diz q quer mal os qrelegos e as cousas da igria
Sentence s-17 diz por esquarneo nouvada seja a caralhinha de c cristo
Sentence s-18 diz quando diz sua molher os poderes de deus nos valham respomdeponde os foderes de deus nos valham
Sentence s-19 diz q dezeja de dezonrar hũa filha dum crelego pelo mal q lhe quer e quando não puder q ha de ver se pode acolh ho propio crelego e q com ele ha de dormir e e desomRalo pelos a Pater e apouquar
Sentence s-20 he homem q migou na natureza da sua mula dizendo q a mula q estava com dezejos de fazer tal couza e q o conhicia a a mula
Sentence s-21 e diz q não he bautizado nen he cristam q pera o ser q ho am de tornar a bautizar
Sentence s-22 diz a mulher q lhe beije sua natureza e q compriRa com ela na boca e por detras
Sentence s-23 diz q dorme com a mulher por não dormir com hua bura
Sentence s-24 diz q os sancntos q sam abamtasmas e antam trona a dizer q o dizem os trusquos porq se teme dos bõis cristãis q lhe vam ha mão
Sentence s-25 diz c o cazamento q se não fez per bom titulo nem pera acrecemtamemto do gerun umano senão pera velhaquear sem aver fruto de bemsam
Sentence s-26 e se lho deus da q ho ha de matar
Sentence s-27 diz q sabe quem dormim e desomrou hua minina de tres anos
Sentence s-28 diz q em algũas couzas pode o diabo mais q deus
Sentence s-29 não quer q sua molher va a igreia nem reze
Sentence s-30 dizlhe q lhe não quer ver as comtas na mão
Sentence s-31 pormeteu a sua molher de a matar se ela cofecaua pecado mortal
Sentence s-32 e ela como boa cristam e filha de bom varam e de boa cociencia se lhe sair de seu mando so pelo comfesar
Sentence s-33 e eu amtonia leal ando esperado pola boa ora com as ilhargas cheas por iso não poso irme aquzar a esa sancta imquisisam
Sentence s-34 e sou molher q não poso ir a pe nen a bariga me deixa por iso busquei este padre pera acim por minha comsiencia e desemcareguar minha alma ate poder ir a esa sancta caza
Sentence s-35 e se morer ja fiquo desemcaregada sobre a comsiencia deste comfesor

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