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1823. Carta anónima dirigida a Simão da Silva Ferraz de Lima e Castro, Intendente Geral da Polícia.

SummaryO autor escreve a denunciar Francisco José Rodrigues por conspirar contra o rei.
Author(s) Anónimo101
Addressee(s) Simão da Silva Ferraz de Lima e Castro            
From Portugal, Lisboa
To Portugal, Lisboa
Context

Francisco José Rodrigues foi acusado, através de cartas anónimas, de injuriar o Rei D. Miguel e a sua real família numa loja de bebidas na Calçada do Duque, em Lisboa. Esta carta foi enviada quando o réu já se encontrava preso.

Support uma folha de papel dobrada, escrita nas duas primeiras faces.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Collection Feitos Findos, Processos-Crime
Archival Reference Letra F, Maço 6, Número 46, Caixa 15, Caderno 2
Folios 3r-v
Transcription Cristina Albino
Main Revision Cristina Albino
Contextualization Cristina Albino
Standardization Clara Pinto
Transcription date2007

Text: -


[1]
Illmo Snr Intende Geral da Policia
[2]
A piedade mal entendida, um vicio ainda mais perigoso do que o Rigor, e as virtudes degenérão, elevadas q sejão aos extremos.
[3]
Por conseqe, perdoar a hum malvado, a hum criminozo d' Alta traição que se atreve a proferir a jactancia de suas proprias maldes he, todavia, animar os outros ao Crime, multiplicandose por este principio o numero dos criminosos, franqueiando-lhes campo pa perpetrarem outros maiores.
[4]
pois dever d' hum portuguez honrado, amante da Sta Relegião, do seu Augusto Soberano, e não menos dos Compatriotas q o imitão, lembrar a VSa o quão danosas, e terriveis conseqcias q se seguem da conservação dos malevolos na ordem social, e quão proveitoso se torna á mma decipar, ou banir do seu centro estes monstros de prefidia.
[5]
Hum filho da perdição, por nome Francisco Jose Roiz, morador na rua Direita da Encarnação n 32, tem perpetrado o horroroso crime de macular a Augusta Pessoa do nosso amado Soberano, proferindo contra sua sagrada, e virtuosa Magestade, e familia Real, os mais atrocissimos e puniveis convicios com escandalosa infamia em publico, e em particulares conventiculos, não escapando ainda mmo em sua maledicente linguagem as authorides constituidas no menisterio; acrescendo a tudo isto, o ser hum perfeito vadio sem emprego, ou ocupação alguma, tendo apenas o de Alcoviteiro de sua propria fama com offensa, e ludibrio da mma sociede.
[6]
Este monstro de crimes horrorosos deve, qto antes, ser banido,
[7]
aliás será victima desgraçada ás mãons daquelles q prezão a virtude, e odeião a prevaricação dos malvados.
[8]
Deos guarde a VSa como lho dezeja.
[9]
Hum Anonimo, Lxa. 20 de Junho de 1823

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