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1823. Carta de Dona Isabel Maria de Leirós para Fernando António de Almeida, fazendeiro.

Author(s)

Isabel Maria de Leirós      

Addressee(s)

Fernando António de Almeida                        

Summary

A autora suplica a uma vítima do marido que lhe assine uma certidão legal de perdão. Evoca as ligações ilustres que a família do marido tem e faz ver que tem filhas e um filho melhor, além de estar grávida.

Text: -


[1]
Exmo Snr D Fernando de Almeida
[2]
Dezejo q V Exa e toda a sua Illustre fama goze de huma prospera Saude, e q me de emenças oCaziens em q mostre a V Exa qto lhe sou Obregada
[3]
As vertudes, e bondades de V Exa e da Sua Exma Snra são Constes e eu observei qdo me deitei aos Illustres pes de V Exa pa que V Exa perdoaçe o meu Infes Marido,
[4]
o Exmo Snr D Pedro Alborque Monteiro Mor pode dezer qm he a nossa fama
[5]
eu me vejo serçada de trabalhos Com duas meninas e hum fo menor, e pegada Como fis ver a V Exa
[6]
eu neste mundo não tenho outro Pay nem outra May, senão a V Exas
[7]
Vós Exmos Snres pellas chagas de Christo, pello santissimo sacramto e por nossa snra da Comcam aCuda a huma Infes mer Infes e rapariga q se ve sercada de prigos, e trabalhos
[8]
os Céos permetão defender a V Exas de todos os prigos e de trabalhos e de boas Sortes aos seus Illustres fos q haja V Exa de me acudir
[9]
qm milhor o pode fazer de q huns Paiz tão vertuozos
[10]
e lhe pesso pelo felis Dia 5 de Junho en q o mais bello dos Monarchas requebrou os Seus poderes, e q V Exas se verão Livres dos malvados q lhes querião demenuir as suas rendas
[11]
o Intendente he benemereto e bom homem, e vertuozo;
[12]
remeteo o porcesso pa o Juiz do Bairro do Lemoeiro, Franco de Paullo Otellim morador a Santos pegado Com a Igreja; Cavalleiro do Abito de Chresto
[13]
asim recorro a V Exas a Esmola por Deos Snr nosso Ja q me quer valer Como me pormeteo de aSegnar o papel Incluzo o fazer hum Igual e mandar me dizer onde he o seu Taballião e pedir ao do Juiz e o Intendte por aquelle Infes desgraçado, homem que se ve entre ferros sem azilo sem amparo mais do q os Céos e agora de V Exas
[14]
eu e meos fos e maredo não nos fartavamos de recorrer a nossa Snra pela Conservação de V Exas
[15]
meu maredo prostrado pede mil perdoens a V Exa pello amor de Deos
[16]
Snr Exmo vejome nos termos de me meter em huma Cama e nella fexar os olhos, por me ver Infes e pegada sem q tenha amparo de pessoa alguma, e en termos de meu maredo perder o Offco de Escrevão da Provedoria de Tavera q Estta a Consultar no Dezembo do Passo, e huma Demanda que trazemos á 6 annos no Juizo da Coroa da 2a vara Escrivão Almda na Travessa dego na rua dos Doiradores Com 2 Prezos no Reguengo do Algarve Como V Exa se pode enformar,
[17]
e na Sua Illustre Caza tem V Exa hom criado q foi do Provedor do Algarve q o pode dizer qdo La vio meu home a Cuidar na da Demanda, e qm he a fama de meu home q he parente das Asafatas Pintos Ribeiros, e pela parte de Pedro Corra de seixas inda parente de D Anto Rangel e do Padilha
[18]
portanto meus Illustres fidalgos aCudãome pellas xagas de Christo e valhãome e a meus Infes fos
[19]
V Exas se podem enformar de ma Conduta q não pode ser maior
[20]
eu mora na Calçada d Sta Anna No 154, terçeiro andar da Derta será mais façil morrer do que valerme de meos Inpropreos ao nasçimto
[21]
so V Exas huns Pais cheio de tanta Carede he q me poden aCudir
[22]
he perçizo q Conste junto aos auttos o perdão de V Exas
[23]
S C 6 de Julho 1823:
[24]
Sou de V Exas mto atta fel Vor e C mto obrigada D Izabel Ma d Leiros

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