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[1620-1621]. Carta de Antónia Gomes Freire para o padre João Félix de Lima, seu irmão
Author(s)
Antónia Gomes Freire
Addressee(s)
João Félix de Lima
Summary
A autora acusa o destinatário de a prejudicar no seu processo inquisitorial.
Text: -
[2]
Avisei a vm o q avia socedido em o meu
negosio E q por remedio da vida me foi a
cim necesario E como o revogar he o con
trarios he couza q nessa caza não ce con
cente em nenhua maneira não me
comvem
[3]
maravilhada fiquo de vm me
tratar como estranha E a cabo de tanto
tempo de pricão não estar inteirado
ao q cheguão tão grandes trabalhos
q não tem lemite
[4]
E asi hei mister mto
pa responder a este ponto
[5]
pola ver
dade pus a vida não pude mais
[6]
so
lhe lembro q tenho temor de ds e
verdade meus pecados a escureceu
q não val aqui por mais q mostrem
[7]
a outra q vm chama outra esta des
pachada cõ 15 ou 16 tas E cõforme a isto
comvemcida porq a metade bastava
[8]
E como são adaracões não ha livramẽto
nẽ ela podia andar Em brigas
[9]
o q vm
des d abonacão he couza de q se não
fas cazo nesta caza
[10]
E aqui so valem cõ
traditas q cai em graca a estes cenho
res E co duas o tres tas
[11]
e vm pela ga
nde obriguacão q tem de Irmão lhe escreva q não tome morte tao a
frontosa pois he cõtra a fe de
christo q por ella he bem q todo o chistão
mora
[12]
ela esta na quarta do simo piqueno
e por essa via o pode vm facer q esta sra
he muy candoza pa os prezos
[13]
espero
em noso sro em sua mizericordia nos
de de acudir E remedear a todos como
o faz ate os filhos dos corvos qdo o chamão
[15]
despois deste estar feito me derão dous
de vm os quais não cei responder
[16]
neles
vejo me quer ver queimada
[17]
não me a
trevo a tal morte q o auto pasado estive
cõ hũa mulher de mãos atadas
[18]
dise me
não devia a noso sro tal pecado q hera
catholica
[19]
naquela ora desperou q pois
noso sro não lhe acodia não quis cõfecar
os pecados do mundo
[20]
nẽ apostolos nẽ nim
guẽ a pode abrandar
[22]
pois eu
não tenho animo tratos q estou
mto doente não me poso ter
[23]
despois q cõ
fecei tal falcidade nuqua mais meus
olhos cecarão de chora
[24]
ate a vizinhaca
ce agasta de me ouvir chora
[25]
as copanhei
ras não me podem sofrer centindo tudo
o q vm dis não ser ja remedio
[26]
a dor e
arepindimento q tenho me basta
[27]
tudo q vm me escreve he
santo mas veo trade q todas as
cousas de vm vem trade mal e
nuca quando prederão a vm q
veo a este cacere preguntarã por
esta cem ventura pa estes cõselhos
e não despois de cem remedio me
magoa me chama nomes
[28]
eu não sou
pedinta nuqua foi a sua porta pedir
esmola q mentiras lhe dise se conso
la
[30]
bem fas chamar me tola
pois eu me não cazei a farto cõ hũ
cristão velho por fazer a vontade a
meu pay e a vm
[31]
me forão cazar no can
ta do porto de mã sortẽ pa mï
[32]
vm tem
mtas culpas cale a boca
[33]
estive hũ ano
e nove meses em lxa vinda de tão
mã tera e certa a mãodarame pa
fora do
[34]
outra husou
eu a q não cepultara
[35]
mas não conheso tal molher e outras
couzas q não são pa agora
[36]
vm livra se
não tem nem judeo
[38]
não me es
creva nẽ magoa o são benito
e minha dor mais pasou
[39]
noso sro
por me levo a crus a costa
[40]
não he mto por meus pecados
vergonha
[41]
meus filhos não ham es
molar a vm ne seus averes
[43]
tirando me ds daqui la
vou pa elles q estão la mtos ricos
[44]
o le
trado manoel mende da sua mo
lher sahio daqui mal e seus filhos
são abades aqui em lxa
[45]
e queima
da fica desonrada te a quarta gera
cão
[46]
todos que são
muitas tas herão cõtestes
[47]
cõ tres co
testes more aqui hũa pecoa polo q
me não de mais lancadas
[48]
vm nũca
me nomeou por irmãa ne o fasa a
gora
[50]
escreva ce cõ sua
irmãa a esperanca q eu ja não o
sou
[51]
noso sro o livre como vm de seu
e a todos amẽ
[52]
silva quem me
enganou hira ao inferno dar cõta de mi
se perder o sizo não tever remedio como
irmãa do doutor
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