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Maarten Janssen, 2014-
Summary | Num misto de queixas e recriminações, a autora adverte o seu padre confessor para que admita as suas culpas perante o Tribunal do Santo Ofício. |
---|---|
Author(s) | Leonor Caetana |
Addressee(s) | André da Conceição |
From | S.l. |
To | Portugal, Vila Real |
Context | Acusado de solicitação e molinismo, o padre André da Conceição teria mantido atos torpes com as suas confessadas e filhas espirituais, faria demonstrações de pretensamente ter dotes de adivinhação e recomendaria o tocamento das suas mãos como bom remédio a certos sustos e superstições de que as mesmas mulheres padeciam. Adicionalmente, afirmava lograr certos favores especiais do Céu “e para encobrir o seu engano e persuadir o veneno da sua doutrina lhes mandava fazer muitas penitências e orações e visitar vias sacras”. Parte da correspondência trocada por este padre confessor em contexto de direção espiritual está guardada em dois processos distintos da Inquisição de Coimbra: 3326, em que ele é réu, e 9942, instaurado a uma das suas seguidoras, Margarida de Jesus, a 'Feia'. Desta produção epistolográfica, destacam-se vozes femininas – Leonor Caetana e Margarida de Jesus, a 'Feia' – mutuamente referidas nas cartas encaminhadas ao padre confessor. De sublinhar, contudo, a existência de duas cartas escritas pelo padre José Rodrigues de Morais (de origens muito humildes, homem bem procedido e “metido a beato”, ecónomo na igreja da vila de Torre de Moncorvo), muito embora assinadas por Margarida, sua autora mental. As constantes referências ao demónio como “meu moço” encontram ligação com o adágio popular «Até o diabo, quando era moço, era bonito». A correspondência inclusa nestes dois processos inquisitoriais resulta de duas formas de incorporação em momentos distintos: Por um lado, deparamo-nos com parte do correio trocado entre André da Conceição e Leonor Caetana, o qual chegou ao conhecimento da Inquisição de Coimbra por entrega voluntária desta última a um padre missionário. Inclui, como vemos, a carta que esta lhe escrevera «ao depois que conheceu o erro e engano em que estava» (TSO, IC, proc. 3326, fl. 32r). A estas provas documentais somaram-se as declarações prestadas tanto por esta mulher como por Antónia Maria. Com efeito, a validade e credibilidade destas testemunhas saíram reforçadas à vista do teor das cartas escritas pelo denunciado e deram origem à instauração do processo. Quanto às cartas e orações redigidas por Margarida de Jesus, foram encontradas entre vários papéis mantidos na posse do réu num momento posterior à saída deste em auto da fé. A ligação desta mulher ao réu remontava ao tempo em que ele estivera na Torre de Moncorvo, cerca de 1730. Margarida manteve contacto mesmo após a sua transição para outro convento, partilhando amiúde as suas experiências e práticas, nomeadamente os favores e revelações que cria receber de Deus, as perseguições do demónio e o teor de várias visões. Dada a relevância destes testemunhos manuscritos, foram prontamente encaminhados pelo padre provincial da Província da Conceição. Temia o comissário do Santo Ofício de Vila Real que o denunciado, «vendo que lhe faltavam cartas das confessadas» e sabendo a causa que contra ele se compunha, se pusesse em fuga. . |
Support | uma folha de papel escrita no rosto. |
Archival Institution | Arquivo Nacional da Torre do Tombo |
Repository | Tribunal do Santo Ofício |
Collection | Inquisição de Coimbra |
Archival Reference | Processo 3326 |
Folios | 24r |
Socio-Historical Keywords | Ana Leitão |
Transcription | Ana Leitão |
Main Revision | Raïssa Gillier |
Contextualization | Ana Leitão |
Standardization | Raïssa Gillier |
Transcription date | 2014 |
[1734]. Carta de Leonor Caetana, recolhida, para [frei André da Conceição],
sacerdote franciscano.
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