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Maarten Janssen, 2014-

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1662. Carta apógrafa, de Bartolomeu da Costa, homem do mar e cativo dos turcos, a sua mulher, Madalena Francisca, mulher que vendia peixe.

SummaryBartolomeu da Costa escreve da ilha de Rodes à mulher dando-lhe conta da vida miserável que leva na galé. Pede-lhe que ela o resgate.
Author(s) Bartolomeu da Costa
Addressee(s) Madalena Francisca            
From Rodes
To S.l.
Context

A ré deste processo de bigamia era a mulher de Bartolomeu da Costa, Madalena Francisca, natural de Lisboa e aí moradora, vendedeira de peixe na Ribeira. À data do processo, Madalena tinha mais de cinquenta anos e casara-se pela primeira vez havia 25. Após cinco anos de casamento, o marido tinha ido ao Brasil e no regresso a Lisboa foi "tomado cativo pelos mouros", os quais o levaram para Argel. Segundo a mulher, o marido escreveu-lhe duas vezes de Argel: uma dizendo que ela o resgatasse comprando um cativo turco, outra dizendo que tal já não seria possível porque iria partir para Túnis. Como entretanto, nove anos depois, lhe tinham garantido que o marido morrera em Túnis, a mulher voltou a casar, agora com Francisco Antunes, igualmente homem do mar. Passaram-se onze anos, e foi então que recebeu a carta aqui transcrita, que reconheceu "pela forma", se bem que o marido não soubesse escrever. Madalena Francisca separou-se então do segundo marido e apresentou-se voluntariamente à Inquisição. Foi absolvida.

Support uma folha de papel dobrada, escrita no rosto e no verso do primeiro fólio
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection inquisição de Lisboa
Archival Reference Processo 1171
Folios 7r-v, 8v
Transcription Ana Rita Guilherme
Main Revision Rita Marquilhas
Contextualization Ana Rita Guilherme
Standardization Ana Luísa Costa
POS annotation Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Transcription date2008

Sentence s-5 Aguora eu darey Comta de mynha myzeravele vyDa q Depoys q Party d argel vay 18 Anos q estou demtro De uma guale Com huma grosa Cadena Ao Pe Pasamdo tantos trabalhos e myzeryas q em Carta não volo Poso relatar Com trabalho emfenyto q nen de noute nem de dya tenho tenho una ora de desCamso morto de fome e de sede e de rouPa mal bystydo e ao Cabo de tudo Com emfenytas bastonadas q de Comtyno não faltam em gualera
Sentence s-6 Comtudo dou grasas A deos noso snor Por tamtas merses q me fas A tamtos Anos em darme Pasyensya Pera levar e rezystyr A tamtos trabalhos e estar vyvo Ate aguora semdo morto ja neste mundo Pera Comvosquo Pero Com esPeramsas em deos noso snor em A vyrgem samtysyma de darme lybertade e de verme Comvosquo Amtes da morte
Sentence s-7 Poys não me da Pena meu Cautyveyro e trabalhos Pois Alfym sou omen Pera quem os trabalhos sam feytos em este mundo
Sentence s-8 o q symto e não ter novas vosas e da jemte de nosa obryguasão e Caza
Sentence s-9 Portamto vos Peso yr d alma Poys q foste tamto mal Afortunada Commyguo q seja Posyvele q não aChaste em esa sydade alguma vya Por omde me esCreveres o levamte Avendo tamtos Cavaleyros desa sydade em malta q Por sua vya me madares novas vosas q e A mylhor v vya e segura Por domde me Podes esCrever
Sentence s-10 E não Cudes Porq estou em torquya q não tem remedyo mynha lybertade
Sentence s-11 Portamto vos Peco q se temdes Posovelydade e quem vos ayude A resguatarme Podeys fazer remetemdo a ordem Por vya do snor joão de don joão de souza de vasComselos Comendador das Comemdas de santarey AlCayde mor de Palmela Porq o dyto snor A remetera a malta frey jaComo Pra Loureyro Camareyro do grão mestre de malta natural de vyla do Comde q tem resPomdemsya Com o snor dom joão de souza de vasComselos q Por esta vya ve Por menos guastos
Sentence s-12 e de tudo o q Podes fazer Por mynha lybertade avyzayme
Sentence s-13 esCreveme Por vya do dyto snor Porq eu ya seguira Por vya de malta
Sentence s-14 manday me muntas novas vosas e de toda a yemte de nosa obryguasão e Caza dos q são vyvos e mortos Poys fyquo des aguora Com os olhos em o seo esPeramdo novas vosas
Sentence s-15 o Portador desta e omen de setuvele Chamado manoel rodrygues Cazado em matozynhos
Sentence s-16 olhay se Podes falar Com ele se deos o levar a salvamento a esa sydade q ese vos dara muntas novas de mym e de mynha myzeravele vyda
Sentence s-21 A frco guasPar se esta vyvo emCaresydas lembramsas mynhas q não lhe esCrevo em ParteCular Por não ter temPo de o fazer

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