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Maarten Janssen, 2014-

CARDS1027

1758. Carta não autógrafa de Rosa Maria Egipcíaca, escrava forra, para Maria Teresa de Jesus, mulher de lavrador.

SummaryA autora agradece a sua carta de alforria. Escreve longamente sobre assuntos de devoção e pede no final uma esmola para fazer um ramalhete para pôr nas mãos da Virgem.
Author(s) Rosa Maria Egipcíaca
Addressee(s) Maria Teresa de Jesus            
From América, Brasil, Rio de Janeiro
To S.l.
Context

Há três fontes documentais e uma monografia que permitem contextualizar a personagem histórica de Rosa Maria Egipcíaca, bem como o círculo em que se movia: trata-se dos processos 2901, 9065 e 18.078 da Inquisição de Lisboa, arquivados no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, e uma monografia da autoria do antropólogo Luiz Mott (Mott, L. 1993. Rosa Egipcíaca, uma Santa Africana no Brasil. Bertrand Brasil). As pessoas envolvidas nos processos 2901 e 9065 enquanto réus são Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz, escrava forra (natural de Ajudá, na costa de Benim, África, de etnia courã e residente no Brasil), o Padre Francisco Gonçalves Lopes (português, residente no Brasil) e o Padre João Baptista de Capo Fiume (italiano, residente no Brasil). Os primeiros dois conheceram-se em São João del Rei (Minas Gerais), ainda Rosa era escrava. Segundo o seu testemunho, em 1748 converteu-se à vida religiosa guiada pelo Padre Francisco Gonçalves Lopes e abandonou um passado de prostituição. Afirmou à Inquisição ter sentido “invasões espirituais malignas” e ter sido exorcizada pelo padre. Alguns acontecimentos foram contribuindo para a crescente má fama de Rosa e para a desconfiança das autoridades em relação a ela. Em 1749, numa igreja, estando Frei Luís de Peruggia a discursar, Rosa levantou-se e gritou algo sobre os demónios presentes no local, caindo depois no chão. Foi imediatamente exorcizada, mandada prender pelo bispo e açoitada no pelourinho da praça pública, episódio que a terá deixado paralisada do lado direito. Depois disso não havia quem a confessasse e Rosa pediu uma audiência ao bispo de Mariana para provar a sua sinceridade. Foram feitas provas de exorcismo na presença de vários sacerdotes, mas a escrava não conseguiu convencê-los de que estava possuída. Vendo o seu desespero, o padre Francisco Gonçalves Lopes convenceu Pedro Rodrigues Arvelos ‒ um lavrador amigo de ambos – a comprar Rosa à sua proprietária, e assim a escrava foi trocada por um “moleque”. Em 1751, Rosa e Francisco Gonçalves Lopes decidiram ir para o Rio de Janeiro, dada a sua fama de "velhaca" em Minas, e segundo o testemunho do Padre Filipe de Sousa, próximo dos réus, porque quiseram fugir a um possível julgamento de Rosa. Foram vivendo em casa de amigos do padre e a escrava mudou de nome, acrescentando-lhe "Maria Egipcíaca da Vera Cruz". Em 1751, Rosa aprendeu a escrever com Maria Teresa do Sacramento. Há dois documentos originais da sua letra nos processos da Inquisição, ao lado de muitos outros de que foi autora mental por os ter ditado à sua mestra de escrita. O seu director espiritual passou a ser Frei Agostinho. Em 1754, Rosa, o padre Francisco, frei Agostinho e alguns patrocinadores fundaram o Recolhimento de Nossa Senhora do Parto. O bispo do Rio de Janeiro, Dom António do Desterro, nomeou como primeira regente Maria Teresa do Sacramento (de 28 anos, natural de Lisboa), embora fosse Rosa a verdadeira responsável pela instituição. O Recolhimento seria destinado "a mulheres pecadoras que nos confessionários diziam que tinham ofendido a Deus por não terem casas para morar" (p. 42 do livro de Luiz Mott) e teve diversas recolhidas de várias idades. Maria Teresa não se sentiria como total regente, e, juntamente com Frei Agostinho cujos exorcismos não resultavam com Rosa, denunciou a africana ao bispo pelo seu comportamento estranho. Isto porque Rosa continuava com frequentes ataques e desmaios, chegando a agredir e maltratar quem estivesse por perto, necessitando de muitas atenções e diversos exorcismos, descritos por algumas testemunhas do processo inquisitorial. Frei Agostinho deixou de ser seu director espiritual, também por ter adoecido, e foram nomeadas outras pessoas para essa função. A fama de Rosa agravou-se também porque, estando numa igreja a assistir à missa, viu que estavam duas senhoras a conversar e avançou sobre elas. Destas duas pessoas, uma pertencia à elite do Rio de Janeiro (Dona Quitéria), o que fez com que, por ordem do bispo, Rosa fosse expulsa do Recolhimento de Nossa Senhora do Parto (1758). Dificilmente a ré se livraria da fama de embusteira, mas para que Rosa não recebesse nova sentença de açoites ‒ que teria, como escrava -, pediu a Pedro Rodrigues Arvelos a sua carta de alforria, e tornou-se liberta. Nos sete meses seguintes, Rosa viveu em casa de uma amiga, e depois na casa do padre Francisco Gonçalves Lopes, anexa ao Recolhimento. Entretanto, ficou como seu director espiritual Frei João Baptista, e durante este tempo Rosa disse ter a premonição de um dilúvio. Houve alguma expectativa em relação a esse acontecimento e, quando ele se deu, cresceu ainda mais a sua fama. Voltou a entrar para o Recolhimento sem explicação aparente (mas como na época o bispo estava doente, pode ter havido um aproveitamento da sua debilidade). No ano de 1759, as quatro filhas de Pedro Rodrigues Arvelos e Maria Teresa Arvelos entram para a instituição (Maria Jacinta, de 13 anos, Faustina, de 16, Genoveva, de 19, e Francisca Tomásia, de 11). Rosa era motivo de adoração, tal como as suas relíquias (dentes, sangue, cabelos, cartas, roupas e saliva, com que se faziam bolinhos para alívio das meninas que sentissem maus espíritos). Chegou-se a mandar fazer um retrato de Rosa para ser adorado na igreja, mas a Inquisição nunca o conseguiu encontrar. Já em 1762, a 22 de Janeiro, Dom António do Desterro pediu que Rosa e o padre Francisco Gonçalves Lopes fossem presos por culpas de heresia formal. Coube ao Promotor do Juízo Eclesiástico local, Dr. António José Correia, formalizar o auto de denúncia, levando a portaria a casa do Padre António José dos Reis Pereira de Castro (principal representante da Inquisição no Rio de Janeiro), que tinha sido já quem ordenara a sua anterior expulsão do Recolhimento. Não há indicação da causa de uma acusação formal repentina, mas, segundo Luiz Mott, seria por Frei Manuel da Encarnação ter sido eleito em 1761 Vigário Geral, e ter sido ele um dos que pressionaram o bispo para que punisse Rosa na altura do incidente com Dona Quitéria. Ao todo foram ouvidos no Rio de Janeiro doze homens e sete mulheres, sendo o primeiro o Padre Francisco Gonçalves Lopes, que relatou episódios passados com a ré, mas sem a acusar. No entanto, a maior parte dos testemunhos foram incriminatórios e o comissário declarou haver fundamento para um mandado de prisão, que foi dado a 4 de Fevereiro de 1762. Mais nove testemunhas foram ouvidas até ao dia 13 do mesmo mês, também elas maioritariamente incriminatórias. No dia 20 começou o interrogatório a Rosa, e o padre acabou também por ser detido a 8 de Março do mesmo ano. No dia 6 de Março, Maria Teresa Arvelos apresentou-se ao inquisidor e entregou-lhe 55 cartas que ela e seu marido tinham recebido em São João del Rei (26 ditadas por Rosa, 22 do Padre, 4 de Maria Jacinta e 3 assinadas por Faustina, ambas filhas dos Arvelos), bem como um manuscrito que relatava algumas visões da ré. A 12 de Março foi a vez de seu marido se apresentar, procedimento comum na época, pois quem tivesse relação com um réu auto-incriminava-se, já que os arrependidos ou confessados podiam ter a condescendência do Tribunal do Santo Ofício. Rosa e Francisco Gonçalves Lopes estiveram presos durante um ano seguido à espera de ordens de Portugal. O único bem confiscado ao padre foi inexplicavelmente o seu escravo Brás, que por causa das acusações contra seu senhor também foi preso. Foi leiloado em Agosto, e do processo consta o "Auto de Arrematação do Mulato Sequestrado do Padre Francisco Gonçalves Lopes", que foi vendido por 510 réis. A 1 de Março de 1763, o escrivão deu os autos como conclusos, pois da parte da justiça do bispo já não se poderia actuar. A 29 de Março do mesmo ano, o Comissário António José dos Reis Pereira e Castro determinou a remessa dos presos para o Tribunal do Santo Ofício de Lisboa. As despesas da viagem foram pagas com o dinheiro conseguido com a venda do escravo Brás. Chegaram a Lisboa a 2 de Agosto de 1763 (a viagem terá demorado cerca de três meses) e foram encaminhados para os cárceres da Custódia. Foram revistados e o que confiscaram ao padre foi: uma caixa de tabaco velha de prata, um breve de marca com seu cordão, tudo em ouro, um garfo e colher de prata, 60 réis e um lenço com um embrulho de papéis. Ainda nesse dia foram transferidos para os Cárceres Secretos. A partir de 19 de Outubro, Rosa foi ouvida, mas o padre adoeceu, de modo que passou um ano até ser interrogado pela primeira vez. Na sala de audiências estariam o réu, os guardas que controlavam as saídas, um inquisidor e um notário. Rosa teve seis sessões de interrogatório muito espaçadas, que decorreram até 4 de Junho de 1765 (ano dos seus 45 anos) ficando sempre presa no cárcere inquisitorial. A Mesa pediu que todas as onze testemunhas do Brasil voltassem a ser inquiridas e que se encontrasse o terceiro réu do processo, Frei João Baptista de Capo Fiume. Mandou também que se procurasse o retrato de Rosa que era adorado no Rio. Quanto a Frei João Baptista, o familiar responsável disse ter procurado o sacerdote, mas os que o conheciam disseram que tinha voltado para Itália (terá falecido em 1786, em Bolonha, no seu convento, aos 74 anos). Quanto aos interrogatórios feitos ao padre Francisco, esses tiveram início a 29 de Março de 1764. O réu tentou desresponsabilizar-se alegando que tinha sido enganado por Rosa e pelo crédito de que ela auferia, enquanto santa, da parte de sacerdotes com posição hierárquica superior à sua. Entretanto, descreveu no processo as experiências vividas com aquela ré, chegando inclusivamente a relatar um episódio em que Rosa o terá tentado seduzir. A Mesa conclui que o réu seria culpado, suspendeu-o de confessor e de exorcista, obrigou-o a orações diárias e condenou-o a cinco anos de degredo em Castro Marim. Permitiu, no entanto, que continuasse a celebrar missa. A 24 de Março de 1766, o sacerdote partiu para o degredo, mas o facto de ter adoecido em Castro Marim levou a que lhe fosse autorizada a transferência para a sua Beira natal. O processo de Rosa ver-se-ia prejudicado pelas novas audiências às testemunhas do Brasil, na sua maioria desfavoráveis à sua libertação. Este processo termina com um escrito de Ana do Coração de Jesus (rapariga recolhida no Rio de Janeiro) com acrescentos ao seu depoimento.

O processo 18.078 consiste na minuta da certidão da fé de notários e auto de falecimento da ré Rosa Maria Egipcíaca e nele pode ler-se: "Em o dia de hoje doze do prezente mez de outubro do prezente anno de mill setecentos e setenta e hum fomos ambos chamados aos carceres secretos desta inquizição e indo em companhia do guarda António Bapstista e dos digo que serve de Alcaide do Medico e mais guardas ao carcere da cozinha nella achamos hum corpo morto que reconhecemos ser da preta Roza Maria Egisiaca contheuda nestes auttos na qual se achava preza aqueles ditos Medico Alcaide guardas nos foi dito que ella tinha falecido de sua morte natural originada de varias molestias que padesia complicadas com achaques e que for a vezitada pelo nosso medico e cerurgião administrandoselhe varios remedios neçessarios para a dita enfermidade e recebera o sacramento dascensão de que se pasou esta certidão que asinamos em os ditos doze do corrente mez de 1771 Manoel Ferra. De [Mez.]".

Support uma folha de papel dobrada escrita nas quatro faces.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa
Archival Reference Processo 14316
Folios 42r-43v
Transcription Ana Guilherme
Main Revision Rita Marquilhas
Contextualization Rita Marquilhas
Standardization Sandra Antunes
POS annotation Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Transcription date2008

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J M J A Joaquim

Minha mto amada e querida Snra Maria Thereza de yezus estimarei q estas Limitadas Regras achem a vmce asestida de hũa tão felis saude e toda esa nobre Caza Como eu a deos peso a ma o prezete he boã deos Louvado e a ofereso ao serviso e dispor de vmce me perdoi a Comfiansa q tomo pa fazer esta; agradeso a vmce mto a Lembransa q de mim tem nas Cartas q escreve as minhas filhas o não esCrever a vmce Carta apartada he porq esCrevo a vmce junto Com meu snor sobretudo agradeso a vmces mto e mto o mandarme a Carta da ma Liberdade não porq eu queira ser Liberta porq sempre me Conto no numero dos meus praseiros e quero q vmces tãobem me Conte e os meus santicimos e amabelicimos Corasois e o divino menino Jezus da priunsicula he q de pagar a Vmces e Remunerar tudo pelos meresimtos do seu Santicimo Coração eu Ca vou andando na Campanha junto Com meu Snor jezus Christo pa Comquistarmos almas pa o Ceo, dizem q eu eu estou sumida O provera a Deos q eu ja estivera sumida nas emtranhas de meu Snor Jezus Christo e q o meu padre dezaparesera asim sera q esteja dezapareçido dos olhos dos malevolos e esteja patente nos olhos de Ds e da Snra Santa Anna vmces não sejão faseis em dar ouvidos e Creditos os demonios porq os q levão la esas noticias são Correios dos dedmonios eu por mim me alegro mto Com as imfamias e Calunias q se pom na minha vida porq duas Castas de gente hũms q servem a deos outros de qm deos se serve : pa perseguir os seus eu bem sei que a mentira tem azas e avóa mto Longe e he direita e a verdade he Coixa a mentira tem mais agazalho e emtrada nos Corasois humanos e a verdade tem menos Lugar mas ela vem devagar mas qdo Chegár, a mentira dezaparese e ela fica snra do Campo asim espero q Suceda nas obras de meu Snor da imfamia e do veneno q nela se bota bem sei q vmces vivem asustadas do q Respeita as meninas pois vmces não fião nada do meu Pe francisco Coando iso asim fose; o q tem havido he commigo e com meu Snor pa maior Realse das suas mizezericordias tudo asim he necesario pa maior grandeza do seu amor Repare vmces bem q são mtos Cães q Ladrão e nenhum pode morder e atão he verdade q tem outrem q dominão sobre eles de maneira os não deixa Chegar a sua obra e antão eles todos furiozos Rodeão as obras do Snor e Latem e porCurão os homens por seus validos pa sua sizania e embustises eu bem sei q qm esta de Longe ouve mentiras qdo La chegão emfeitadas e Crém q asim he mas qm tem feé e Cre q as obras grandes do Snor Sempre forão perseguidas não da Credito mas vmces deichãose Cahir nesa tentasão porq o instrumento q trose he vil q sou eu e o meu Pe Franco sendo menistro he pobre pa Com o mundo e mto Rico pa Com deos pois o Snor o escolheo e lhe emtregou o seu gado pa vmces terem maior fee vejão se neste Rebanho tem algũas pesoas grandes e sabias senão pequenas e ignorantes vejão q os grandes do mundo imitadores de Lucifer na falsa siencia se algua nada Comnosco todos nos abominão o pequeno povo segueno a ele asim Como os Anjos pequenos seguirão a Lucifer qdo despenhara do Ceo pa o inferno aLevantem vmces o emtendimento e ponderem no nacimento de deos menino no prezepio vejão se estão algũas pesoas grandes do mundo adorandoo excto os tres os Reis q vierão de mto Longe adoralo Levantem o emtendimento e ponhão em o apostolado do Snr e vejão se o Snor Levou La algum homem grande do mundo exceto são Bertholameu q os mais todos herão pobres pesCadores e humildes Levantem a Considerasão e vejão se houve Mestre no mundo ou ha de haver Como hum Ds homem emsinando os humildes e fugindo dos grandes; todo o seu negocio he proCurar os piquenos pa quebrar a Cabesa da Soberba dos grandes vejão se houve naCimento ou ha de haver Como o de hum Ds humanado feito homem pois Snors Como nace este Snor em tanta vileza e baixeza Sera por não haver no mundo palacios a Sua Satisfasão sera sendo ele qm he sim porq os nosos Corasois he q ele quer por Caza e as nosas almas por palacio e as nosas por trono e as nosas emClinasois e afectos por Anjos e Serafins q o Louvem e o adorem e os nosos dezejos por Servos q o sirvão e a nosa feé por agrado q o ame e a nosa esperansa por maxima q o siga e a nosa Caridade por fogo q o aquente q ele esta tremendo Com frio e a nosa vontade por afecto e Caricia q o agalante q ele he menino Chorando; e Como os piquenos são pobres de espirito Com asistencia da sua divina grasa podem de milhor vontade dar a ele esta gloria aCidental q he de seu maior agrado por hiso he q ele busca os humildes e pobres peCadores Como a mim o sahir eu de caza não foi efeito das Criaturas mas sim dele porq ja havia dois annos q ele me tinha dito q eu houvera de sahir do Recolhimento mas q primeiro havia de morrer pa ResuCitar e Com efeito asim me sucedeu e lhe perguntei tãobem Como hera esta ResuCitasão Respondeume q hera ResuCitar da morte da culpa avida da grasa e q o mesmo socediria a todos aqueles q Com veras me Chamasem mai e qdo Chegou o tempo da ma sahida me dise ele eu sou o Capitão general do teu exzercito andai vamos eu quero hir tirar Listra daqueles q andem habitar debaixo da bandeira da ma Crus, e quero sahir o Campo do exzercito Combater Contra Lucifer porq eu venho buscar Corasoins Comtritos e humilhados; dito isto houvi Logo hũa vos dezafiar Liçifer dizemdolhe eu estou aqui o q queres de mim; eu estou aqui preza e atatada a meu Snor se algũa Couza queres de mim ele he Capitão general do meu exzercito tudo isto houvi na novena do noso Pe São Franco q estava fazendo; e Logo sem que nem pa que moveuse o Comfesor Contra mim q foi qm ele foi buscar pa instrumento e taobem me trose hũa mosa ilhoa dizendo q se queria Recolher e esta trouse todos os diabos Comsigo q asim Como emtrou não quis Renderse a obidiensia nem do padre Comfesor nem da irmaã Mestra não da irmaã Regente dizendo q vinha pa governar e não pa obedeçer e desta sorte se forão dispondo as couzas no dia do santicimo nome de maria fomonos Comfesar depois q Recebi o Snor houvi hũa vos q me dise não quero neste Rebanho amor fidalgo senão amor maquaniquo eu q houvia isto fiquei toda Confuza e não sabia o porq se me dizia isto Chegando a noite fomos pa nosa Reza moveu o Snor a sua justiÇa sobre nos q nos vimos no inferno hera tanto o susto e o temor entre nos q não sabiamos o q fizeçemos todas proCuravão a deliCuente pa fazerem nela a exzecusão as pequeninas gritavão Snor Ds mizeriCordia; os Corpos das Criaturas voavão e todas me vinhão ter Com o meu Pe e Comigo porq nos he q a estavamos amparando Com as Imagens Rezando e pedindo a Ds soCorro por ela Ma Snra foi tal a Comfuzão q tivemos por espaso de sinco dias q ja tinhamos medo de Rezar as Criaturas todas não dormião nem socegavão sempre estavão em e algũ boCadinho q se emCostavão estavalhe o Corpo tremendo e Combatendo Com a furia dos demonios A Snra se o Juizo feito no Corpo das Criaturas he tão horendo q fara sozinha no dia universal e na hora da morte emfim Snra tudo em nos herão lagrimas e sospiros e se acazo ela se não Retira Com sua ainda havia de chegar a mais; depois de se por fora moveu toda junto Com os demonios e junto Com o mais q vmce bem sabe amasada Contra mim e Contra o meu Pe e desa sorte se estendeu a mesa emfame pa se Cozinhar no forno dos Corasoins de Cada dos fieis, dis o Snor q qm bem tomar bem ficara e qm mal tomar mal ficara isto he Comforme Cada julgar a sentensa da ma Cauza q qm julgar bem bem ficara e qm mal julgar mal ficara porq não julgão Contra mim julgão Contra si proprio diseme mais q eu disese a vmces q eu hera muro de girico na defeza e q era espada de Cedeão na guerra e q era patriarCha Joze do Egito na Constancia e q os meus irmãos hão de adorar o seu santicimo Corasão asim Como fizerão os irmãos de joze por sonho estraordinario q ele sonhou sendo o sonho seu lhe tommarão aborecimento athe q o vierão a vender mas q o sonho se veviricou porq depois o vierão adorar Reconhecendoo por seu Rey q hiso mesmo dizia agora q a Respeito de mim pa mor do seu Coração e q asim Como agora o povo todo hera Contra ele q despois todos lhe hão de obedeser dise mais q lhe diçese a vmces q ele he o soberano medico q vem Curar; e o ser a gente de caza toda vexada q he porq ele vem Curar as emfermidades da alma e não do corpo porq tendo a alma saude o corpo tãobem a ha de ter estando eu Considerando nisto lhe perguntei porq se alargava mais Com vmces do q Com outras Criaturas me Respondeu q na vertude da caridade taobem : Ds devia obrigasois as suas Criaturas aqueles q a exzercitavão por seu amor e Com isto não emfado mais a vmce asim asim aseite vmce mtas saudes minhas q eu bem dezejo de a ver antes de eu partir deste mundo porem Como não pode ser terei paçiencia vmce me de Lcas a toda a gente de caza e ao Snr Pe Joze mas saudes q me deite a sua Bensão e q se não esquesa do noso ajuste Ds Gde a vmce ms a em seu Sto Serviso:

27 de 7bro de 1758 De Vmce Escrava mais humilde e obidiente q mto e mto a ama e venera Roza Ma Egyciaca da vera Crus

Agora peso a vmce hũa esmola em louvor dos meus amanticimos Corasoins ainda q seja valia de vimtem ou de Rs q he pa fazer Ramalhete pa por nas mãos da vir virgem da Conseisão no altar donde foi a aparisão dos meus Stos Corasois he agrado de Ds q eu o fasa asim peso a vmces esta esmola peso o Sor felis a Snra Anna ma peso a Snra maria jacinta peso a Snra genovena ainda q ela de nos não quer nada Ds lhe ponha a vertude isto he pa q todos sejão participantes da pas ETerna q o Snr permeta a todas q derem esmola para esta obra


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