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Maarten Janssen, 2014-

Visualização das frases

1602. Cópia de carta de João Nunes Baião para Isabel Mendes, sua mãe.

Autor(es) João Nunes Baião      
Destinatário(s) Isabel Mendes      
In English

Copy of a family letter from João Nunes Baião, a prisoner by the Inquisition, to his mother, Isabel Mendes.

The author asks for books, food and medicine to be delivered to him in prison and help him get by.

Thirty of the letters exchanged between Isabel Mendes and her son, João Nunes Baião, imprisoned in Goa since 1600, were seized by the inquisitors in 1603 and included in the proceedings against the mother. Isabel Mendes had written five of them, and her son, the other twenty-five. A complete net of servants and slaves had contributed to the correspondence exchange. After the system was discovered, Isabel Mendes was arrested and the letters were transcribed by the Goa Inquisition and sent to Lisbon. The cipher that some of them exhibited was replaced by alphabetic expressions.

If there is no translation for the letter itself, you may copy the text (while using the view 'Standardization') and paste it to an automatic translator of your choice.

Texto: -


[1]
Bem sei q me he vm melhor mãy do q eu lhe sou fo, pois ate esta Idade não prestei pa mais q pa a enfadar solto, e des-honrar prezo,
[2]
e pareçe q querem meus peccados q eu ande desfazendo em nossa honrra, o q os outros fazem, pois aqui renovo chagas velhas,
[3]
e cuidar nisto me aqui mta pena,
[4]
o q Ds remedee, pa q fora daqui com sua aJuda restaure tudo.
[5]
E a VM seja o q te gora não fui,
[6]
bem sei o q per mỹ terá feito, e o q deseja fazer, e alembrei quem poderia fa-voreçerme
[7]
Não dei nẽ de falar ao Crasto.
[8]
A cozinhra recea mais do q deve, perq eu sei q tudo o q puzerã na bandeja me darão, sem preguntar nada, ainda ainda q sospeite o velho q vemde llá, perq assi mo dão a entender.
[9]
Mas saiba eu da Saude Saude de VM, e o mais não tenho
[10]
de que está doente me diga Minha snora
[11]
Do Natal pa qua vi algũas vezes hũa conser-va ralada q conheçe, mas veome em migalhas, e a conta da minha Ração,
[12]
E assi foi hũs bocados, perq a conta de hũa Ração pedi algũ doçe per o desejar, e mais folguei com a ralada,
[13]
Hũa Lima q nẽ era pouco fermoza me derão per hum pão q pedi antes da quaresma
[14]
melhor o faz a moça q de mto recado, e per tal a namorara se pudera,
[15]
e per isso lhe chamarei dama que lhe estou mto obrigado,
[16]
pessalhe q me dee mais papeL mtas vezes, perq assy como este veo vem bem,
[17]
e delho VM E tudo o q lhe fizer bem empregado,
[18]
E q tanto q achar o meu esCrito me faça sinaL com algũa folha verde Inda q seja de figueira no pão per me tirar de cuidados,
[19]
e folgara de saber per onde sabe ella de minha saida daqui, perq eu assi o cuido perq corrẽ comigo despois q veo a nao, mas fazẽme espantar medos, pello q he tempo de me enco-mendarẽ a Ds, e a virgem principalmte, a q está en sancto Amaro com algũa missa.
[20]
Minha Irmã sua vizinha,
[21]
E ao Spirito Sancto q me consoLação, paçiencia, esperança E constancia, e me livre das tentaçõis do Demonio q me quer deitar a perder de todo,
[22]
e agora mais ao cabo me tras cuidados pa desesperar, perq me acha Imaginativo, e fraco, E ociozo,
[23]
e per isso Roguei a meza q mandasse Ler per hum Livro
[24]
diz q sim
[25]
se forẽ delhe Livro maior de todos Latino de couro q tem no principio esta palavra, catalogus, em Letra grande, perq emquanto Ler não imaginarei.
[26]
mas não sei se mandarão per elle.
[27]
portanto se esta minha dama poder darme esta consoLação de Livrinho Latino preto comprido E estreito E estreito Ja velho q tem hũas pastas, E largo de quatro dedos, q de oracõis, e tem no principio esta palavra, me parece, orationes, agradecerlheei mto.
[28]
Imaginei q podia vir no prato cuberto de arros: ou d outra manra antre dous pãis des-miolados,
[29]
se digo mal perdoeme perq o desejo me faz isso,
[30]
E se per erro vier outro per elle não me pezaria.
[31]
pera isto era bem o Bicho, e mais perto, E quasi de mão a mão, e pera tudo era proprio,
[32]
mande saber delle per amor de Ds.
[33]
Mais Livros espera-va eu de portugaL, e hũs versos q mais estimara
[34]
espero em Ds, e na virgem dos Remedios de ver, e gozar de tudo mto çedo;
[35]
Bem podera ser mais Largo o seu pois sobejou campo, e dizerme das minhas fazendas, e amigos e o mais.
[36]
Bem sei q não tive maior Amigo q o pe per sua virtude sem meus mereçimtos, mas folgara de saber dos outros, e ainda dos inimigos se puder ser,
[37]
E como passou o fradinho com o q lhe fiz pa as indoenças, o pe o sabera.
[38]
Pezame da sua doença, mas sera acustumado dos companhõis
[39]
Mandeo vizitar, e q me ajude com suas oracõis.
[40]
Não deixei de espantar de tardar tanto o meu antes de ir q farão mais de quinze dias,
[41]
per isso ao menos saiba eu q passou bem
[42]
da-quella snora q está en sancto Amaro sou mto devoto, e servo,
[43]
ella o sabe
[44]
Lembrẽlho per mỹ.
[45]
Da cabeça q me doe mtas vezes me acho maltratado, e achome bem com o bom cheiro.
[46]
Minha Irmã me mande algũa pastilha, ou outra couza se puder ser, pão, e pão de tinta de china, q inda se achara algũ en Caza meu.
[47]
per agora não digo mais senão q fiquo esperando A mãy de Ds, E as consoLaçõis, e bons conselhos de VM a quẽ Nosso sor dee a saude, e vida q lhe eu desejo, e peço, e me encomendo en sua benção
[48]
oje vespera de s Joseph.
[49]
Mandeme hũa Roza en sinal de ver esta

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