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Maarten Janssen, 2014-

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1823. Carta assinada sob o pseudónimo de António Chuço e enviada a João Farinha Relvas, lavrador.

ResumoO autor ameaça de morte o destinatário caso este não entregue 15 moedas para livrar um preso da Cadeia do Limoeiro.
Autor(es) Anónimo17
Destinatário(s) João Farinha Relvas            
De Portugal, Lisboa
Para S.l.
Contexto

Esta carta está acompanhada de uma participação da polícia, enviada ao Intendente Geral, com o seguinte teor (transcrição modernizada): "Poucos dias depois que chegou ao Limoeiro o famoso João dos Reis, cujas culpas remetia VSa. com ofício de seis do passado mês de dezembro, veio no Correio de Lisboa a carta inclusa, que remetto a VSa. E vinha dirigida ao Capitão João Farinha Relvas. A dita carta, por certo que é obra do mencionado João dos Reis, não só por ser da terra daquele Farinha, e por isso muito conhecido, como porque a Mãe a procurou no correio, e foi immediatamente à sua chegada ao Limoeiro; e até porque esse António Chuço, em nome de quem se diz feita, constou-me que já morrera, e nunca se disse que passara ao Alentejo para ter conhecimento individual do lavrador Farinha, que vive bastamente assustado, e em muito segredo me entregou a Carta. VSa. mandará o que for servido."

A forma de extorsão aqui documentada representa uma prática que se tornou característica da cadeia do Limoeiro no primeiro quartel de Oitocentos e cuja amplitude em muito beneficiou da instabilidade política e social associada aos primeiros anos do Liberalismo e da ambiência generalizada de vulnerabilidade e suspeição.

Suporte meia folha de papel dobrada escrita nas três primeiras faces e com sobrescrito na última.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra M, Maço 1, Número 6, Caixa 2, Caderno [2]
Fólios [17]r- [18]v
Transcrição Cristina Albino
Revisão principal Cristina Albino
Contextualização Cristina Albino
Modernização Clara Pinto
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2007

Texto: -


[1]
Amo
[2]
Logo que VSa esta reseba mandara a lisboa o lemoero Cadeia d Cidade entregar o prezo Andrade que he me conpanheiro e amanda 15 moedas q he pa o seu livramto as quaes eu sustento que VSa as receba no fim de Janeiro
[3]
eu sou o Anto Chuço de Trancozo capitão de quadrilhas e partidas
[4]
veja VSa no que se mete sem falta a descobrir este negoçio que lhe juro de lançar fogo e arazar qto tenha
[5]
e qto gado tiver he morto
[6]
e VSa e a sua familia o pagarão o nas minhas maos o do meu segundo Capitão Taborda e meos camaradas
[7]
agora veja o seu bem pois eu conto com VSa sem falta
[8]
veja se me falta que o meu Camarada que o pediu que esta em prigo
[9]
VSa comego não perde
[10]
mande VSa não ir cesta feira que vem e qm for a cadea levar o prezo o dinheiro que va as ceis horas da tarde e que logo que entre no largo do Lemoero que se va centar em hum dos Frades de pedra que estão pegados com as escadas do lemoero e deles se não levante sen que o prezo da grade brade 2 vezes o Joze
[11]
[12]
atão se levantara e va entregar o dinheiro o prezo
[13]
e logo que o prezo da grade reseba o dinheiro que se retem pois eu não sou capas de faltar con a paga qdo digo
[14]
o depois não diga mal a sua vida e não chame por deos q lhe não vale
[15]
veja agora o que quer o perder a sua caza ser morto e a sua fama o serverme neste que peço q o não perde
[16]
su criado o Capitão das quadrilhas Anto Chuço 15 de Dezbro 1823

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