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1832. Carta não autógrafa de Luzia Bela do Carmo para Joaquim Alexandre Gravelho, preso.
Author(s)
Luzia Bela do Carmo
Addressee(s)
Joaquim Alexandre Gravelho
Summary
Uma mulher conta ao destinatário, preso em Elvas e seu antigo amante, como padeceu ao longo de uma viagem.
Text: -
8 de julho de Mil de 832 Lavre Joaqm do C
Estimarei q esta te vá achar con pe saude en con
pa de qm tu mais estimares
eu ao fazer desta fico
alguã couza doente, mais não he
couza de cuida
do
estou mto molestada dos pes
en parte nenhu
ma nos quizrão enbargar calvagada
o motivo por
q não trazeamos
guia da sidade
em
montemor en
bargarão foi porq o escrivão teve mta dó de mim
e q en todas as terras todos
dizião q mal empregada
q na flor
da minha edade de me ver de cadeas en cade
as
pois eu a consolação q tenho asim q entro pa as
ca
deas não faço senão xorar da minha sorte
ser tão
enfelis e tudo por morte de ti
queira Ds q esta pri
zão me sirva de emenda
mandote
participar q qdo
xegue
a montemor já não trazia
dinheiro
qm
se lenbra pa uma jornada de des dias darmes 8
tostois d não xegar a
tostão por dia
q foi tanta
a minha enfelicidade q
queria alugar uma ca
valgadura por já não poder caminhar mas tudo
se remediou com alguns encamodos
mas a maeor
paxao q me
aseste é estar olhando as mãos
de
otrem e querer comer e não o ter
i eu vise qdo xe
gaci o pe de ti o dinheiro q me destes não o tra
zia
com qm tens gasto mto gastasses
o pouco q me des
tes
ja me peza não trazer a minha capa pa on
de xagei q me faltou o denheiro
vendela
apezar
q me fas alguma falta mas ja agora pasiensia
farei o
gosto a algumas pessoas q o seu dezejo é verem xeia de
trapos
mas enqto puder
não ei de fazer o gosto a ne
nhuma pessoa
e q eu morro o pe de uma pareide
se a minha prizão for demorada
mas i deos quizer
não á de ser porq todos
me dão boa consolacão
de q a minha soltura ser breve
asim Ds quira
q asim q xegar a Lisboa xamem a vezita q hin
da tenho tensão de ir
a essa sidade
só o q te peso
q eu a não faças motivos o por donde de não me em
xeres os ouvidos conforme os enxião qdo estava
nessa sida
de
q qdo aí xegar primro q fale contigo ei de falar
com outras pessoas pa me dizerem o
teu comportamto
pois na bespra q marxei bem recomendavão
e q as
mesmas pessoas de outras vezes me dizião tudo
e a
gora se me desirem o mesmo podes contar q nem a som
bra tua quero ver
e se te comportares con alguns
sentimtos por mim onde tu
moreres ei de eu aca
bar pois asim o deves fazer de mostrares algum
sentimto por mim porq os trabalhos q estou
pasando só deos
e eu é q sabe e inda o q te
rei a pasar ate q Ds seja servido de me por na
minha liberdade
e o q te
peso q te lenbres
de mim com algum denheiro qdo o tiveres po
is eu de ti o das minhas manas não me
nem caza nen estante
pois
é o q mais tenho na lenbransa
só o q te peso a
sim q corosponderes a cousa me mandes logo dizer
não
me
escrevas sem outro me mandar outra carta po
te mandares dizer en q prizão fico
mais sinto
é não poder ficar numa sala
tudo por não ter
dinheiro pa a pagar
asim irei pa as enxovias
pa xorar mais a minha desgraça mais do q tenho
xorado
se falares
com algũa pessoa da ma terra
não lhe digas as minhas enfiliçidades pa não ir os ovidos da ma
familia por não lhe dar mais
desgosto do q ten
nho tido
com isto te não enfado mais
Luzia q a
vida te dou
ja pa minha consolacão
joaqm só o q te peso q fa
sas algumas pessoas mentirozas q me
dezião q i
marxando dessa sidade q avias de fazer pior
do q tens
feito
asim so o q te
peso é q te lenbres
do q te mando dizer
aseita este coracão sa
udozo
xeio de tristeza
pa mim nada a i de con
solação
depois q marxei dessa sidade
inda os
meos olhos se não enxugarão de me ver tão desgr
açada e lonje da ma
familia q me
parese q ja
não a ei de ver com o mesmo gosto q a via
ainda espero en Ds de te ver e de te dar 1 abra
co
dá saudades A anna q mora defrontes
Saudades o Silverio q não me quis falar qdo vin dessa sidade
as
mas pa conto só a vista terão fim
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