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Maarten Janssen, 2014-

Visualização das frases

[1825]. Carta escrita por Narciso Manuel Antunes, oficial superior de Contrabandos, para António, padre.

ResumoNarciso Manuel Antunes ameaça matar destinatário no caso de ele não lhe fazer um pacto com o demónio e assim o livrar da miséria em que vive.
Autor(es) Narciso Manuel Antunes
Destinatário(s) António            
De Portugal, Lisboa
Para S.l.
Contexto

Narciso Manuel Antunes, oficial da Superintendência dos Contrabandos, e Maria Joaquina, meretriz, foram acusados do espancamento de um clérigo, o Padre António. Narciso Manuel acreditava que o sacerdote tinha poderes sobrenaturais, advindos de contactos com o demónio, conforme era voz corrente na zona de Lisboa onde vivia, à Trindade. Pediu ao padre para o incluir num desses contactos, a fim de se livrar dos seus males. Como o padre recusou, persuadiu um soldado do regimento de Caçadores, António Marinheiro, a acompanhá-lo para o prenderem sob acusação de contrabando. Uma vez conduzido a um descampado, e depois de o padre se ter recusado a «falar com o Diabo» invocando não ser dia próprio para o efeito, agrediram-no de forma continuada. Alertada a polícia, Narciso Manuel Antunes foi detido e condenado a uma pena de três anos de degredo em Cabo Verde

Suporte meia folha de papel dobrada escrita nas duas primeiras faces e com sobrescrito no verso do segundo fólio.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra N, Maço 2, Número 6, Caixa 3, Caderno [2]
Fólios [7]r-v, [10]v
Transcrição José Pedro Ferreira
Revisão principal Cristina Albino
Contextualização José Pedro Ferreira
Modernização Cristina Albino
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2007

Texto: -


[1]
Sr Padre Antonio
[2]
Estimarei que estas duas Regas desfortando huma prefeita saude
[3]
pois eu lhe dou parte que sou hum da suçiadade do seu sobrinho
[4]
a trez Annos que ando eu Disgraçado por amor do seu preceito que lhe pom a Radamanto para não escreturar como Vmce està
[5]
e eu quero hoje ser escruturado em sua Caza quando não he o fim da sua vida
[6]
pois ja basta eu andar aRastado Como eu ando sem ter que Comer e tambem Roto e discalçados pez entrando a Agoa pelo os pez e não podendo Andar
[7]
isto he a maor Mizera em que me vejo por amor de Vmce não me fazer Felis Como Vmce
[8]
olhe pa minha mizera em que ando a trez annos sem poder Alcançar isto que Vmce tem
[9]
pois o que quer eu fasa neste Cazo virame Contra Vmce e chegar os pontos de o matar e ha de de ser hoje o Escriture a mim .
[10]
e não se lembre senão de mim
[11]
quando Vmce andava neste movivmento não deZejava servido nisto,
[12]
pois haja de se lenbra de quem anda aRestado Como eu ando a tanto tempo por amor de Vmce por o preçeito o Real espirito que Redamanto,
[13]
pois espero hoje sem falta Alguma ser Escriturado na sua Caza pa Redemanto,
[14]
pois seja a mim pela sua saude e da sua Irmão pois ja basta de andar Desgraçado por amor de Vmce
[15]
lembrese de quem tem fome e Roto e mal calçado como eu ando e me vejo na ultima mizeria em que me vejo de não ter nada por amor de Vmce
[16]
Lembrese de mim hoje de me escrutura o Real espirito que Redamanto,
[17]
faço a mim e mais niguem pela preçizão em que me vejo e neçidade que estou paçando, Com isto não emFado a Vmce
[18]
Deste seu Venerador N M A

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