Segundo o processo, Gregório José Machado era sombreireiro, filho natural de Pedro Machado e de uma mulher de nome Rosa, casado com Maria Teresa de Almeida moradora no Montinho de Arcos, freguesia de S. Vítor da cidade de Braga. Sendo viva a primeira mulher, casou de novo com Catarina de Jesus, natural de Mazagão. Ao que consta, terá sido feita uma diligência para averiguar a acusação de bigamia, e dela resultou o conhecimento de que Gregório José Machado já teria cumprido dois degredos pelo crime de latrocínio, e que quando voltou do segundo degredo, levou com ele três filhos para Lisboa, onde veio a falecer. Procurando saber em que freguesia ou hospital falecera, descobriu-se que tinha uma filha, Maria Angélica, que disse que o pai costumava escrever-lhe, mas que já não o fazia havia pelo menos quatro meses. Disse também que havia pouco tempo tinha recebido uma carta da irmã Mariana Teresa (a carta que se encontra aqui transcrita), mas que não sabia se era verdadeira ou não. Mais tarde, um dos filhos confirmou tudo, incluindo a morte de Gregório José Machado.
Dentro do fundo do Tribunal do Santo Ofício existem as coleções de Cadernos do Promotor das inquisições de Lisboa, Évora e Coimbra. O seu âmbito é principalmente o da recolha de acusações de heresia. A partir de tais acusações, o promotor do Santo Ofício decidia proceder ou não a mais diligências, no sentido de mover processos a alguns dos acusados. Denúncias, confissões, cartas de comissários e familiares e instrução de processos são algumas das tipologias documentais que se podem encontrar nestes Cadernos. Quanto ao crime nefando e à solicitação, são culpas que não estão normalmente referidas nestes livros.